Imaginem que Sócrates tivesse feito um negócio de acções da SLN com ganhos de 100% num ano graças a acções cujos preços foram fixados por Oliveira e Costa. Imaginem se Sócrates tivesse feito algum investimento beneficiando de um crédito com juros favoráveis concedido pelo BPN. Imaginem se Sócrates tivesse beneficiado de mordomias no BPN ou se entre os financiadores do seu partido estivessem personagens gradas do BPN. Imaginem se algum familiar de Sócrates tivesse promovido negócios ruinosos com dinheiro do BPN.
A esta hora os procuradores não se teriam ficado por umas perguntas maldosas, não teriam andado a coçar-se durante seis anos e um conhecido sindicalista militante do PSD andaria eufórico. Mas tiveram azar, Sócrates não foi administrador do BPN, não negociou acções não cotadas com preços fixados por Oliveira e Costa, não se financiou naquele banco nem os seus responsáveis eram seus amigos íntimos.
Azar, tiveram que esquecer o caso BPN, que se lixem os responsáveis por um buraco de 2.400 milhões de euros, tiveram que ficar com o Freeport, ainda que a sua assinatura tenha valido uns trocos, muito menos do que valeu qualquer assinatura de Oliveira e Costa e Dias Loureiro, para referir apenas os mais conhecidos.
Os investigadores que investem recursos gigantescos no Caso Freeport, o Presidente da República que chamou a Belém o Procurador-Geral para se inteirar o processo, os sindicalistas que exigiram meios para levar a investigação do Caso Freeport até às últimas consequências, o próprio PSD que agora até questiona a decisão de nacionalizar o PSD salvando alguns dos seus, devem estar, só podem estar a gozar com o povo português.
Então andamos uma suspeita sem provas e pouco ou nada se faz para explicar aos portugueses quem foram os responsáveis por um buraco de 2.400 milhões de euros. A verdade é que no BPN seria possível identificar todos os que estiveram envolvidos em negócios ruinosos no ou para o BPN, seria igualmente possível quantificar os prejuízos que deram ou saber quanto é que cada um ganhou indevidamente.
Por muito menos os portugueses souberam dos negócios de alguns afilhados dos administradores do BCP, como se explica que com um buraco de 2.400 milhões de euros queiram fazer dos portugueses parvos e apenas apareceram os nomes de Oliveira e Costa e Arlindo Cunha?
Estão a gozar com o povo português e ainda por cima ganham muito mais do que a média dos portugueses, pior ainda, vivem melhor do que a maioria dos portugueses trabalhando muito menos graças aos impostos pagos por esses mesmos portugueses com que andam a gozar.