A necessidade sentida por alguns políticos de mostrarem uma determinada imagem de si próprios leva-os a recorrer a pequenos truques que acabam por parecer tiques, o que nalguns casos resulta numa mistura de ideias dos seus gestores de imagem com aquilo que os próprios políticas julgam ser o que lhes fica bem como grandes políticos que querem parecer ser. Se em políticos com um percurso de muitos anos de exposição este é um fenómeno pouco frequente, em políticos feitos à pressa é um problema recorrente.
Cavaco teve aulas de dicção e se a Bobone lhe tivesse ensinado a comer bolo-rei teria evitado uma das suas imagens mais duradouras. Um político parecido com Cavaco é, curiosamente, José António Seguro. Se Cavaco apaeceu quae de repente, o ainda líder do PS tem muitos anos de política,mas tem um pequeno problema, durante esses anos Seguro protegeu a sua imagem não aparecendo, escondendo-se na fila de trás, agora precisa de dizer aos portugueses o que é, mesmo que esse “o que é” seja muito diferente da do Seguro que realmente é. Enquanto vamos tentando perceber se Seguro é mesmo alguém ou se não passa de uma invenção de mau gosto. Vale por isso a pena estudar-lhe os tiques.
O eu, eu, eu...
Tal como Cavaco o líder do PS gosta muito de falar na primeira pessoa, eu disse, eu sugeri, eu defendi, eu propus, leva esse papel tanto a sério que tudo o que alguém do PS ou mesmo algum independente que tenha participado nos Novo s Rumos tenha dito é património intelectual de António José Seguro. É por isso que António Costa nunca disse nada que Seguro tenha dito, a não ser que repita o que Passos Coelho disse
O provinciano virtuoso
Curiosamente, Seguro tem mais alguns tiques muito semelhantes a Cavaco, dois políticos unidos e separados pelo provincianismo, o primeiro é um provinciano que veste de betinho para se armar em provinciano por oposição às elites pecaminosas da capital. Cavaco é um provinciano que tudo faz para não parecer porque foge da imagem de montanheiro que ele próprio é como o diabo foge da cruz.
Se Cavaco gosta de se afirmar como alguém de Lisboa com origens não conspurcadas, Seguro vai mais longe e até parece que aderiu à reforma agrária da Cristas, tira a gravata, veste umas jeans e confunde a imagem de betinho com a de alguém da provícia que regressa às suas origens. É um tique muito típico em alguns políticos portugueses e que que deu bons resultados com Salazar e com Cavaco. Por oposição a políticos supostamente elitistas como Soares e Costa, Seguro afirma-se como o provinciando queainda não foi conspurcado pelos vícios da capital.
O político responsável
Seguro tenta escapar à imagem de prirralho das associações de estudantes assumindo a do político responsável, um tique que se tem acentuado nos últimos tempos e de que Passos Coelho se tem servido para tirar partido em seu proveito. Veja-se o que sucedeu com a escolha do comissário europeu, Cavaco convidou Seguro para discutir o tema, o líder do PS entrou para a reunião sugerindo que ia escolher o comissário e saiu inchado afirmando que tinha estado a discutir o portfólio dos dossiers. Por fim foi escolhido o Moedinhas e ainda hoje não se sabe se o comissário português vai tratar da multiplicação de minhocas europeias ou das migrações das borboletas.
O grande líder
É uma das imagens mais estereotipadas da política, para a história ficou o banho de Mao no Yantsé ou as muitas imagens do líder da China com belas paisagens omo fundo ou a famosa imagem de Miterrand nos cartazes de uma campanha eleitoral onde aparece com uma aldeia como imagem de fundo e a frase “La fore tranquille”.
Seguro usa e abusa deste expediente e deve ser um inferno para os jornalistas pois revela uma grande preocupação com os enquandramento das suas imagens. Ainda recentemente a Visão fez-lhe uma entrevista e Seguro lá apareceu com uma imagem da planície vista em Penamacor. Seuro coleciona mesmo imagens tipo Miterrand a todos os lados onde vai, tentando colar-se a uma imagem que levou o líder do PSF à presidência francesa.
A vítima
É talvez o lado santanista de José Seguro, o antigo líder do PSD e candidato a candidato presidencial explorou a imagem do mártir cristão fazendo passar a ideia de que que era um Jesus da vida política portuguesa. Neste capítulo Santana Lopes tem em Seguro um digno sucessor e desta vez o autor das facadas nas costas e da tentativa de matar a criança ainda no berço é António Costa.