segunda-feira, agosto 11, 2014

Seguro e o BES

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Vale a pena analisar as posições de Seguro em relação ao BES. Ajudam-nos a perceber como pensa o por enquanto líder da oposição, o que o preocupa, como se empenha na defesa dos interesses dos portugueses.
Fase I: a mistura dos negócios com a política

As primeiras intervenções de Seguro não reflectiram qualquer preocupação com o desmoronamento do maior grupo empresarial português ou com o futuro do BES, nada disso preocupou Seguro. O caso ganha expressão pública quando os spin de Passos Coelho passaram a mensagem de que Passos Coelho não mistura negócios com política, tendo recusado ajuda a Ricardo Salgado.
  
Seguro não questionou Passos Coelho sobre o que estava em causa ou que tipo de ajuda tinha sido pedida, em vez disso fez seu o discurso da mistura de negócios com político, dirigindo-o cheio de insinuações contra António Costa. Com o GES em pleno incêndio Seguro fala de António Costa associando-o à "velha política que mistura negócios, política, vida pública, interesses, favores, dependências, jogadas e intrigas".
  
Todavia, quando se soube que Maria de Belém recebia uma gorjeta avençada de uma empresa do GES fez-se silêncio e Seguro optou por não vir a público em defesa da presidente do PS e um dos seus apoios mais sólidos e militantes.
  
Fase II: o político responsável
  
Ávido de protagonismo televisivo para enfrentar a candidatura de António Costa o líder do PS pede uma entrevista ao governador do BdP. Seguro já tinha ensaiado a estratégia do político responsável com a reunião com Passos para discutir os dossiers para o comissário português (com os resultados que se viram), agora ia intervir no caso BES. Lá terá tomado um café com Carlos Costa para, de seguida, falar para todas as televisões vendendo confiança e tranquilidade em relação ao futuro do BES.
  
Seguro não voltou a fazer mensagens de tranquilidade nem fez qualquer comentário sobre a sua intervenção enganosa.

Fase III. Contra a nacionalização
  
Perante a evidência da intervenção Seguro optou por surfar a onda manifestando-se contra a nacionalização, sem explicar o que entendia por nacionalização e sem indicar qualquer solução. Já após a intervenção Seguro não a questiona nem se manifesta contra a utilização do dinheiro dos contribuintes, preocupa-se apenas com o que vai ser feito com esse dinheiro.

Fase IV: a preocupação com o s trabalhadores

Confrontado com a possibilidade de despedimento dos trabalhadores Seguro defende que devem ser os accionistas a pagar e não os trabalha dadores. Parece que Seguro defende o despedimento dos accionistas, talvez daqueles que investiram no último aumento de capital.
  
Conclusões:
  • Seguro começou por estar mais preocupado com António Costa e com as suas ambições do que os interesses do país, chegando ao ponto de usar os argumentos de Passos Coelho fazendo-os seu para dar um golpe baixo no seu adversário.
  • Em momento algum o líder do PS defendeu uma solução ou questionou as decisões do governo/BdP, apoiou-as e ainda ajudou o governador do BdP a enganar o país, os clientes do BES e os pequenos accionistas do banco.
  • Em momento algum Seguro se manifestou incomodado com o prejuízo infligido aos pequenos accionistas do banco.
  • Seguro nunca usou argumentos próprios, começou por usar os argumentos de Passos Coelho, fazendo o mesmo quando disse que deveriam ser os accionistas a suportar as consequências em vez dos trabalhadores do banco.

O líder da oposição não propôs nada, não concordou nem discordou de nada,não acrescentou nada ao debate, não colocou o interesse nacional acima dos seus, usou em seu favor e ainda que de forma desastrada os argumentos dos spin de Passos Coelho.