sábado, dezembro 07, 2013

A cultura da Quinta da Coelha

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Os grandes líderes mundiais dignificaram a memória de Nelson Mandela vindo a público prestar homenagem àquele a que no passado os sectores mais retrógrados do Ocidente trataram como terrorista, defendendo ou justificando de forma hipócrita o apoio expresso ou implícito à sua manutenção em prisão perpétua com base num crime ridículo. Por cá, talvez por se ter a consciência pesada, Cavaco ficou-se por um comunicado oficial igual a muitos outros.

Quando li o comunicado já quase não fiquei indignado aos poucos vamo-nos habituando ao conceito de dignidade de um Palácio de Belém cada vez mais transformado na Quinta da Coelha. É uma cultura que vem de longe, uma mistura do Chico espertismo, presente nos negócios mobiliários e imobiliários, com um complexo saloio de inferioridade que ficou evidente na tese do país transformado no bom aluno graxista.
 
Esta cultura está entranhada nessa classe de idiotas oportunistas a que se convencionou chamar cavaquistas, bem como em boa parte daqueles que envergonhados ou zangados mais com os cavaquistas do que com o cavaquismo optaram pelas teses liberais que muitas vezes servem apenas para encobrir tentações fascistas. Esta gente está disposta a perder a dignidade e a forçar o país a curvar-se para defenderem os seus interesses patrimoniais e assegurar a manutenção do poder.
 
Temos um presidente que enriqueceu com negócios inexplicáveis à luz das teorias económicas explicadas nos seus próprios livros e artigos, a má moeda foi revalorizada e hoje é patrono da caridade nacional, o candidato a Belém em tempos entre mentiras  e golpes de bastidores foi nadar no meios dos cagalhões do Tejo para fazer provas das suas aptidões para autarca da capital, enfim, um queria ser presidente porque sabia de economia e era capaz de subir a coqueiros, agora temos outro que sabe de tudo e é capa de mergulhar no meio da merda.
 
Há quem diga que somo um protectorado, que perdemos a soberania, mas estamos muito pior, muito mais grave do que termos perdido a soberania foi termos perdido a dignidade, com ministros, primeiro-ministro, presidente do parlamento e os condóminos da Quinta da Coelha a curvarem-se de forma subserviente perante meros técnicos das organizações internacionais.
 

Nelson Mandela perdeu a liberdade durante trinta anos mas nunca perdeu a dignidade, estes quiseram ser mais troikistas do que a troika e venderam a dignidade do país a trocos de jogos de bastidores com essa troika de que agora se queixam chorando lágrimas de crocodilo.