Era de supor que o objectivo político do PS seria de fazer uma oposição ao governo, enquanto maior partido da oposição cabe-lhe oferecer uma alternativa aos governo, uma alternativa que fosse de esperança para os que estão a ver os filhos partir para o estrangeiro, para os que viram a sua empresa engolida por excessos ideológicos de austeridade, para os que viram a sua escola transformada em centro de recolha de jovens.
Mas basta olhar para as sondagens para se perceber que o PS não está sendo a alternativa que os seus simpatizantes esperam, nunca um governo foi tão mau e incompetente e, no entanto, o PS não cresce nas expectativas eleitorais, levando muitos dos que não aceitam este governo a começar a equacionar a hipótese da abstenção. Este PS é tão mau que qualquer militante desavindo do PCP ou do BE já se imagine a criar mais um partido e a candidatar-se a um lugar no confortável parlamento europeu. Não admira que aos poucos os PCP vá voltando ao estatuto de grande partido.
A estratégia da direita em relação ao PS é fazer passar duas mensagens, que Seguro é incompetente e que entre Seguro e Passos não existe grande diferença. Pelos resultados das sondagens eleitorais, ainda que muito provavelmente ajeitadas por falsos estatísticos, a direita está conseguindo fazer passar as duas mensagens. Mais grave do que os resultados das mensagens é o que o Zé povinho vai dizendo, por mais que Seguro reproduza os queixumes de populares, a verdade é que muitos desses cidadãos a que as elites designam por “populares” dizem em surdina que Passos e Seguro são farinha do mesmo saco.
E quando se sabe que um porta-voz arranjou melhor tacho, quando se vê um tal Brilhante a falar ou quando se ouve um Beleza dizer que acabava de uma assentada com a ADSE fica-se com a sensação de que nada mudava se Passos e a sua seita passasse para o PS e a equipa do PS assumisse funções governamentais.
Há três anos que Seguro nada faz senão tratar da sua própria imagem, o PS não tem ideias, não tem projectos, não oferece alternativas, não faz oposição, a liderança do PS parece apreciar o conforto de ser oposição tranquila e limita-se a tratar da imagem de Seguro.
Seguro escolheu os valores do madeiro de Penamacor, uma tradição de origem pagã convertida em símbolo natalício, para explicar aos muitos portugueses que não partilham dessa tradição os valores da solidariedade. Num ano em que o madeiro foi suspenso em muitas localidades o de Penamacor realizou-se. Resta saber se Seguro esteve presente para queimar na fogueira da sua terra a esperança de mudança de muitos portugueses, pelo menos daqueles que insistem em defender uma mudança no quadro de uma sociedade democrática.