É este “complexo de esquerda” que une velhos “senhores da guerra” do antes do 25 de Abril e grupos de intelectuais que querem chegar a ministro sem tirarem as pantufas, que ainda justifica a existência do PSD, uma originalidade política europeia, um partido de direita que se apropriou sem complexos da designação “social-democrata”, acenando com uma ideologia que detesta. Até há quem diga que no PSD há social-democratas, até o Pacheco Pereira não perde a oportunidade para se afirmar de esquerda, mas a verdade é que o ódio de comunistas a social-democratas só é igualado pelo ódio das personalidades que no PSD mais se dizem identificar-se com a social-democracia com a própria social democracia. Um bom exemplo disso é Cavaco Silva que se fez social-democrata por conveniência mas foi o coveiro do governo do bloco central. nbasta ver as preferências destes "social-democratas" portuguesas em eleições de outros países para se perceber quão são social-democratas.
O PSD tanto é “social-democrata” como poderia ser outra coisa qualquer, é formado por gente que vai quase da extrema-direita ao centro-esquerda, o que os une não é qualquer ideologia ou projecto político, juntaram-se para gerir o poder e, em regra, obedecem a quem tem melhores condições para chegar a esse poder.
Só que desde 1995 o PSD governou apenas durante dois anos e é muito provável que venha a estar quatro anos fora do governo, isto é, arrisca-se a que passe quase 18 anos seguidos na oposição. Isso explica que nos 14 anos já passados quase não tenha aparecido uma cara nova, o próprio Pedro Passos Coelho já anda na liderança do PSD desde o tempo de Cavaco Silva, as novas caras que apareceram ou são pouca coisa, como Miguel Relvas, ou foram um falhanço político como é o caso de António Preto.
O PSD de hoje é um partido sem projecto, sem programa e sem ideologia, não passa de uma coligação de autarcas, uma mistura de populistas e caciques locais, com uma ou outra personalidade que não corresponde a esse figurino, como é o casa de alguns dirigentes ou potenciais dirigentes nacionais, que se refugiaram no poder local como forma de exílio político enquanto o PSD está longe do Governo.
A verdade é que sem capacidade que teve no passado de trazer para a política activa as elites urbanas o PSD tem-se vindo a esvaziar, esgotado por dirigentes sem ideias, ideologia ou projecto político, dirigentes que se candidatam e gerem o seu discurso político em função dos acontecimentos e das sondagens.
Com o governo de Pedro Santana Lopes o PSD bateu no fundo, foram muitas as vozes que falaram e refundação da direita, mas os cavaquistas preferiram fugir ao debate e lançar a renovação do programa do partido. Os resultados estão à vista, a direita está ao cuidado de Paulo Portas enquanto o PSD se vai transformando numa coligação de autarcas incapazes de assumirem um projecto nacional.