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Banco de pedra, aldeia de Monsanto [A. Cabral]
Jumento do dia
Pedro Mota Soares, conhecido no Governo por Pedro
Quando o jovem Pedro foi tomar posse de ministro de lambreta para depois voltar a casa num carro governamental de alta cilindrada ninguém imaginava como ele poderia tornar-se num verdadeiro mago, isto para não cometer a heresia de o comparar a um Jesus Cristo multiplicador de papos-secos. Depois de Sócrates ter esbanjado dinheiro a construir creches eis que o Pedro descobre que se conseguem criar o equivalente a centena de creches por mero decreto, basta aumentar as turmas.
Já imagino o Pedro a voltar a tomar posse, mas desta vez em vez de ir sozinho na sua lambreta vai imitar as famílias chinesas que aparecem nas imagens da internet, para além dele irão na mesma lambreta a Assunção Cristas, o Paulo Portas e mais dois ou três secretários de Estado do CDS.
«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, visita hoje a Cáritas de Setúbal, onde apresentará alterações à legislação sobre as creches, com o objectivo de aumentar em 20 mil o número de vagas.
Fonte governamental explicou à agência Lusa que o objectivo da portaria a aprovar “é promover uma alteração que aproveite ao máximo a capacidade instalada nas creches, em condições de segurança, permitindo que se estabeleçam condições de funcionamento e instalação, para que se possam acolher mais crianças e aumentar o número de vagas”.
O Governo quer aumentar de oito para dez o número de vagas para crianças nas salas berçário; de dez para 14 nas crianças entre o berçário e os 24 meses; e de 15 para 18 nas crianças entre os 24 e os 36 meses. “Vinte mil novas vagas” nas creches é quanto as alterações previstas poderão proporcionar, de acordo também com a fonte governamental.» [Público]
Já imagino o Pedro a voltar a tomar posse, mas desta vez em vez de ir sozinho na sua lambreta vai imitar as famílias chinesas que aparecem nas imagens da internet, para além dele irão na mesma lambreta a Assunção Cristas, o Paulo Portas e mais dois ou três secretários de Estado do CDS.
«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, visita hoje a Cáritas de Setúbal, onde apresentará alterações à legislação sobre as creches, com o objectivo de aumentar em 20 mil o número de vagas.
Fonte governamental explicou à agência Lusa que o objectivo da portaria a aprovar “é promover uma alteração que aproveite ao máximo a capacidade instalada nas creches, em condições de segurança, permitindo que se estabeleçam condições de funcionamento e instalação, para que se possam acolher mais crianças e aumentar o número de vagas”.
O Governo quer aumentar de oito para dez o número de vagas para crianças nas salas berçário; de dez para 14 nas crianças entre o berçário e os 24 meses; e de 15 para 18 nas crianças entre os 24 e os 36 meses. “Vinte mil novas vagas” nas creches é quanto as alterações previstas poderão proporcionar, de acordo também com a fonte governamental.» [Público]
Metam uma rolha no senhor Américo Amorim
«Nada vem por estes dias mais a propósito do que meter uma rolha no senhor Américo Amorim, e não digo isto por se tratar do "rei da cortiça" mas por este se ter auto-intitulado "simples trabalhador" quando confrontado com a hipótese da adopção de um imposto sobre as grandes fortunas, a exemplo do que se está a passar em França e na onda dos conselhos sábios de Warren Buffet, outro pobrezinho que vive do rendimento mínimo, como se sabe. Apesar de uma fortuna estimada em 2,6 mil milhões de euros, dinheiro mais do que suficiente para comprar alguns países e regiões do mundo, o senhor Amorim teve a distinta lata de, num desprendimento total dos bens materiais e terrenos, qual Jesus Christ da secção de enchidos do Jumbo, se dar como simples trabalhador: "não me considero rico" - disse. Devia ter acrescentado um: "sou da prol pá!" Coitadinho, parece que o estou a ver: sachola às costas e marmita na sacola com rancho e arroz branco, meia garrafinha de tinto e lá vai o Américo montado na Famel pronto a dar o litro durante 12 horas na herdade, debaixo de sol e chuva.
Américo Amorim tem tanto de simples trabalhador como Michael Jackson tinha de caucasiano. Mas se o segundo conseguiu disfarçar com pó de arroz na tromba e operações como quem mastiga Trident das azuis e acabou teso como um carapau, o primeiro por muito que queira dar um de humilde não conseguia iludir a madre Teresa de Calcutá, mesmo que a senhora não estivesse devidamente equipada com o sobretudo de madeira, e está mais rico a cada dia que o sol se põe.
