Ainda bem que temos uma CMVM, graças a ele o cidadão comum
pode sentir-se confiante e em vez de recorrer a depósitos a prazos pode optar
por financiar as empresas investindo no mercado bolsista, está certo de que ao
fazer não corre o risco de ser roubado como se tivesse ido passear para um
morro do Rio de Janeiro.
Ainda bem que existe um Banco de Portugal, graças a ele a
economia beneficia da segurança e estabilidade do sistema financeiro, os banco minimizam
os juros que cobram em consequência da concorrência sã e leal promovida pelo
regulador, os depositantes ficam tranquilos ao depositar as suas poupanças, os
investidores estrangeiros confiam nos intermediários financeiros locais e
apostam na no futuro da nossa economia.
Ainda bem que temos uma justiça eficaz, graças a ela temos a
certeza de que os que roubam milhões são presos primeiros do que os que roubam
um papo-seco no hipermercado, a justiça é célere e é feita nas salas de
audiências, os investidores confiam que podem recorrer à justiça se forem
roubados por gatunos da banca.
Ainda bem que temos uma comunicação social honesta e
independente, os jornalistas não se deixam comprar por banqueiros empresários
pouco escrupulosos, os seus donos não usam a manipulação da informação em favor
dos seus negócios e magistrados e políticos sem escrúpulos não a podem usar
para destruir adversários.
Ainda bem que temos um Tribunal Constitucional, graças a ele
o cidadão pode optar por ser funcionário público sem correr o risco de um dia
lhe dizerem que por ter feito tal opção será chulado até à medula em nome da
crise financeira.
Ainda bem que temos um Presidente da República, graças a ele
sabemos que não há abusos de poder, que os corruptos e banqueiros duvidosos não
são declarados inocentes, que as candidaturas presidenciais não se preparam em
jantares feitos em casa de banqueiros, graças ao presidente temos alguém que
cumpre e faz cumprir a constituição, que está acima de interesses ou dos
partidos.
Ainda bem que vivemos numa democracia moderna, graças a ela são escolhidos para o governo os mais honestos e capazes, os presidentes nunca fizeram negócios menos claros, o maior partido da oposição oferece uma alternativa credível e os cidadãos não são atirados uns contra os outros e não há grupos sociais ou profissionais tratados como cidadãos de segunda porque ganham salários pagos pelo Estado ou porque beneficiam de apoios do Estado.
Ainda bem que vivemos num país justo, democrático, onde os
cidadãos são respeitados, governado por um governo competente e honesto,
presidido por um presidente que não se esqueceu do que jurou quando tomou
posse.