Por oportunismo político ou por ignorância sempre que há motins como os que sucederam agora no Reino Unido aparecem personalidades a associar as pilhagens e destruição à pobreza. Quando estas situações ocorrem no estrangeiro aparecem logo “especialistas” adivinhando (ou desejando) que o fenómeno chegue a Portugal.
Sempre que no país alguém se lembra de constatar o aumento da criminalidade o discurso é o mesmo e no passado recente o PCP e o BE aproveitaram a oportunidade para associar o aumento da criminalidade ao desemprego. Fica-se com a ideia de que o pobre ou tem emprego ou é bandido, como se a sua escala de valores fosse diferente da das restantes classes sociais.
Os nossos “cientistas” sociais que ambicionam protagonismo televisivo têm-se enganado sistematicamente, os assaltos colectivos organizados pelos gangs londrinos não sucederam no resto da Europa e ninguém receia que que Chelas invada a Avenida da Liberdade. Os líderes do proletariado também têm mais olhos do que barriga e o lumpem proletariado não incendiou o capitalismo, o aumento do desemprego não se traduziu num acréscimo de criminalidade e ficou por provar a relação entre desemprego e crime.