Portugal pode ser um país condenado ao subdesenvolvimento, pode tropeçar em todas as crises financeiras internacionais, pode ser ignorado por Bruxelas em todas as negociações comerciais, pode acontecer-nos tudo o que mau pode suceder, mas uma coisa de que não nos podemos queixar, é da falta de gente empenhadíssima em defender ou em sacrificar-se pela defesa do interesse nacional.
Aquele que agora é apontado como o maior canalha nacional, ainda que em surdina não vá o diabo recuperar o poder, era um dos mais destacados defensores do interesse nacional. Foi em defesa do interesse nacional que convidou Cavaco para um jantar familiar para o convencer a candidatar-se à Presidência. Foi também em defesa do interesse nacional que liderou os banqueiros na chantagem sobre Sócrates para que este entregasse o país à troika, ou que há alguns anos o levou a ir à Presidência da República defender a manutenção dos centros de decisão em Portugal.
A grande sede da defesa do interesse nacional é a Presidência da República e o actual presidente não se cansa de em cada momento chamar a si a interpretação do que em cada momento ou circunstância representa o interesse nacional. Tudo o que Cavaco faz é em defesa do interesse nacional e esse mesmo interesse nacional até parece estar acima de qualquer valor, a começar pelos valores constitucionais.
Outro grande campeão nacional da defesa do interesse nacional é Durão Barroso, o primeiro-ministro que fugiu de Portugal para melhor nos defender e agora anda por aí dizendo que nos deu uma pipa de massa. Aliás, Bruxela compete com Belém na defesa do interesse nacional, todos os que para lá vão fazem-no para defender o interesse nacional, o último a ir é o Carlos Moedas e há uma grande expectativa no país pelos benefícios que ele nos pdoerá trazer.
O país deve estar grato a tanta gente que se sacrifica para defender o interesse nacional, vão para comissários, aceitam grandes tachos na EDP, exigem a vinda da troika, vendem as empresas públicas ao estrangeiro, usam dinheiro público para ajudar banqueiros incompetentes e trafulhas, fazem tudo pelo interesse nacional. Depois fazem fila nas cerimónias de Belém para receberem as comendas pelo reconhecimento do país pelo muito que fizeram pela Nação.