quinta-feira, agosto 21, 2014

Os nossos jornalistas de economia

Ontem o país ficou a saber que tinha sido aberta a época de caça ao grupo GES com o lançamento de uma OPA por parte de um grupo mexicano à empresa do sector da saúde daquele grupo.
  
Os nossos jornalistas de economia andaram excitadíssimos com esta OPA que até serviu de oportunidade para Passos Coelho anunciar o interesse de grupos estrangeiros na nova situação da economia portuguesa, algo parecido com os saques que se seguem às grandes calamidades naturais, mas que por estas bandas é motivo de elogio.
  
Em poucas hora já se sabia que os mexicanos já cá andam, que elogiam a administração da empresa do GES, que já contactaram advogados, que tinham adquirido nos últimos tempos mais de 2% da empresa, que iam contar com os serviços do BBVA, que a OPA era simpática, que se tratava de um grande grupo com sucesso no sector da saúde, enfim, um fartote de elogios aos japoneses. Até se fica com a impressão de que os Angels trouxeram umas caixas de tequila e embebedaram os nossos jornalistas.
  
Mas ninguém reparou que antes de lançarem a OPA os nossos amigos mexicanos enganaram um número significativo de pequenos investidores comprando-lhes acções da empresa do GES a preços quase 10% inferiores ao que iam oferecer. Se as regras do mercado o permitissem até comprariam muito mais, com os pequenos investidores do BES/GES em pânico não teria sido difícil.
  
Os nossos grandes jornalistas económicos que todos os dias desancam no Tribunal Constitucional e em todos os que discordem da pinochetada económica conduzida por Passos Coelho, que até escrevem livros a explicar como se salva a economia portuguesas, que escrevem como se todos eles fossem galardoados com o Nobel da Economia poderiam ter defendido os interesses nacionais, podiam ter denunciado o lucro fácil dos mexicanos, podiam questionar se o país vai ganhar alguma coisa com o desmantelamento do GES. Mas não fizeram nada disso, preferiram lamber o rabo aos mexicanos, é que os homens trazem dinheiro fresco para comprar portugueses ansiosos por se venderem, agora que o dono deles todos faliu.