Veja-se o caso de Manuel Alegre que durante cinco anos coleccionava manchetes de jornais e aberturas de telejornais à custa dos seus ataques ao governo de Sócrates, promovido a candidato presidencial do BE e, depois, do PS optou pelo silêncio. Passam-se semanas sem aparecer, não opina sobre nada que o comprometa, comporta-se como um espelho sonoro de Cavaco Silva, como este está em silêncio ninguém ouve o mais pequeno murmúrio de Manuel Alegre. Abriu uma excepção com a designação do Chico Lopes para candidato presidencial e foi o que se viu, deu razão ao dito popular, disse uma série de banalidades mais próprias de um candidato a uma junta de freguesia de Amarante do de que um candidato presidencial.
Ouro bom exemplo do silêncio como estratégia política está a ser dado por Pedro Passos Coelho, depois de ter feito e dito uns disparates, dando razão ao dito popular, optou por um silêncio que só foi interrompido para dizer mais alguns disparates na festa do Pontal. O seu silêncio foi tal que o Expresso foi fotografá-lo à Manta Rota para produzir uma notícia sem qualquer declaração do líder. Mas Pedro Passos Coelho tem em relação a Alegre e a outros silenciosos candidatos presidenciais a vantagem de ter alguns vice-presidentes para dizerem disparates em vez dele.
Até o próprio Francisco Louçã, que gosta muito de se ouvir, parece ter optado por uma abordagem burguesa das férias de Verão, ao contrário de outras férias em que aproveitou a ausência dos adversários para chamar a si o protagonismo na comunicação social, o líder do BE quase desapareceu durante este Verão para aparecer na sua festa do Pontal.
Os políticos que estão mal nas sondagens não falam com receio de descerem, os que estão bem optam pelo silêncio para manterem a vantagem. É a estratégia do silêncio.