terça-feira, março 03, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Cemitério dos cães, Jardim Zoológico de Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Pavel Rahman/Associated Press]

«A Bangladeshi army officer cried as he carried the coffin of a colleague in a mass state funeral for 49 army officers and one family member in Dhaka Monday.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Cavaco Silva, Presidente da República

Não faz sentido invocar o facto de a Comissão da União Europeia estar a "promover a definição de critérios fiáveis e de indicadores objectivos sobre o pluralismo dos meios de comunicação social" para vetar uma lei votada no parlamento. Por este andar os órgãos de soberania, eleitos pelos portugueses, terão de pedir autorização a Durão Barroso, que não foi eleito por nenhum europeu, para legislar sobre toda e qualquer matéria, basta que o presidente da Comissão manifeste a intenção de pensar sobre o assunto para que Cavaco Silva ache que Portugal deve ficar à espera.

A isto chama-se provincianismo.

VER NOVAMENTE?

Santana Lopes não quer esperar e já lançou a sua página na Net, uma página em Flash que não diz quase nada e termina de uma forma curiosa: perguntando se queremos ver novamente. Terá sido coincidência?

A ESCOLHA DE VITAL MOREIRA PARA CABEÇA DE LISTA DO PS ÀS EUROPEIAS

Confesso que não dou grande importância às eleições europeias, por detrás de muito discurso europeísta o que está em causa para muitos candidatos europeus é um bom emprego, por isso estava e estou a equacionar a hipótese de não me envolver nesta campanha nem sequer votar nas eleições. Veremos se Vital Moreira me consegue convencer a mudar de posição.

AVES DE LISBOA

Toutinegra-de-barrete-preto fêmea [Sylvia atricapilla]

A DESUNIÃO DA UNIÃO

«"A história diz-nos que as medidas proteccionistas prejudicam não só os outros países, mas também aqueles que as tomam", escreveu o ministro chinês do Comércio no Wall Street Journal. O ministro lembrou que em 1930 os Estados Unidos ergueram altas barreiras alfandegárias às importações, na sequência da crise desencadeada na bolsa em 1929. Seguiram-se retaliações dos parceiros comerciais dos EUA, com subidas de direitos aduaneiros, desvalorizações competitivas das moedas, etc. O comércio mundial registou em 1932 apenas um terço do volume alcançado três anos antes. E nesses três anos as exportações americanas recuaram de 5200 milhões de dólares para 1200 milhões.

O Financial Times alertava no sábado para que o comércio internacional, o grande motor da expansão económica desde a Segunda Guerra Mundial, está agora a diminuir a um ritmo muito superior ao da queda do produto. Em parte por causa das restrições ao crédito, mas também porque regressou o proteccionismo, não obstante as piedosas afirmações antiproteccionistas feitas na cimeira do G20 em Novembro.

A crise económica gera protestos sociais, levando os políticos a pseudo-soluções de índole populista, como o proteccionismo. Acontece em muitos países, desde os EUA à Índia, passando pela Europa. Na UE está em risco o mercado único, com a sua livre circulação de pessoas, serviços, mercadorias e capitais no espaço comunitário. O proteccionismo afecta o intercâmbio no interior da UE, minando o próprio projecto de integração.

Sarkozy anunciou há meses a criação de um fundo para impedir a compra por estrangeiros de grandes empresas francesas. Perante a passividade de uma Comissão Europeia crescentemente apagada, disse depois que não apoiaria a indústria automóvel da França para ela investir em filiais na República Checa. Entretanto, Gordon Brown não condenou abertamente a revolta dos operários britânicos contra italianos e portugueses empregados numa refinaria no Reino Unido - ele tinha dito, em 2007, que queria empregos britânicos para trabalhadores britânicos. Angela Merkel desinteressou-se durante meses dos problemas dos seus vizinhos, esquecendo quanto a economia alemã depende das exportações para esses países em crise.

A ausência de coordenação na UE dos planos nacionais de apoio à banca e ao relançamento das economias traduz-se, na prática, em políticas proteccionistas. A Comissão percebeu-o, finalmente, quanto ao sector automóvel. Talvez tarde de mais, pois o nacionalismo económico já lançou o maior desafio de sempre à integração europeia. Um desafio agravado pelas novas manifestações de "directório" por parte dos maiores Estados-membros da UE, que decidem sem ouvir primeiro os outros países.

