sábado, março 14, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Pormenor de estátua no topo do Arco da Rua Augusta, Lisboa

IMAGENS DO DIA

[Alexander Natruskin/Reuters]

«Soldiers dressed in historical uniforms opened the doors for Russian President Dmitry Medvedev as he entered a Kremlin meeting Friday. In a rare move, Mr. Medvedev invited local lawmakers to remark on the government’s handling of the economic crisis.» [The Wall Street Journal]

[Elizabeth Dalziel/Associated Press]

«National People’s Congress delegates voted Friday in Beijing. The nearly 3,000 delegates approved a national budget for the coming year that boosts government spending by 25%.» [The Wall Street Journal]

[Sukree Sukplang/Reuters]

«Elephants enjoyed blocks of ice containing fruit during National Elephant Day celebrations at Ayutthaya Elephant Palace and Royal Kraal near Bangkok, Thailand, Friday. » [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Carvalho da Silva, militante do PCP destacado na CGTP

Na pequena entrevista dada à RTP durante a manifestação Carvalho da Silva foi claro quanto ao seu objectivo, influenciar os resultados das eleições, só se esqueceu de dizer em quem sugere o voto. Mas não era difícil de adivinhar, bastava ver quais os líderes partidários presentes. Por outras palavras, Carvalho da Silva assumiu claramente objectivos político-partidários.

Carvalho da Silva só tem um pequeno problema, os eleitores do PCP e do BE podem promover uma manifestação de grandes dimensões, mas os manifestantes que estavam na Avenida da Liberdade não eram suficientes para eleger o presidente da Câmara Municipal de Sintra.

AVES DE LISBOA

Felosa-comum [Phylloscopus collybita]

POBREZA DESDOBRADA

«Desta vez foi na Quinta do Cabrinha, o bairro construído na Avenida de Ceuta, em Lisboa, para receber os habitantes do demolido Casal Ventoso. Uma série de pessoas ocupou casas que estavam vazias e foi despejada pela polícia. Directos no local dão a voz aos despejados: uma jovem mulher com um bebé ao colo explica que vivia na casa dos pais onde dormia no chão com os filhos, um dos quais "tem problemas" e que pediu à Câmara o "desdobramento" (jargão que refere a atribuição de uma outra casa a uma parte de uma família que vive num fogo de habitação social) mas "eles não deram". Perante a recusa, ela e o marido (que ficou detido) ocuparam uma casa "e agora não têm para onde ir". A repórter pergunta: "E a senhora estava disposta a pagar uma renda?" A resposta é não só afirmativa mas entusiástica: "Claro!". No fim, a repórter conclui: "Esta é só uma das versões".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Fernanda Câncio.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CAVACO EM BELÉM

«Por falta de assunto ou por espírito comemorativo, anda toda a gente por aí a fazer o balanço dos quatro anos de Sócrates (com melancolia, suponho) e dos três de Cavaco. Cavaco mereceu menos conversa. O país já não se lembra da campanha eleitoral do Presidente ou do ar patético do seu "Não me resigno!". Não se resignava (hoje parece irónico) à miséria e à estagnação de Portugal. Em 2009, perante o desastre, o tom mudou. Agora o Presidente, segundo ele próprio confessa, está "triste" e o extraordinário seria que não estivesse. O homem do "milagre económico", o sapientíssimo professor, assistiu inerme a um endividamento externo "explosivo" (palavra dele), a uma crise mundial que não previu e a um escândalo crescente de corrupção e fraude de que ninguém, nem ele suspeitava.

A presença de Cavaco em Belém, com a sua solenidade e o seu provincianismo, não serviu para nada. Não atenuou, como por exemplo a de Soares, a óbvia prepotência do Governo PS ou sequer protegeu quem lhe resistia. A "cooperação estratégica" (que era a negação da "força de bloqueio") durou, e só durou, enquanto foi do interesse de Sócrates (que não desceu a uma única concessão de essência) e acabou no momento em que as circunstâncias forçaram o primeiro-ministro a virar à esquerda. No estado comatoso da sociedade portuguesa, os "roteiros de inclusão" roçam o grotesco. E o prestígio internacional do Presidente começa lamentavelmente por não existir. Com 15 vetos (sete políticos, oito constitucionais), Cavaco ficou firmemente na irrelevância.

