«Eu considero que Portugal deve ter um primeiro-ministro para todas as estações, isto é quando faz bom tempo e quando faz tempestade e não primeiros-ministros que estão à espera do bom tempo, mas que da tempestade se resguardam».
Pelo discurso de Seguro conclui-se que graças ao seu trabalho na liderança do partido já passou a tempestade e daqui em diante vem bom tempo, um tempo de vacas gordas. Se alguém pretendesse ridicularizar António José Seguro mandava-lhe dizer o que ele disse à revista Visão, numa reportagem onde se apresenta um conjunto de imagens ridículos, tentando transformar um betinho que passou uma boa parte da sua vida nos palacetes da capital num homem do povo, num rural.
Quem ouve Seguro corre um sério risco de pensar que a política económica conduzida nos últimos três anos e que foi ele o primeiro-ministro durante este tempo. Como Seguro não foi primeiro-ministro desta estranha declaração resulta que ele faz sua a política seguida peola pior das direitas e considera que essa política foi um grande sucesso.
O grande mal de Seguro é precisamente o de gostar de se imaginar como primeiro-ministro ou, pelo menos, ministro, nem que seja o vice do vice de Passos Coelho. Passos Coelho conhece-lhe esse tique e de vez em quando gosta de lhe dar algum protagonismo convidando-os para conversas em São Bento. O resultado são horas e horas de que nada resultam pois Seguro não sabe como convencer o seu partido. É por isso que acaba com divergências insanáveis que ninguém sabe quais são.
Aquilo a que Seguro são bons tempos é um país à beira de uma crise de nervos devido ao caso BES, uma taxa de desemprego nunca vista, um crescimento económico anoréxico, uma dívida soberana superior a 130% e a necessidade de comprimir a despesa pública para se cumprir um pacto de estabilidade que ele próprio aprovou. Só um irresponsável pode dizer disparates destes.