FOTO JUMENTO
Chapim-de-poupa [Parus cristatus]
Praia do Cabeço
JUMENTO DO DIA
Bastonário da Ordem dos Médicos
Questionada sobre se havia alguma queixa contra o médico que operou numa clínica privada de Lagos a Ordem dos Médicos respondeu que não confirmava nem desmentia, resposta estranha numa Ordem que não perde tempo para fazer declarações sempre que os interesses da classe são postos em causa.
Agora que se confirma a cegueira definitiva de três dos quatro doentes operados o bastonário da OM não pode ficar calado, até porque a confirmar-se que haviam mesmo queixas com cinco anos e nada fez é co-responsável neste crime. A OM não serve para abafar a actuação dos seus membros.
NÃOO HÁ RAZÕES ATENDÍVEIS PARA A AGENDA DO PSD
«O projecto político do PSD para a economia foi sintetizado pelo gestor Pedro Reis, responsável de Passos Coelho pela política empresarial, em entrevista ao i: "Os salários e os impostos estão 15% acima do que deviam." Assim se prova, pela enésima vez, que o pensamento neoliberal está hoje reduzido a uma fraude intelectual conveniente para um certo poder gestionário nacional, tão mal habituado quanto bem alimentado. Temos, por isso, de voltar aos assuntos de sempre desta coluna.
Num país onde 36% das empresas declaram ter proveitos para efeitos de IRC, é preciso ter lata para vir dizer que os impostos são altos. Altos para quem? O que se quer é pagar menos impostos sobre o rendimento, num dos países europeus onde o regressivo IVA mais pesa na estrutura de impostos. Enfim, trata-se do egoísmo a falar: quem cai nos últimos escalões do IRS geralmente tem o mau hábito de não usar os serviços públicos. Pagar impostos "altos" torna-se assim uma dispensável maçada.» [i]
Parecer:
Por João Rodrigues.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
JORGE JESUS,OBAMA E MICHELLE
«A colunista Maureen Dowd, do New York Times, meteu-se, este fim-de--semana, entre marido e mulher. O título da crónica é "Feliz Cumpleaños, and Adiós" (em anglo-espanhol, o que daria "Parabéns e bye-bye", em português). Fala da visita de Michelle Obama a Maiorca, tendo deixado o marido, solitário, a festejar o 49.º aniversário. Maureen Dowd não é cronista de fofocas, vive em Washington e os protagonistas dos seus textos são os grandes da política - já ganhou um Pulitzer. O que ela pretendeu com a crónica foi comentar o que interessava os seus leitores. Na semana passada falou-se muito da visita a Espanha de Michelle e do aniversário do Presidente. As pessoas comuns estranharam: "Então, ela deixou-o sozinho com o bolo de aniversário?" Uma das bizarrias do jornalismo americano é que bons jornalistas se interessam pelo espanto da gente comum. Alguns leitores mais cultos e exigentes - como, por exemplo, são todos os leitores portugueses - certamente que se incomodam por uma cronista conceituada não se dedicar exclusivamente ao tipo de manilhas capaz de estancar a hemorragia de petróleo no poço da BP, esse, sim, um problema a valer. Eu, se fosse jornalista americano, faria uma crónica a que, infelizmente, a grande exigência do jornalismo português me impede. O tema seria: a cabeleira de Jorge Jesus, ganhando, percebo; mas a perder ele corre grande riscos.» [DN]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
PARAR A HISTÓRIA
«Defender o Estado Social (ES) não está na moda. Tal como nas duas crises do petróleo, o ES foi considerado o grande culpado do excesso de consumo e da inflação.
A economia recuperou em outro patamar energético, Varreram-se deperdícios e durante duas décadas não se falou em crise do ES.
Até que os nossos amigos alemães nos puseram a pagar a factura da reunificação, com juros altíssimos, gerando depressão grave em 1993. Recuperámos, devido a uma redução conjunta do petróleo e do dólar e tivemos a bonança da segunda metade dos anos noventa, desaproveitada por pensarmos ser natural uma década seguinte a crescer a 3%. Nada de mais errado.
A primeira década do século tem crescido a metade desse valor, o que não dá para gerar emprego, agravando o seu mercado pela deslocalização da indústria manufactureira para os países terceiros, com a cumplicidade de grandes potências industriais europeias.
A grande crise surgiu em 2008, criada por papéis tóxicos, vindos dos EUA e tomados como bons pelos deslumbrados da "inovação" financeira. Bateu forte e feio: crise bancária nunca vista na Europa, crise no comércio e na produção, bolha na imobiliária, crise grave no emprego. A tudo acrescem necessidades sociais crescentes: novas tecnologias de saúde, envelhecimento, imigração com diferentes padrões sociais e culturais, até novas pandemias.
Regressámos ao fantasma do peso do Estado Social. Com argumentos acrescidos. Não há ninguém nas nossas proximidades que não conheça desempregados que não aceitam os empregos que lhes são oferecidos, as fraudes nos rendimentos de apoio social, a par de emigrantes do Leste que se comportam assertivamente e do Sul que se comportam diferentemente. Daí até à condenação do Estado Social vai apenas um pequeno passo.
Eis por que é tão importante reformar o Estado Social e ao mesmo tempo defendê-lo.
