Por estas bandas há um Portugal Bom e um Portugal mau ou, como diria o Zezé Camarinha na linguagem muito na moda nestes anos, a good Portugal and a bad Portugal. Bem, a verdade é que sempre foi assim, mas dantes os governos, incluindo os do Salazar e Caetano disfarçavam, quanto mais não fosse em respeito pelos seus bons princípios cristão, agora o poder já não esconde o desprezo pelos pobres.
No bom Portugal estão os ricos, a não ser que caiam em desgraça, são tratadas como gente de primeira, os seus lucros são poupados aos impostos, o seu património é protegido. Mesmo os que ajudaram a arruinar o país fugindo aos impostos e colocando os recursos financeiros nacionais em paraísos fiscais têm direito a um tapete vermelho fiscal para que tragam o dinheiro de volta.
Quando o governo invoca a originalidade e a autoria nacional da solução dada ao BES está falando verdade, o que aconteceu ao BES é precisamente o que o governo tem feito ao país nestes três anos, a única diferença reside no facto de até aqui a iniciativa ter pertencido ao governo cabendo ao governador do Banco de Portugal o papel de cheerleader, agora os papeis inverteram-se, o protagonismo foi dado ao Carlos Costa enquanto foi a ministra que efz de cheerleader, num espectáculo em que o primeiro-ministro, o presidente e o resto do governo actuou através de um fórum electrónico.
No Portugal do lixo estão os funcionários públicos, os jovens quadros, os pensionistas, os industriais da construção civil, os empresários da restauração e dos sectores que o Gaspar disse ao Passos que estavam a mais. No Portugal do bem bom estão os grandes banqueiros, a Goldman Sachs porque empregou o Arnaut, os chineses, os grandes empresários do Monte Branco e da Operação Furacão.