quarta-feira, agosto 17, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Guadiana junto a Sanlúcar de Guadiana
Imagens dos visitantes d'O Jumento


à espera de um par de sapatos [A. Cabral]
    
Jumento do dia


João Duque

João Duque conseguiu estudar no ISEG e até chegou a ser seu presidente sem ter a mais pequena noção do que são os problemas sociais, o que, de certa forma, não admira, licenciou-se em gestão e doutorou-se no Reino Unido onde estudou os produtos derivados. Mas dizer aos portugueses que não vale a pena contestarem as medidas é algo que nem um pároco de aldeia se lembraria de dizer, quanto mais alguém de cuja formação seria de esperar algum conhecimento dos fenómenos liberais.
 
Bem, já algum progresso em relação ao Chile de Pinochet, o único país do mundo onde se aplicou a receita brutal do Gasparoika, lá quem se manifestasse levava um tiro, aqui é desmotivado pela ciência certeira do João Duque, um conhecido especialista em serviço público na comunicação social.

    
 

 Conheci um bombista por conta própria

«Um pregador entrou-me casa dentro. Aquilo começou por ser um pedido de informação sobre o paradeiro de um vizinho, seguido de um educado convite para a espera pelo procurado se fazer ao fresco, na sombra do quintal onde passo férias. Degenerou, no entanto, num longo monólogo sobre o cataclismo para onde fatalmente se encaminha a humanidade.por Deus estão na origem da "degenerescência moral dos poderosos e dos governados". Só a bondade cristã pode desfazer o nó com que "o consumismo, a corrupção e a ganância" nos atam.

Seguiu-se a revelação: uma excursão a Israel fora um projecto de vida concretizado há pouco tempo, já perto dos magnificamente saudáveis 81 anos que esta visita inesperada ostenta. "Estive em todos os lugares onde Jesus Cristo esteve. Fui rebaptizado no rio Jordão. Chorei como uma criança agarrado à pedra onde O crucificaram", afiança, comovido. "Todos os domingos vou à missa e comungo. Sou assim."

Depois foi um inesperado protesto anticlerical: Deus está em todas as culturas mas o seu nome é ultrajado pelas grandes organizações religiosas, "desde os fanáticos do terrorismo islâmico aos bispos pedófilos" do catolicismo. "Criminosos!", sintetiza, irritado.

A confiança do discursante, face ao meu silêncio condescendente, sorridente e monossilábico, cresce. Passa para a política e, num ápice, o caminho da tolerância divina é esquecido: "Todos os políticos são corruptos." Os governos de todo o mundo "trabalham para os interesses da alta finança, que está longe da economia real e não quer saber dos pobres". "Não é aceitável, não é aceitável", repete.

Vieram os aumentos do IVA: "Isto é um roubo! Os pobres, que não têm culpa, é que vão pagar a dívida monstruosa que estes senhores criaram. As gerações mais novas não foram habituadas a viver na miséria, como a minha foi. E ainda bem! Elas vão revoltar-se! Veja a Inglaterra..."

Já no fim da conversa, sai-lhe a solução final: "Isto só à bomba! Só à bomba!... Deus me perdoe."

Poderá o estimado leitor ou leitora ver algum sarcasmo na minha descrição. Engana-se. À minha frente estava alguém com larga experiência de vida, alguém que procurava ser bom, alguém com valores humanistas , alguém que cultivava o espírito e o corpo. Merecia ser ouvido e merecia que tentasse compreendê-lo.

A ironia, leitor, é outra: de pregador a bombista por conta própria, nos tempos explosivos que correm, vai apenas a faísca do percurso de um curto monólogo.» [DN]

Autor:

Pedro Tadeu.
  
 Que "concertação"?

«Se a experiência continua a ser critério de verdade (com o revisionismo de valores que por aí vai, já não sei nada), não é difícil perceber a recusa do PCP em aceitar o apelo de Passos Coelho no Pontal à "concertação social", conceito ainda mais enigmático na boca do actual Governo que na do anterior.

A diminuição drástica do rendimento dos portugueses (refiro-me a trabalhadores e pensionistas, não aos "25 mais ricos de Portugal", cujas fortunas cresceram com a "crise" para 17,4 mil milhões de euros) através do famoso "imposto por precaução"; o aumento dos transportes públicos; o anúncio de despedimentos fáceis e baratos, num país com centenas de milhares de desempregados; a subida do IVA da electricidade e gás de 6% para 23%; o fim de comparticipações em despesas de saúde dos utentes do SNS, mais o que estará para vir, não são tranquilizantes quanto ao que Passos Coelho entenderá por "concertação social". Sobretudo porque, num país em que o salário mínimo é de 485 euros e a pensão média não chega aos 400, a generalidade destas medidas não foi objecto de qualquer tipo de "concertação".

À luz de tal experiência, a "concertação" de Passos Coelho parece-se mais com a proposta do pote de ferro ao pote de barro para irem juntos aos trambolhões rio abaixo do que com a "justiça social" prometida pelo PSD na campanha eleitoral. No conto popular, o ingénuo pote de barro acaba, recorde-se, despedaçado.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
  

 A "social-democracia" segundo o Alberto João

«O presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, deu ordem de expulsão da sacristia a uma jornalista que estava a cobrir a Festa da Senhora do Monte, no Funchal.

O incidente ocorreu ontem, no final da missa, pouco depois de Jardim ter recusado falar à Comunicação Social.

"A senhora, a mim, não me faz perguntas", afirmou quando viu a repórter. "Ponha-se daqui para fora", mandou Jardim, mas a repórter lembrou que a igreja também era dela. "Não é sua, porque você é comunista; e, mais a mais, saia, que eu chamo a Polícia", ameaçou o líder regional.» [CM]

Parecer:

Começam a ser mais claros os tiques fascistas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento a Passos Coelho.»
 

   








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