A personagem do Governo mais divertida é o Álvaro, cheguei a pensar que seria o generoso Macedo que num gesto evangélico decidiu ganhar o mísero ordenado de um ministro mas o ministro da Economia rapidamente se revelou uma verdadeira piadola. Graças a ele ficámos a saber coisas importantes como, por exemplo, que a bandeira portuguesa além de servir para pendurar na janela como nos tinha ensinado o Scolari, também serve para colocar os produtos para que o pessoal lá fora deixe de ter a mania de que os portugueses que os portugueses não são assim tão atrasados e não sabem apenas salgar o peixe como faziam os romanos.
O que seria deste país se o Álvaro não tivesse vindo do Canadá ensinar os indígenas deste país a deixarem de patetices como se tratarem por doutores e engenheiros, um dos símbolos do seu atraso. Sem o Álvaro ainda estaríamos convencidos de que os macacos nasais são comestíveis, ainda teríamos a mania de andar descalços e de guardar o gado no rés-do-chão. Mas tivemos a sorte de ter um Álvaro que foi para o Canadá abrir os olhos e agora veio trazer-nos para a modernidade.
Só o Álvaro poderia descobrir a indispensabilidade de uma linha rápida de transporte de mercadorias entre Lisboa e Madrid, ele viu os comboios a atravessar as pradarias americanas carregados de mercadorias e percebeu o que nenhum de nós ainda tinha visto, a melhor forma de atravessar as planícies do Alentejo e da Extremadura espanhola é de comboio. Está tão à frente do nosso tempo que nem os espanhóis ainda perceberam a inutilidade do combóio para transportar pessoas quando há tanta mercadoria à espera de chegar a Madrid.
É por não termos um combóio rápido de mercadorias que a economia portuguesa não cresce, tal como os espanhóis temos uma imensa rede ferroviária que transporta as mercadorias para as duas capitais ibéricas e depois não há forma de as transportar de uma para outra, acumulam-se nos portos e terminais rodoviários de Lisboa e de Madrid a aguardar que chegue um camião ou um barco que as leves. Graças ao Álvaro a Península Ibérica descobriu que a solução estava no combóio.
Há quase um século que estamos errados, os portos, aeroportos e estradas que construímos são inúteis a melhor forma de levar as mercadorias para Roterdão ou para Paris é mandá-las primeiro num combóio rápido para Madrid.