quinta-feira, agosto 28, 2014

O engraçadinho

O governo faz um orçamento rectificativo e usa o acórdão do TC para encobrir o descontrolo na despesa que vai muito mais além do que o impacto financeiro da decisão do TC e “come” o aumento significativo das receitas do IVA.

O governo faz um orçamento rectificativo em duas fases para melhor manipular a informação e disfarçar o evidente desconforto do CDS e de Paulo Portas que chama a si o papel de salvador da economia.
  
O governo esconde-se durante dois dias e manda a “bela” Cristas visitar umas estufas de flores onde garante que não faltará dinheiro para a comparticipação nacional nos programas comunitários, levantando uma questão que ninguém tinha levantado, até porque essa comparticipação pode ser menor do que era no passado.
  
O governo faz passar a ideia de não será necessário um aumento de impostos graças à redução das despesas com o desemprego e ao aumento da receita fiscal, fazendo passar a falsa ideia de que a economia cresce acima do previsto e está sendo criado emprego, ideias contrariadas pela revisão em baixa do crescimento económico previsto no próprio orçamento rectificativo.
  
Qualquer líder da oposição teria aqui várias oportunidades para fazer oposição:  

  • Questionando a solidez de uma coligação em que o desconforto ficou evidente depois das inconfidências de Marques Mendes e do oportunismo de Paulo Portas que estando em Moçambique “tranquilizou” os portugueses assegurando que estaria no Conselho de Ministros a tempo de defender a economia.  
  • Denunciando a quebra do crescimento económico apesar dos bons resultados da turismo e confrontando o governo com os resultados da balança comercial que desmontam a tese de que graças ao ajustamento já não estaríamos consumindo acima das possibilidades, registando-se um milagre económico graças às exportações.  
  • Chamando a atenção para a contradição do OE rectificativo que ao mesmo tempo de revês em baixa o crescimento económico prevê uma redução do desemprego, uma prova de que em vez de criar emprego este governo usa os instrumentos à sua disposição para varrer desempregados para debaixo do tapete.

 Mas Seguro é um líder da oposição muito fraco, inconsistente e mal preparado, em vez de criticar o governo com seriedade opta por uma graçola, sugere que este é o governo dos orçamentos rectificativos. Isto é, Seguro nada diz.
  
Seguro prefere a graçola sem grande imaginação ou, muito simplesmente, não está preparado para dizer algo consistente? Parece que a resposta tem mais a ver com a falta de preparação e de formação do líder do PS, no mesmo dia em que deu uma entrevista ao DE dando ares de saber umas coisitas e depois de atacar Costa de lhe copiar as ideias, Seguro é incapaz de ter um discurso digno de confiança, refugiando-se em gracinhas de gosto duvidoso. 
  
Seguro teve mais uma oportunidade de ajudar o país fazendo críticas construtivas e sugerindo alternativas merecedoras de confiança. Em vez disso escondeu a sua falta de preparação atrás de uma graçola que um qualquer assessor lhe soprou ao ouvido.