Na verdade estou-me a marimbar se o senhor Amorim vai pagar impostos especiais, extra, do lombo, da perna, da pá ou não, para ser sincero até acho meio apatetada esta história de se inventar um imposto que taxa os mais afortunados só por o serem. Parece absurdo. Agora o que já gosto pouco de ver é pessoas que não passam qualquer dificuldade na vida equipararem-se a quem efectivamente as passa, os verdadeiramente afectados pelas medidas austeras tomadas pelo governo, cada dia em maior número e de forma mais cruel para os que menos têm. Pessoas como o senhor Amorim, cujos filhos, netos, primos, sobrinhos, enteados e afilhados jamais terão de andar a bater pé na rua à procura de emprego ou em manifestações a pedincharem direitos que jamais deveriam ter sido tocados ou alienados, alguns verdadeiramente inexistentes. Direitos, muitos deles, aniquilados por gerações de políticos sacanas e corruptos, verdadeiras bestas que engordaram meia dúzia e secaram tudo à passagem.
Esses sim, deviam ser taxados e de que maneira. Mas esses safam-se sempre. E os ricos? São sempre os mesmos. E vão ser sempre os mesmos. » [Expresso]
Américo Amorim tem tanto de simples trabalhador como Michael Jackson tinha de caucasiano. Mas se o segundo conseguiu disfarçar com pó de arroz na tromba e operações como quem mastiga Trident das azuis e acabou teso como um carapau, o primeiro por muito que queira dar um de humilde não conseguia iludir a madre Teresa de Calcutá, mesmo que a senhora não estivesse devidamente equipada com o sobretudo de madeira, e está mais rico a cada dia que o sol se põe.
Na verdade estou-me a marimbar se o senhor Amorim vai pagar impostos especiais, extra, do lombo, da perna, da pá ou não, para ser sincero até acho meio apatetada esta história de se inventar um imposto que taxa os mais afortunados só por o serem. Parece absurdo. Agora o que já gosto pouco de ver é pessoas que não passam qualquer dificuldade na vida equipararem-se a quem efectivamente as passa, os verdadeiramente afectados pelas medidas austeras tomadas pelo governo, cada dia em maior número e de forma mais cruel para os que menos têm. Pessoas como o senhor Amorim, cujos filhos, netos, primos, sobrinhos, enteados e afilhados jamais terão de andar a bater pé na rua à procura de emprego ou em manifestações a pedincharem direitos que jamais deveriam ter sido tocados ou alienados, alguns verdadeiramente inexistentes. Direitos, muitos deles, aniquilados por gerações de políticos sacanas e corruptos, verdadeiras bestas que engordaram meia dúzia e secaram tudo à passagem.
Esses sim, deviam ser taxados e de que maneira. Mas esses safam-se sempre. E os ricos? São sempre os mesmos. E vão ser sempre os mesmos. » [Expresso]
Autor:
Tiago Mesquita.
Ou há moralidade ou comem todos
«Na semana passada irrompeu em força o debate sobre a aplicação de impostos extra sobre as "grandes fortunas" de modo a equilibrar o esforço que está a ser exigido só a alguns. Recapitulemos a matéria dada: o primeiro acto do governo de Passos Coelho, no dia da apresentação do programa de governo, foi o anúncio do imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal, o qual incide principalmente sobre os rendimentos do trabalho. Deixou de fora, pelo menos, os rendimentos de capital e lucros de empresas, evidenciando uma flagrante injustiça na distribuição dos sacrifícios exigidos aos portugueses. Quando a imprensa portuguesa fez eco de um artigo, publicado no New York Times, do multimilionário americano Warren Buffet, pedindo ao seu governo mais impostos sobre as grandes fortunas, apelo repetido dias depois por 16 multimilionários franceses, mais claro se tornou como era injusta a opção do governo de Passos Coelho. O dislate de Américo Amorim, o homem mais rico do país, que interrogado sobre a questão, declarou que não era rico, mas apenas um trabalhador, veio atiçar o debate. Estalou-lhe o verniz, mas teve o mérito de provocar a discussão. O Presidente da República, num primeiro momento, deixou que circulasse a sua simpatia por um imposto extra sobre os maiores rendimentos, lembrando que, numa entrevista à Rádio Renascença, durante a campanha eleitoral, afirmara que "os sacrifícios exigidos nos últimos tempos não se dirigem a todos os portugueses". Por sua vez, o governo, procurando emendar a mão, veio também participar no debate. Consta que o primeiro-ministro e o ministro das Finanças passaram este fim-de-semana reunidos à volta da fórmula para taxar os "rendimentos e os patrimónios" mais elevados. Os partidos da oposição, PS, PCP e BE, apresentaram ou vão apresentar no parlamento propostas sobre o assunto.
