sexta-feira, dezembro 27, 2013

O espectáculo da esquerda

Com os mais pobres a sofrer como há muito não se via, comas bandeiras sociais da esquerda a serem fortemente atingidas, com o país a ser governado por políticos que pedem ajuda a estrangeiros para imporem as suas ideias ao país contra a vontade dos portugueses, com um presidente de letra pequena a ignorar de forma cada vez mais ostensiva o seu alheamento em relação aos valores constitucionais, seria de esperar que a esquerda, unida ou não, a reagir. Mas não isso que sucede e o espectáculo que partidos e uma boa parte da esquerda exibe é miserável e pouco digno.
 
Veja-se o que se passa na esquerda conservadora, nessa salada de velhos estalinistas e trotsquistas que depois de um banho de cromado se exibem como a esquerda moderna. Cada um que se zanga reúne os amigos num qualquer salão, escolhe a sigla para o novo partido e informa o povo de que está disponível para um lugarzito no parlamento europeu. O mais fino agora é fugir para o parlamento europeu, aquilo é mais “nice”, dá melhor imprensa e os vencimentos não sofrem com a austeridade.
 
Até os velhos militantes comunistas que não viram o seu partido reconhecer os anos de serviços e as novas habilitações académicas assumem o pesado fardo de unir a esquerda, oferecem os seus préstimos ao povo a troco de um lugarzito em Estrasburgo, coisa pouca para quem vai conseguir unir em dias aquilo que o próprio levou décadas a dividir. Enfim, o velho combatente da unicidade sindical oferece-se agora para a batalha da unicidade política a troco de um confortozinho europeu, livre de impostos e com viagens pagas. Não deixa de ser curioso que estes missionários da unificação da esquerda queira todos unir o país e serem premiados em Estrasburgo e Bruxelas, enfim, mais um pesado sacrifício para o qual humildemente se oferecem em nome do povo.
 
O PCP quer derrubar o governo porque, muito provavelmente, começa a achar monótono lutar com a direita e estará com saudades de derrubar mais um governo do PS, não admira que as grandes lutas sindicais tenham deixado de ser os tradicionais bastiões da classe operária para passar a ser o pessoal da limpeza da CML, ao combaterem António Costa já estão em sessões de aquecimento para o que aí vem. É evidente que o PCP não está pensando em grandes conquistas sociais e o seu discurso foi sempre o de que os governos do PS estão mais à direita do que os de direita, imagine-se o que vai ser com o Seguro. Então que razões levam o PCP a querer eleições? Desde logo porque poupa nas sondagens e, como diria qualquer analista da bolsa de valores, o PCP pretende realizar as suas mais-valias políticas.
 
No PS a situação chega a ser caricata, a oposição é deixada a alguns deputados enquanto a direita não se cansa de poupar Seguro, sugerindo que o pobre coitado não se pode unir ao seu velho amigo Passos Coelho por causa dos perigosos socráticos. Seguro agradece a bondade da direita e lá continua a sua cosmética política para que o povo perceba que ele é um rapazinho mais bonito que José Sócrates. Infelizmente o povo não percebe que há uma grande diferença entre os liberais de direita do Passos Coelho e os liberais de esquerda do PS, que o diga um Tal Beleza, braço direito do líder do PS que de garantiu que de uma penada acabava com a ADSE, provando que os liberais de esquerda têm melhores projectos do que os liberais de direita.
 

Entretanto quem se lixa é o povo, ou, como alguns gostam de dizer, o povo de esquerda. Os políticos de esquerda escolheram o momento mais difícil de muitos portugueses para exibirem o seu lado miserável. E se uns dão o cu e cinco tostões para emigrarem Estrasburgo, há quem já lá esteja e tenha colocado a sua alma à venda num leilão desta imensa bolsa de vira casacas em que estamos metidos. Enquanto o povo vai sofrendo esta gente luta para manter ou para conseguir um tacho miserável no parlamento europeu.