É, presumo, a isso que ele chama a sua "contribuição para a estabilidade", como se ela se reduzisse a uma espécie de paz podre entre o Presidente e o primeiro-ministro - como há vinte anos não houve entre Cavaco e Soares, para grande fúria de Cavaco - e não assentasse, de facto, na maioria absoluta do PS. E, no entanto, a corte de Belém persiste em ver no Presidente um "ponto de referência" (não se percebe de quê e para quem) e em lhe profetizar sempre mais poder e "espaço de manobra". Um poder e um "espaço de manobra" que ele manifestamente não tem. Não tem enquanto Sócrates controlar o partido e, com ele, o grupo parlamentar. E não terá, se a eleição de Outubro produzir uma Assembleia dividida, sem maioria do PS mas com maioria de esquerda. O fim deste mandato de Cavaco promete ser mau. E o princípio do outro, se ele se recandidatar, promete ser pior. » [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ANEDOTA DO DIA

«Manuel Alegre tem tido actos de coragem, de coerência, que mostram o seu valor e carácter". A frase é do líder do BE, Francisco Louçã, para quem a tese de uma aproximação do deputado do PS aos bloquistas "é uma especulação sem qualquer sentido".» [Correio da Manhã]

Parecer:

Este Louçã além de ser arrogante tem sentido de humor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a competente gargalhada.»

O MAIS RICO ESTÁ MAIS POBRE

«Perdeu mais de metade da sua fortuna mas continua a ser o português mais rico do mundo. Segundo a revista Forbes, Américo Amorim ocupa a 183.ª posição na lista dos milionários de 2009, com os seus 3,3 mil milhões de dólares (cerca de 2,6 mil milhões de euros), contra os sete mil milhões (5,5 milhões de euros) que a revista lhe atribuía no ano passado. De fora ficou, pela primeira vez desde 2004, Belmiro de Azevedo.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Tão forreta com os seus trabalhadores mas acaba de perder 2,6 mil milhões de euros.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Manifeste-se a nossa solidariedade com Amorim.»

PINTO DA COSTA JURA "PERANTE DEUS"

«O presidente do F. C. Porto, Pinto da Costa, considerou a acusação do "caso do envelope" do "Apito Dourado" uma "tramóia" e jurou inocência perante a juíza do processo e "perante Deus".

Pediu mesmo "que caiam todos os males" sobre quem esteve na origem da "tramóia" e da "maquiavélica" suspeição levada a julgamento. Numa declaração ao tribunal, após as alegações finais, o dirigente portista disse ser "totalmente falso" que tenha dado "o que quer que fosse" ao árbitro Augusto Duarte "com envelope ou sem envelope".» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Esta do Pinto da Costa recorda-me uma outra jura, "juro pela saúde do meu gato, se não morrer o mato".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Pinto da Costa que não use o nome de Deus em vão, ainda que não viole nenhum regulamento da Liga é pecado.»

APROVADA LEI DO PÃO INSONSO

«O Parlamento aprovou esta sexta-feira um diploma socialista para a distribuição de frutas e legumes nas escolas e outro que limita o teor de sal no pão, projecto que recebeu o voto contra de cinco deputados do CDS.

Os dois diplomas mereceram a quase unanimidade das bancadas, mas o projecto de resolução que visa limitar o sal no pão recebeu o voto contra de cinco de deputados da bancada do CDS-PP, entre os quais o vice-presidente do grupo parlamentar, Pedro Mota Soares, que pediu a liberdade de voto da bancada nesta matéria, e uma abstenção do deputado do PSD Mendes Bota.» [Jornal de Notícias]

Parecer:

Um dia destes vamos ficar todos para semente de repolho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Coitadas das crianças.»

CHEV CHELIUS

DECATHLON