O debate está lançado e é oportuno. Num país em que mais de milhão e meio de portugueses recebe menos de 600 euros por mês, a que se juntam mais de 600 mil desempregados, e em que o aluguer de um quarto ronda os 300 euros, não é possível insistir mais, por insensibilidade social ou opção ideológica, no aumento de impostos que empobrecem os mais pobres, como o IVA, e deixar de fora deste esforço as "grandes fortunas" (só 3 dezenas de famílias somam, no seu conjunto, quase 20 biliões de euros de património). E o debate é ainda mais oportuno no momento em que se procuram receitas adicionais para compensar a redução da TSU. Sabe-se que o conceito de "grandes fortunas" é impreciso, o que obriga à procura de regras claras (a incidência é sobre o património - imobiliário e mobiliário - ou sobre os rendimentos de capital ou sobre ambos?) e a uma cobrança eficaz. À parte isso, é necessário fazer ouvidos de mercador às posições extremadas. Sobretudo, àqueles que pensam que não se deve tocar nos "ricos", nos rendimentos de capital e nos lucros dos bancos e dos grandes grupos económicos porque isso provoca a fuga de capitais para o estrangeiro e o desinvestimento na economia portuguesa; mas, também, àqueles que, como Proudhon, pensam que a propriedade e o lucro são um roubo e, consequentemente um crime e, por isso, é preciso persegui-los até à sua extinção.
Dito isto, são de temer as soluções que o governo nos vai apresentar. A sua prática, em apenas dois meses, leva-nos a pensar que está no seu código genético poupar quem tem muito e tirar a quem tem menos. O pior que podia acontecer é o governo tomar por "grandes fortunas" os rendimentos de quem trabalha, mas tem salários muito acima da média nacional ou o património de quem tem uma ou duas boas moradias, esquecendo os bancos e os rendimentos de capital, em juros ou dividendos, que têm alimentado um enriquecimento desproporcionado de muita gente em relação à média nacional. Se isso acontecer, se não se sentir coesão social nos esforços exigidos, não se admirem se Lisboa entrar no roteiro da contestação europeia, de copiar Atenas, Madrid ou Londres.» [i]
O debate está lançado e é oportuno. Num país em que mais de milhão e meio de portugueses recebe menos de 600 euros por mês, a que se juntam mais de 600 mil desempregados, e em que o aluguer de um quarto ronda os 300 euros, não é possível insistir mais, por insensibilidade social ou opção ideológica, no aumento de impostos que empobrecem os mais pobres, como o IVA, e deixar de fora deste esforço as "grandes fortunas" (só 3 dezenas de famílias somam, no seu conjunto, quase 20 biliões de euros de património). E o debate é ainda mais oportuno no momento em que se procuram receitas adicionais para compensar a redução da TSU. Sabe-se que o conceito de "grandes fortunas" é impreciso, o que obriga à procura de regras claras (a incidência é sobre o património - imobiliário e mobiliário - ou sobre os rendimentos de capital ou sobre ambos?) e a uma cobrança eficaz. À parte isso, é necessário fazer ouvidos de mercador às posições extremadas. Sobretudo, àqueles que pensam que não se deve tocar nos "ricos", nos rendimentos de capital e nos lucros dos bancos e dos grandes grupos económicos porque isso provoca a fuga de capitais para o estrangeiro e o desinvestimento na economia portuguesa; mas, também, àqueles que, como Proudhon, pensam que a propriedade e o lucro são um roubo e, consequentemente um crime e, por isso, é preciso persegui-los até à sua extinção.
Dito isto, são de temer as soluções que o governo nos vai apresentar. A sua prática, em apenas dois meses, leva-nos a pensar que está no seu código genético poupar quem tem muito e tirar a quem tem menos. O pior que podia acontecer é o governo tomar por "grandes fortunas" os rendimentos de quem trabalha, mas tem salários muito acima da média nacional ou o património de quem tem uma ou duas boas moradias, esquecendo os bancos e os rendimentos de capital, em juros ou dividendos, que têm alimentado um enriquecimento desproporcionado de muita gente em relação à média nacional. Se isso acontecer, se não se sentir coesão social nos esforços exigidos, não se admirem se Lisboa entrar no roteiro da contestação europeia, de copiar Atenas, Madrid ou Londres.» [i]
Autor:
Tomás Vasques.
Portugal tem de existir
«O Verão acabou. O Governo aprova hoje a estratégia orçamental. É o primeiro passo formal para as medidas que vão reduzir substancialmente o poder de compra da classe média, através de preços mais elevados dos serviços públicos e de rendimentos mais reduzidos pelos impostos para quem tem emprego.
