domingo, agosto 10, 2014

Orgia de miséria humana

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Visto  numa perspectiva humana o caso BES tem sido uma orgia de miséria humana que nos ajuda a conhecer melhor o Portugal de hoje, o baixo nível das nossas elites ficou bem evidente nestes dias. O comportamento dos mais diversos agentes ajuda a explicar o porquê da nossa pobreza colectiva, uma pobreza que é moral, de espírito e, consequentemente, económica que está cada vez mais entranhada e que nos impede de desenvolver o país.
  
Algum político avaliou as consequências da perda de um grande grupo económico num país em recessão e ávido de investimento? Alguém questionou quantios empregos custariam ao país as decisões governamentais? Alguém se interrogou sobre qual o impacto nas recitas fiscais das diversas soluções? Alguém se preocupou com a credibilidade da bolsa de valores e da sua importância para o financiamento das empresas num país onde a maior parte dos banqueiros não passam de chulos?
  
Não, os nossos políticos comportaram-se como de costume, de forma cobarde, incompetente e oportunista. Num momento em que o país pode estar à beira do colapso económico o presidente desaparece na praia escondido atrás dos seguranças. O primeiro-ministro anda armado em teso passeando um carro velho da Manata Rota e manda o Carlos Costa dar a cara. O líder da oposição tem feito a mais triste das figuras, começa por tranquilizar os portugueses à porta do Banco de Portugal e acaba a copiar a argumentação do governo defendendo que devem ser os accionistas e não os trabalhadores a pagar a falta de trabalho no banco, o que deverá significar que Seguro defende que seja aberto um processo de despedimento a Ricardo Salgado.
  
Os mesmos políticos e jornalistas que há poucos dias fariam fila para lamber o Ricardo Salgado enchem-se agora de coragem e dizem cobras e lagartos daquele que bajularam, idolatraram e escolheram como modelo para todos os futuros gestores.  O mesmo Carlos que era respons´vel pelas operações no estrangeiro no BCP e desconhecia a existência de operações em off shore agora já suspeita de crimes no BES apesar de se desculpar dizendo que nunca soube de nada,coitado!
  
O espectáculo que nos tem sido dado pela CMVM e pelo Banco de Portugal é indigno, enganam os accionistas levando-os a investir num aumento de capital, tentam convencê-los de que está tudo bem no BES e escolhem um domingo de Verão para levar milhares de famílias de accionistas à falência e, como se isso não bastasse, ainda promovem a sua condenação pública confundindo-os com os gestores do GES. Quando percebem que a coisa dá para o torto começam a fazer acusações uns aos outros, enquanto o governador do BdP culpa a CMVM no parlamento, aquela responde com comunicados devolvendo as culpas.
O comportamento miserável dos governantes, dos responsáveis pelas instituições financeiras, dos jornalistas e dos serviçais como um tal Mendes explica bem o porquê deste país não conseguir sair da cepa torta do subdesenvolvimento. Quando um governo decide em horas como há-de gastar milhares de milhões e anda um ano a fazer de conta que vai aumentar o salário mínimo em 3 ou 4 cêntimos por hora fica tudo explicado sobre o estado miserável a que chegámos.