sábado, agosto 23, 2014

Os mortos preferem Seguro?

Aquilo que está sucedendo ao PS não é nada de anormal, são os pequeninos a brincar com um grande partido como se ainda andassem a brincar nas associações de estudantes. Esta gente não cresceu, brincaram aos papás e às mamãs na primária, às associações de estudantes no secundário e agora fazem o mesmo à escala dos partidos e do país, o problema está no facto de a idade mental não ter mudado com o passar dos anos.
  
Em qualquer processo eleitoral há problemas, mas é um pouco exagerado inscrever mortos nos cadernos eleitorais, um procedimento tão ridículo que só mesmo ditadores sem vergonha utilizam. Mas aconteceu num grande partido como o PS e num momento em que este partido atravessa uma via sacra inventada por um líder que tendo medo dos seus militantes, daqueles que o elegeram, recorre a um estratagema que cria condições para o recurso a mercenários da direita na escolha do futuro líder.
  
Seguro poderia e deveria ter-se demarcado na primeira hora, mas o ambiente de associação e estudantes turva-lhe a capacidade de avaliação. EM vez de condenar e mandar apurar responsabilidades o líder do PS actua como se receando ser um dos seus prefere apostar no esquecimento do assunto, só quando perceber que é tarde virá exigir justiça e declarar que com ele não há velhos truques eleitorais. Já sucedeu o mesmo com a sua amiga das farmácias, não condenou o apelo da sua amiga ao voto da direita na sua candidatura e poucos dias depois armou-se em herói na separação entre negócios e política.
  
Seguro ainda não percebeu que o país não é uma grande escola preparatória onde tudo vale para ficar com a direcção da associação de estudantes, onde tudo se esquece com uns bailes e umas musiquinhas. A sequência de truques e de golpes baixos a que o país tem assistido não põe apenas em causa a sobrevivência de um PS se Seguro sobreviver a este processo eleitoral manhoso. O que está a ficar em causa é a confiança dos portugueses no seu sistema político.
  
Seguro poderá ganhar o PS com uma chapelada onde mortos e militantes do PSD o ajudarão a manter-se na liderança do PS, mas o país pode mergulhar numa crise profunda. Para a maioria dos eleitores não há qualquer diferença entre Passos e Seguro e isso significa que para muitos eleitores do centro e mesmo da direita deixou de existir em quem votar, restando apenas a esquerda conservadora.
  
Teremos mesmo de votar num qualquer Marinho?