Um dos traços característicos deste governo é a mania das grandezas, uma das marcas de Vítor Gaspar. O ministro da Economia parece ter medo da sua própria sombra mas gosta de medidas cavalares em matéria de política económica. Daí que as suas medidas são sempre “robustas”, termo que Passos Coelho também adoptou e desde em tão todas as medidas adoptadas por este governo são robustas.
Quando Vítor Gaspar explicou de forma hilariante o tal desvio colossal em busca do qual anda meio governo, chegou à conclusão de que apesar de apesar de Passos Coelho não ter falado em desvio colossal a definição agradava-lhe, isto é, a situação não existia mas a definição soava-lhe bem ao ouvido. Vítor Gaspar já deve andar a pensar na medida ou na situação que lhe vai permitir abandonar o termo robusto para usar o desvio colossal. Para já, mesmo sem desvio colossal, arranjou um imposto extraordinário.
O Álvaro é menos tímido do que o Vítor Gaspar, enquanto o ministro das Finanças se apresenta com aquele ar de puto deixado na roda o da Economia opta pelo estilo Avenidas Novas e começa a ser evidente as influências da banda desenhada, deve ter brincado muito com os Action Men e outros bonecos do tipo super-herói. Leva tanto a sério os seus super-heróis imaginários que já se sente um deles, adora tanto a designação de super ministro que já se designa como tal e descobre que para um super ministro deve ser apoiado por uma super chefe de gabinete. Se calhar o secretário de Estado da Cultura também se sente como um super secretário de Estado e por isso contratou um super motorista que ganha quase tanto como os três motoristas de Passos Coelho juntos.
Até o Paulo Portas parece honrar o seu passado se super fotocopiador, mas desta vez em vez de papelada da defesa vai levar para casa resmas de bilhetes de avião. Ainda mal sabe onde fica o gabinete e já se revelou um forte concorrente de Mário Soares, que ficou famoso por viajar tanto que de vez em quando até estava mesmo em Portugal.
O governo parece ter a mania das grandezas e não me admiraria mesmo nada se nos cursos de psicologia fosse criada uma especialização em psicologia política. Andam todos com visão de olho-de-boi, Passos Coelho vai sempre muito mais longe do que a troika, o Gapar gosta do que é robusto e colossal e o Álvaro é super. Já só nos falta que o Macedo nos venha dizer que depois de ter sido beatificado na DGCI merece a canonização pelos seus super milagres na Saúde.