quinta-feira, dezembro 05, 2013

Será complexo de inferioridade?

É uma pena que não exista a tradição de se proceder a comentários acerca do perfil psicológico dos políticos, talvez se perdesse menos tempo pois muitas vezes as políticas, tal como os tiques, explicam-se mais facilmente no domínio psicológico do que político ou ideológico. Muitas vezes chamamos ultra-liberal ou comunista a alguém quando, afinal, as suas opções explicam-se mais por problemas do foro psicológico ou psiquiátrico do que por questões de opção ideológica.
  
Veja-se o ar emproado que agora é exibido por Passos Coelho, dantes tinha o andar descontraído de quem está habituado a pistas de dança, agora parece que engoliu uma cana de pesca, anda direitinho e é o mais emproado dos primeiro-ministros que Portugal teve. Parecido com ele só Cavaco Silva e se assim é seria interessante perceber se as semelhanças resultam de pertencerem ao mesmo partido ou de tiques psicológicos.
  
Um dos aspectos mais curiosos deste governo é a quantidade de jovens tigres formados em boas universidades que estão no governo ou são adjuntos e assessores. ter´isto algo que ver com o facto de Passos Coelho, Miguel Relvas, Maria Luís Albuquerque e mais uns quantos membros deste governo terem cursos tirados em universidades de qualidade questionável? Fica-se com a sensação de que Passos Coelho se sente atraído por gente que conseguiu aquilo de que ele e os seus mais íntimos não foram capazes.
  
Outro tique que parece ser mais do foro psicológico do que do domínio da política é a relação de ódio que Passos Coelho parece ter com os funcionários públicos. Mais austeridade ou menos austeridade, fica-se com a sensação de que Passos Coelho sente um prazer íntimo em tramar funcionários públicos, ao ponto de parecer achar que um médico experiente que trabalhe no Estado não merece ganhar mais à hora do que uma empregada doméstica, enquanto que se for do privado deve ter o direito ao céu.
  
Compreendo o sentimento de Passos Coelho em relação aos funcionários públicos qualificados, aqueles que mais são perseguidos pelas suas medidas, trata-se de gente mais qualificada do que o primeiro-ministro, que tirou o curso cedo e em boas escolas e que entraram na profissão por concurso. Passos Coelho estudou tarde, numa universidade sem grande credibilidade e na hora de trabalhar fê-lo numa empresa de Ângelo Correia. Quando decidiu ter uma iniciativa empresarial optou por uma empresa da treta cuja actividade seria alimentada por amigos das autarquias.
  
A história está cheia de políticos que actuavam condicionados pelos seus próprios complexos. É o povo que diz que homem pequeno ou velhaco ou bailarino, isto é, há uma grande probabilidade de os complexos levarem as pessoas a actuar segundo ódios gerados por esses mesmo complexos. Quando observo a actuação de Passos Coelho enquanto primeiro-ministro sinto-me como uma vítima dos seus complexos, sinto que sou alvo de um ódio descontrolado só pelo facto de ser funcionário público.