Setembro será o mês de todas as más notícias, mas também o tempo da clarificação que nos permitirá antecipar um futuro melhor, mesmo com menos soberania, ou concluir que a União Monetária como a conhecemos não tem futuro. Portugal vai piorar para melhorar se a Zona Euro conseguir ultrapassar, também em Setembro, a crise política em que está mergulhada e, claro, se o Governo conseguir executar as medidas consagradas no plano imposto pelos financiadores internacionais, a União Europeia e o FMI. [ Link]
O documento de estratégia orçamental vai consagrar, no quadro do acordo assinado com a troika a 17 de Maio, "as previsões económicas e orçamentais" a quatro anos. Chegará depois a subida da electricidade e do gás por antecipação do aumento do IVA; as medidas na área da saúde, que vão aumentar a factura suportada pelos cidadãos; o corte no subsídio de Natal; e no início do ano, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2012, mais impostos - ou cortes nos benefícios fiscais - e os efeitos da redução da despesa pública não só no Estado (como, por exemplo, na saúde), mas também nas autarquias, nas regiões e nas empresas públicas, municipais e regionais.
Não tenhamos ilusões. O Estado gastar menos significa para cada um de nós gastar mais com menos rendimento, já que não se verifica no curto prazo aquela promessa de menos impostos. E será a classe de rendimentos médios que mais vai sentir o impacto da violenta austeridade que agora se vai iniciar.
O "Passe Social+", ou preços dos transportes mais baixos para quem tem rendimentos abaixo dos 545 euros mensais, ontem anunciados, é apenas um exemplo do que vai acontecer à classe média em muitas outras áreas, como as da saúde e da Segurança Social. A condição de recurso, como se designa a regra de acesso aos serviços fornecidos pelo Estado em função do rendimento, vai provocar um significativo aumento dos preços para rendimentos pouco superiores aos 700 ou 800 euros. Corremos o risco de passar do excesso de gratuitidade para uma situação em que só quem estiver muito perto da pobreza terá acesso a serviços subsidiados pelo Estado.
É um mundo de relação com o Estado completamente diferente do que conhecemos desde praticamente o 25 de Abril de 1974. Passar de um mundo de estado social para quase todos para assistência social apenas aos desfavorecidos dos desfavorecidos, ao mesmo tempo que se aumenta os impostos e se corta salários, é extremamente perigoso para a coesão do País.
O caminho que Portugal tem de percorrer até aos primeiros meses do próximo ano é muito estreito e repleto de perigos bastante mais graves do que os puramente financeiros. A classe média endividada, e sobre a qual estão a cair os impostos e os cortes de despesa, pode não aguentar. E nunca ninguém sabe qual é a gota de água que faz transbordar o copo. Na Tunísia, tudo começou com um jovem licenciado que se imolou pelo fogo quando a polícia lhe confiscou a fruta que tentava vender na rua.
O Governo e as elites portuguesas têm de pensar menos em finanças e mais em economia e política. O que quer isso dizer? Há medidas que dão receitas de tostões mas valem milhões em paz social. Chegou a hora de vermos se temos Portugal ou apenas um grupo de pessoas desunidas que por acaso vivem no mesmo espaço.» [Jornal de Negócios]
Setembro será o mês de todas as más notícias, mas também o tempo da clarificação que nos permitirá antecipar um futuro melhor, mesmo com menos soberania, ou concluir que a União Monetária como a conhecemos não tem futuro. Portugal vai piorar para melhorar se a Zona Euro conseguir ultrapassar, também em Setembro, a crise política em que está mergulhada e, claro, se o Governo conseguir executar as medidas consagradas no plano imposto pelos financiadores internacionais, a União Europeia e o FMI. [ Link]
O documento de estratégia orçamental vai consagrar, no quadro do acordo assinado com a troika a 17 de Maio, "as previsões económicas e orçamentais" a quatro anos. Chegará depois a subida da electricidade e do gás por antecipação do aumento do IVA; as medidas na área da saúde, que vão aumentar a factura suportada pelos cidadãos; o corte no subsídio de Natal; e no início do ano, com a entrada em vigor do Orçamento do Estado para 2012, mais impostos - ou cortes nos benefícios fiscais - e os efeitos da redução da despesa pública não só no Estado (como, por exemplo, na saúde), mas também nas autarquias, nas regiões e nas empresas públicas, municipais e regionais.
