Nos planos de Gaspar e Passos Coelho o ano de 2014 seria o do milagre económico, foi por isso que concentraram tudo o que de brutal lhes ocorreu no primeiro ano deste malfadado governo. Nos primeiros dois anos de governo era proibido falar em crescimento, o país iria ser reformatado contra a vontade de um povo enganado em eleições e assustado com três funcionários menores da troika que cá vinham de vez em quando dizer umas baboseiras
Podaram a economia destruindo sectores que consideravam inúteis, considervam que de a boa economia beneficiaria do exclusivo da seiva, era o tempo em que um tal Cavaco falava muito da aposta em produtos transacionáveis, logo ele que destruiu sectores como a agricultura e a pesca e apostou fortemente num crescimento dos serviços.
Dispensaram uma geração de quadros qualificados, a primeira e a melhor geração de jovens formados nas universidades com que o país contava, o crescimento a curto prazo dispensava estes jovens pois a aposta era na competitividade das empresas que produzem bens com baixos níveis de valor acrescentado. Não só empurraram de forma activa uma geração para a emigração como desvalorizaram e desinvestiram nas escolas e universidades, uma aposta em mão-de-obra pouco qualificada dispensava um sistema de ensino de qualidade e mesmo uma boa formação profissional.
Para os novos economistas o progresso resultaria da combinação de quatro factores: um sistema financeiro fortalecido, um Estado mínimo e sem quadros qualificados, mão-de-obra barata e exportação de bens baratos e sem grande valor acrescentado. Tudo batia certo, em quatro anos destruía-se o Estado, salvava-se a banca, destruía-se o resultado de 30 anos de democracia e ainda se conseguia uma ilusão de milagre económica exportando peúgas e cuecas.
Mas tudo correu mal, a destruição do anterior modelo laboral não trouxe um único investimento, a banca continua a sofrer as consequências do oportunismo e da má gestão, as exportações deixaram de crescer e apesar dos cortes nos vencimentos não se controlou o aumento da despesa. O fenómeno económico não aconteceu.
Este Passos Coelho lembra uma anedota já aqui contada, a do compadre que foi dar uma volta num avião de acrobacias, quando acabou o passei contou a sua experiência ao piloto: “quando subiu já sabia que me ia mijar, quando desceu borrei-me todo, do que eu não esperava era qu depois desse uma volta e me caísse tudo em cima”. Passos Coelho também não esperava que a merda lhe caísse em cima antes das eleições de 2015 e ainda por cima estava menos avisado do que o nosso compadre pois percebe-se agora que nem sequer sabia o que estava fazia. E ao contrário do que sucedeu na anedota Passos nem terá a oportunidade de contar o que lhe aconteceu ao piloto, há muito que Vítor Gaspar fugiu do país com medo do povo que ajudou a tramar.