É uma tradição portuguesa lançar pacotes de dinheiro para supostamente atingir determinados objectivos, parta promover as energias renováveis, para ajudar à modernização deste ou daquele sector, para isto e para aquilo. O ponto mais alto desta orgia de dinheiros públicos foi quando chegaram as ajudas comunitárias concedidas ao país aquando da adesão à CEE e que desde então tem alimentado os bolsos de muita gente.
Mas, tanto quanto me lembro, nunca ouvi falar de um estudo sério que visasse avaliar o impacto destes investimentos generosos, normalmente gasta-se o dinheiro, uns tempos mais tarde muda o governo e o assunto cai no esquecimento. Não à dinheiro para modernizar as esquadras e os meios das polícias, para modernizar as escolas e para muitas outras coisas mas para dar 180 milhões de euros para as corticeiras Sócrates tira o coelho da cartola. É notícia num dia e no outro estão esquecido.
Em menos de nada as empresas do sector vão apresentar projectos suficientes para esgotar a verba, empolam custos e financiam-se à custa do erário público. Apresentam projectos que nem no tempo das vacas gordas lhes ocorreria, apresentam custos salariais que nunca pagaram, embrulham tudo em dossier muito bonitos e quando ocorrer a próxima crise voltarão a bater à porta do ministro da Economia.
Tenho muitas dúvidas quanto às vantagens destas ajudas que mais do que estimular a competitividade favorecem a preguiça e a subsídio dependência. Preferia que fossem adoptadas medidas que favorecem as empresas competitivas do sector como, por exemplo, reduções nos impostos. Assim estaria certo de que iria financiar os mais capazes em vez de alimentar os mais preguiçosos.
Num dia o Governo faz um grande alarido com as ajudas aos desempregados que estão em risco de perder a casa que compraram a crédito, no outro é lançado o pacote para os corticeiros. A ajuda aos desempregados teve honras de apresentação no parlamento e encheu os jornais, a ajuda aos corticeiros pagaram as palmas ao primeiro-ministro numa sessão para empresários do sector. A ajuda aos desempregados endividados vai custar 10 milhões de euros, a ajuda aos corticeiros custará 180 milhões.
A construção de uma nova esquadra para substituir a que o ministro da Administração Interna encerrou no meu bairro, agora sem qualquer policiamento e com dois barros onde João Soares concentrou uma boa parte da criminalidade de Lisboa, teria custado 500 mil euros.
Alguém me explica com que critério está a ser gasto o dinheiro dos contribuintes?