Sem ideologia todos nos perdemos, mas como não vivemos dela, temos que reconstruir direitos que as gerações sofridas nos legaram. Eis por que me parece tão censurável a posição dos que pretendem destruir o que a Europa gerou, como a daqueles que se julgam ainda nos anos de ouro do pós-guerra, e que nada aceitam mudar.
Quando se fizer a história destes anos contraditórios ficaremos a saber o mal que nos têm causado os imobilistas. Afinal, os que julgam possível parar a História.» [DE]
Parecer:
António Correia de Campos.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
EMBAIXADORES MERGULHAM VESTIDOS NA PISCINA PARA PAGAR APOSTA DO MUNDIAL
«Os embaixadores dos EUA e do Reino Unido no Tadjiquistão mergulharam numa piscina completamente vestidos para pagar uma dívida de jogo relativa ao Mundial de Futebol. Os diplomatas apostaram no jogo da primeira ronda entre as selecções dos seus respectivos países. A penalização do derrotado era um mergulho, mas como o jogo terminou com um empate (1-1), acederam ambos a mergulhar quando se encontraram em Dushambe. » [CM]
PSICÓLOGO A FAZER DE ASSISTENTE DE OFTALMOLOGISTA
«O assistente do médico holandês que operou as quatro pessoas em risco de cegar na clínica I-Qmed, em Lagoa, Albufeira, é psicólogo. Reinaldo Bartolomeu apresenta- -se como "assistente em oftalmologia", uma especialidade que a Ordem dos Médicos (OM) não reconhece. E, segundo familiares dos doentes, era quem dava informações e terá acompanhado Franciscus Versteeg na cirurgia.
Reinaldo Bartolomeu "é psicólogo e assistente de oftalmologia tendo extensivamente trabalhado com o médico durante os últimos seis anos. Devido à sua participação em vários seminários, formações sobre qualidade na saúde, cirurgia refractiva e cirurgia à catarata, considera-se importante o acompanhamento do paciente durante as consultas e tratamentos, prestando qualquer esclarecimento adicional por forma a que paciente se sinta confortável e sem dúvidas", assim é apresentado o psicólogo na I-Qmed. A página na Net da clínica indica, ainda, que é licenciado em Psicologia pelo Instituto Superior Dom Afonso III e frequenta o 2.º ano do Mestrado em Piscologia Clínica.» [DN]
Parecer:
Se é mesmo verdade que a Ordem dos Médicos tinha recebido queixas há cinco anos é co-responsável pela sitaução criada.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apresente-se queixa contra a Ordem dos Médicos.»
A VINGANÇA DE PEDRO SANTANA LOPES
«Pedro Santana Lopes voltou ontem a deixar um recado claro sobre as presidenciais de 2011: "É mesmo necessária outra candidatura." Alternativa já se vê à de Aníbal Cavaco Silva, que todos esperam que se recandidate a Belém.
O antigo primeiro-ministro, que foi um dos primeiros a rebelar-se contra a promulgação da lei do casamento homossexual, tendo logo nessa altura defendido um outro candidato de centro-direita, renovou o apelo no seu blogue, na sequência da entrevista de Proença de Carvalho à SIC Notícias. » [DN]
Parecer:
PSL deve estar doidinho por se vingar de Cavaco Silva.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para se ver se PSL avança mesmo com candidatura.»
POLÍCIA BRASILEIRA QUER INVESTIGAR DUARTE LIMA (?)
«Saiu do prédio onde morava, na Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, ao princípio da noite, para ir ter com Duarte Lima. Tinha-se queixado a amigas ao longo do dia de que estava "pendurada" à espera do advogado. Supostamente iriam discutir questões relacionadas com o seu património, avaliado em dezenas de milhões de euros, com bens espalhados por Portugal e pelo Brasil. Levava apenas uma bolsa e uma pasta com documentos. Menos de três horas depois, seria abatida a tiro, segundo as perícias médico legais. O corpo foi descoberto a cerca de 90 quilómetros, na Região dos Lagos, com dois tiros no peito e um na cabeça. Tinha todas as jóias, dinheiro e cartões. Faltava apenas a pasta com documentos.
É precisamente os acontecimentos que tiveram lugar durante estas duas horas que, apurou o JN, colocam Duarte Lima no centro deste caso, do ponto de vista da justiça brasileira, uma vez que as explicações fornecidas pelo advogado, por escrito, não terão convencido os investigadores.
Duarte Lima - que tinha chegado dias antes ao Brasil, via Belo Horizonte, e percorrera durante seis horas, ao volante de um carro alugado, a distância até ao Rio de Janeiro - terá dito que esteve num bar com Rosalina até que esta lhe pediu para a transportar até um local ermo, nas imediações do sítio onde foi assassinada. O advogado referiu que a deixou com uma mulher que descreveu e se foi embora por volta das 22 horas. A hora estimada da morte é 22.15 horas.
Esta versão, no entanto, apurou o JN, não está a convencer as autoridades brasileiras porque, entre outras razões, este procedimento de Rosalina Ribeiro não se coaduna com a sua conduta normal. Tinha medo de andar na rua e praticamente só saía acompanhada. No mínimo, informava as amigas de cada passo que dava e anotava sempre os encontros na sua agenda. Naquele dia, nem as amigas sabiam, nem foi encontrado qualquer registo, na sua agenda, sobre reuniões.» [JN]
Parecer:
Apesar de não gostar da personagem não me parece que haja matéria para o linchamento público iniciado pela comunicação social.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»