Não tenhamos ilusões. O Estado gastar menos significa para cada um de nós gastar mais com menos rendimento, já que não se verifica no curto prazo aquela promessa de menos impostos. E será a classe de rendimentos médios que mais vai sentir o impacto da violenta austeridade que agora se vai iniciar.
O "Passe Social+", ou preços dos transportes mais baixos para quem tem rendimentos abaixo dos 545 euros mensais, ontem anunciados, é apenas um exemplo do que vai acontecer à classe média em muitas outras áreas, como as da saúde e da Segurança Social. A condição de recurso, como se designa a regra de acesso aos serviços fornecidos pelo Estado em função do rendimento, vai provocar um significativo aumento dos preços para rendimentos pouco superiores aos 700 ou 800 euros. Corremos o risco de passar do excesso de gratuitidade para uma situação em que só quem estiver muito perto da pobreza terá acesso a serviços subsidiados pelo Estado.
É um mundo de relação com o Estado completamente diferente do que conhecemos desde praticamente o 25 de Abril de 1974. Passar de um mundo de estado social para quase todos para assistência social apenas aos desfavorecidos dos desfavorecidos, ao mesmo tempo que se aumenta os impostos e se corta salários, é extremamente perigoso para a coesão do País.
O caminho que Portugal tem de percorrer até aos primeiros meses do próximo ano é muito estreito e repleto de perigos bastante mais graves do que os puramente financeiros. A classe média endividada, e sobre a qual estão a cair os impostos e os cortes de despesa, pode não aguentar. E nunca ninguém sabe qual é a gota de água que faz transbordar o copo. Na Tunísia, tudo começou com um jovem licenciado que se imolou pelo fogo quando a polícia lhe confiscou a fruta que tentava vender na rua.
O Governo e as elites portuguesas têm de pensar menos em finanças e mais em economia e política. O que quer isso dizer? Há medidas que dão receitas de tostões mas valem milhões em paz social. Chegou a hora de vermos se temos Portugal ou apenas um grupo de pessoas desunidas que por acaso vivem no mesmo espaço.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Helena Garrido.
Ajuda da treta
«Governo está disponível para dar descontos sociais aos utentes de transportes públicos mais pobres que usem o sistema de passes intermodais (a série L de Lisboa e o Andante do Porto, por exemplo), mas não fará o mesmo no caso dos passes combinados, assinaturas ou dos passes próprios (emitidos pela empresa transportadora).
Aos passes que combinam o transporte por autocarro, barco e comboio - , modalidades que são usadas diariamente por milhões de pessoas nas grandes áreas urbanas - a nova tarifa social, designada de "Passe Social +", não se aplica.» [DN]
Aos passes que combinam o transporte por autocarro, barco e comboio - , modalidades que são usadas diariamente por milhões de pessoas nas grandes áreas urbanas - a nova tarifa social, designada de "Passe Social +", não se aplica.» [DN]
Parecer:
Governo recusa ajuda à maioria, precisamente aos que habitam nos subúrbios e pagam mais pelos passes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»
Relvas diz que não convidou Crespo
«O ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, negou hoje o alegado convite feito a Mário Crespo para correspondente da RTP em Washington.» [DN]
Parecer:
Pois não.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
A coisa continua a piorar
«A queda da confiança nos serviços, comércio e Obras Públicas ditou uma nova deterioração do indicador de clima económico em 2,4 pontos, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).» [Jornal de Negócios]
Parecer:
É a consequência de uma política à base de alvarices e gasparoikas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Gasparoika.»
Manuel Coelho inaugura estrada na Madeira
«O presidente do PTP-M, José Manuel Coelho, inaugurou hoje uma estrada municipal de dois quilómetros que serve apenas duas pessoas em Gaula: o chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz e o seu motorista, noticia
O candidato a presidente do Governo Regional da Madeira pelo PTP-M nas eleições legislativas regionais de 9 de Outubro denunciou no local que «o presidente da Câmara de Santa Cruz, José Alberto Gonçalves, não faz a estrada há mais de 20 anos reivindicada pela população entre os sítios da Fazenda e Achada da Rocha que serviria cerca de 200 famílias alegando não ter dinheiro mas foi célere em construir uma para apenas duas pessoas».» [Portugal Diário]
O candidato a presidente do Governo Regional da Madeira pelo PTP-M nas eleições legislativas regionais de 9 de Outubro denunciou no local que «o presidente da Câmara de Santa Cruz, José Alberto Gonçalves, não faz a estrada há mais de 20 anos reivindicada pela população entre os sítios da Fazenda e Achada da Rocha que serviria cerca de 200 famílias alegando não ter dinheiro mas foi célere em construir uma para apenas duas pessoas».» [Portugal Diário]
Parecer:
Boa!
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»