A solidariedade europeia está ainda a ser posta à prova em duas outras frentes. Alguns países da moeda única - Grécia, Irlanda... - ameaçam bancarrota e os mercados financeiros mostram-se cada vez mais nervosos e exigentes. As regras do euro impedem a União de resgatar os falidos. Mas alguns países-membros poderão fazê-lo. O Governo alemão já deu sinais de encarar essa hipótese. Mas terá o apoio da opinião pública germânica? Há eleições em Setembro na Alemanha.

O outro problema está nos alarmantes défices externos de alguns novos membros da UE, que ainda não fazem parte do euro. As suas moedas desvalorizam-se dramaticamente e os seus sistemas bancários estão em crise aguda. Numerosos bancos dos países da Europa Central e de Leste são maioritariamente detidos por bancos ocidentais. Em tempo de escassez de capitais, muito dinheiro tem sido repatriado para as sedes, colocando as filiais em dificuldades.
O Banco Central Europeu, juntamente com outras entidades internacionais, já ajudou a Hungria, a Letónia e a Polónia a enfrentarem crises cambiais. E o Banco Europeu de Investimento vai apoiar a banca do Centro e de Leste. Mas, se os problemas se agravarem, como tudo indica, a solidariedade europeia exigirá medidas drásticas.

Os ideais da integração europeia estão hoje a ser contrariados por um nacionalismo populista de mau agoiro. Até o regresso do anti-semitismo parece tomar forma. Contra esta tendência não chega a retórica dos políticos, muitas vezes hipócrita e falsa: tornam-se indispensáveis acções coerentes com as palavras. As boas intenções contam pouco, como já se viu.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Francisco Sarsfield Cabral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ESCOLAS EM AUTO-GESTÃO

«Os presidentes dos conselhos executivos das mais de 200 escolas que se opõem ao actual modelo de avaliação estão a dispensar da entrega de objectivos individuais os professores que ainda não o fizeram. Isto apesar de os fundamentos da decisão estarem ainda longe de ser consensuais.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Seria interessante divulgar os resultados destas escolas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Substituam-se os conselhos executivos destas escolas.»

TENTARAM ENTRAR NO SISTEMA INFORMÁTICO DA PROCURADORIA

«A Procuradoria-Geral da República garantiu, esta segunda-feira, que "não houve qualquer violação do sistema informático" da PGR/Departamento Central de Investigação e Acção Penal, embora tenham sido "detectadas tentativas de intromissão".

"Apenas foram detectadas tentativas de intromissão e anomalias no funcionamento da rede, que estão ultrapassadas", referiu à Agência Lusa o gabinete de imprensa do procurador-geral, Pinto Monteiro, acrescentando que a "administração do sistema informático da PGR/DCIAP é da responsabilidade da Procuradoria".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Depois da devassa de tudo quanto é processo o mínimo que se pode dizer é que é mais fácil pedir uma cópia dos processos do quem entrar por via informática.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a competente gargalhada.»

MAIS UM CRIME AMBIENTAL LAMENTÁVEL

«O macho do único casal de águia-imperial Aquila adalberti que nidificou com sucesso em Portugal em 2008 foi encontrado morto na última quinta-feira com chumbos de caçadeira, na área do Vale do Guadiana. O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) vai apresentar queixa-crime contra incertos.

O corpo da ave, de uma espécie classificada como Criticamente em Perigo e que só existe em Portugal e Espanha, foi encontrado junto ao seu ninho na quinta-feira, na área do Vale do Guadiana, em zona de caça associativa já fora do Parque Natural mas dentro de uma ZPE (Zona de Protecção Especial). A cria tinha abandonado o ninho, no final do Verão, e é actualmente autónoma em relação aos pais.» [Público]

Parecer:

Anda por aí muito caçador que até baleava a mãe se esta usasse asas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aumentem-se as exigências na concessão da carta de caçador e obriguem-se todos os portadores a exames periódicos.»

VENEZA VISTA DO AR [Link]

ANATOLIY NKALUGIN

REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS