sexta-feira, dezembro 13, 2013

Viva a República da Irlanda

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Eu sei que esta coisa de ter nascido no Algarve, com costela espanhola e, ainda por cima, na localidade algarvia que fica mais perto do mundo árabe não é dos melhores cartões de visita para andar armado em celta e muito menos em irlandês nascido tuga. Aliás, não conheço nenhum “cenoura” na minha terra, o melhor que posso arranjar é a esposa de um, o Jorge Sampaio.
  
Mas como me deram a escolher entre ser grego e ser celta opto pela segunda hipótese, ainda que um apelido de origem judaica mais um ar moreno não ajude nada. Mesmo assim insisto em ser irlandês e pelo andar da carruagem ainda vou começar a fazer as malinhas pois mais tarde ou mais cedo ainda me arrisco a ter de pedir asilo político por me recusar a viver nesta imensa Quinta do Coelho.

Isto de ser irlandês tem as suas vantagens, desde logo os irlandeses só comeram meia doe de austeridade porque o seu governo optou por não ser troikista, não teve nenhum governante com a alcunha do alemão (ainda que eu ache que ao rapazola ficaria melhor a alcunhe de Boche, se alguém assim o desejar ainda admito que leve mais um r) e como se tudo isto fosse pouco imaginem que nem o Passos, nem o Portas, nem o Cavaco são irlandeses, vejam bem a sorte que os celtas tiveram.
  
Viva a República da Irlanda que vai ser independente a partir do próximo domingo, os irlandeses estão de parabéns, recuperaram a soberania sem terem que aturar aqueles fulanos com cara de imbecis que vêm encomendar austeridade e salários miseráveis. Mas, acima de tudo recuperam a soberania sem terem de recuperar a dignidade, os seus governantes não se rebaixaram nem lamberam as botas aos técnicos da EU e do FMI.
  
Na Irlanda a austeridade foi menos brutal, na Irlanda as medidas aplicadas foram negociadas e apoiadas pelos sindicatos, na Irlanda não se aproveitou a crise para a direita ou a esquerda se vingar do passado. Ainda bem que o governo irlandês gosta do seu povo, não se rebaixou perante meros técnicos da troika, não ofenderam a Grécia dizendo que não queriam ser gregos e tanto quanto me foi dado a saber nunca disseram que queriam ser portugueses.
  
Viva a República da Irlanda!