Esta agricultura foi arrasada pela combinação idiota entre uma PAC que esmaga os pequenos, ministros da agricultura cagões inchados por irem a muitos conselhos agrícolas em Bruxelas, autarcas idiotas que acham que o desenvolvimento se faz com desfiles carnavalescos em que o papel de rei é desempenhado pelo José Castelo Branco ou com a discoteca da astróloga Maia.
Visito o Pingo Doce e os produtos hortícolas ou frutas de produção nacional são tão escassos que até poderiam ser agrupados numa banca de produtos exóticos, encontrei melancias e pouco mais, mesmo as melancias é um caso raro pois na maior parte da temporada as melancias eram de origem espanhola.
Temos governos que só se preocupam com grandes investimentos, autarcas que gastam fortunas com discotecas e ganham votos com operações às cataratas, grandes superfícies cujos patrões estão entre os empresários que mais lições dão ao país (como Belmiro de Azevedo do Continente e Soares dos Santos do Pingo Doce) que destroem as empresas portuguesas abusando do poder que têm e desprezam a produção nacional.
O apoio aos grandes investimentos é necessário mas nunca resolverá o problema do desemprego e muito menos o da desertificação e da exclusão social das populações das regiões periféricas. A política agrícola é de uma grande importância para sectores como os cereais ou os lácteos mas despreza uma boa parte da população rural, principalmente aquela que sente mais dificuldades.
É possível multiplicar pequenas iniciativas locais, estimulando numerosas produções que estão ou foram abandonadas, explorando nichos de mercado onde os qualidade é uma exigência que se sobrepõe aos preços. Um pequeno exemplo, no centro e norte da Europa os figos são um produto de luxo vendido a vários euros a unidade, sendo, em regra, importados da Turquia, mesmo em Lisboa quando aparecem nas lojas são uma das frutas mais caras. Na serra do Algarve produzem-se figos de qualidade excepcional que ficam por apanhar ou nem entram nos circuitos de comercialização.
Os incentivos fiscais estão especializados em grandes empresas, os ministros só se preocupam com grandes negócios e negociatas, os bancos só emprestam a grandes empresas, a constituição e licenciamento de actividades empresariais é uma verdadeira extorsão, a formação profissional apenas serve para iludir o desemprego.
É preciso apostar nas pequenas actividade, tornar mais humilde o Estado, os governantes e a imensa procissão de assessores e funcionários. Imaginem quantas pequenas empresas com sucesso, quanto emprego teria sido criado só com as garantias dadas ao BPP, nem quero falar do que se enterrou para salvar o banco dos cavaquistas.