sexta-feira, agosto 13, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Galeirão-comum [Fulica atra], pinhal da Praia do Cabeço

JUMENTO DO DIA

Manuel Alegre

Agradeço qualquer informação sobre o paradeiro ou actividade político do candidato presidencial lançado pelo BE e apoiado penosamente pelo PS.

A justiça afunda-se? Alegre não aparece. O país arde? Alegre não aparece. Longe vão os tempos em que Alegre aparecia a todo o momento, aparecia quando o populismo se opunha ao encerramento de maternidades decadentes, aparecia para entregar declarações de voto por tudo e por nada, aparecia sempre que os jornalistas se reuniam para o ouvir desancar no governo do seu partido. Agora que é o país que está em causa e, finamente, forçou o PS a apoiá-lo Manuel Alegre desapareceu.

Resta-nos a esperança de que algum incêndio lhe pegue fogo ao rabo.

A SOLDADO DESCONHECIDA

«Josefa, 21 anos, a viver com a mãe. Estudante de Engenharia Biomédica, trabalhadora de supermercado em part-time e bombeira voluntária. Acumulava trabalhos e não cargos - e essa pode ser uma primeira explicação para a não conhecermos. Afinal, um jovem daqueles que frequentamos nas revistas de consultório, arranja forma de chamar os holofotes. Se é futebolista, pinta o cabelo de cores impossíveis; se é cantora, mostra o futebolista com quem namora; e se quer ser mesmo importante, é mandatário de juventude. Não entra é na cabeça de uma jovem dispersar-se em ninharias acumuladas: um curso no Porto, caixeirinha em Santa Maria da Feira e bombeira de Verão. Daí não a conhecermos, à Josefa. Chegava-lhe, talvez, que um colega mais experiente dissesse dela: "Ela era das poucas pessoas com que um gajo sabia que podia contar nas piores alturas." Enfim, 15 minutos de fama só se ocorresse um azar... Aconteceu: anteontem, Josefa morreu em Monte Mêda, Gondomar, cercada das chamas dos outros que foi apagar de graça. A morte de uma jovem é sempre uma coisa tão enorme para os seus que, evidentemente, nem trato aqui. Interessa-me, na Josefa, relevar o que ela nos disse: que há miúdos de 21 anos que são estudantes e trabalhadores e bombeiros, sem nós sabermos. Como é possível, nos dias comuns e não de tragédia, não ouvirmos falar das Josefas que são o sal da nossa terra? » [DN]

Parecer:

Por Ferreira Fernandes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A APOSTA DECISIVA NAS NOVAS ENERGIAS

«Não foi José Sócrates quem primeiro se lembrou das energias renováveis, nem alguém do seu governo, mas foi no anterior governo que se deu uma maior atenção aos problemas da energia, até porque pairava a ameaça de um petróleo cujo preço chegou aos 150 dólares por barril.

É um sector, este das renováveis, que ainda está longe de estar maduro. Há muito quem não perceba algumas das suas vertentes (a construção da central fotovoltaica de Moura tem sido muito discutida) mas um lider tem que definir um caminho e apostar nele. E nisso José Sócrates fê-lo e bem.

A factura energética de um país como Portugal tem um grande impacto na balança de trocas com o exterior, porque importamos todo o petróleo que consumimos. A aposta nas renováveis é dispendiosa, mas faz parte das opções não controversas de todos os governos do mundo neste momento. No nosso caso, também substitui importações. Como se faz a aposta nessas novas energias já suscita mais dúvidas, mas estar na liderança - ou pelo menos ser visto como estando na liderança, que é isso que quer dizer a peça do NYT - é, no mundo de hoje, da imagem, algo que todos os países querem, porque é uma das formas de criar condições para novos investimentos estrangeiros (ou nacionais). E, nesse aspecto, os EUA não têm sido um bom exemplo mesmo sob a direcção do Presidente Barack Obama.

No meio disto há espaço para debates como os automóveis eléctricos, como a energia nuclear, ou outras fontes de energia tendo em conta o modelo económico que vamos prosseguir no futuro. Diversificar as fontes, não depender só do petróleo, produzir energia em casa - há hoje muitas empresas portuguesas que têm grandes investimentos nisso. A EFACEC, por exemplo, está a estudar as possibilidades de aproveitamento das janelas dos edifícios como meios de produção de energia. Há aí um mundo novo em que Portugal pode ter sucesso. » [i]

Parecer:

Manuel Queiroz.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

RAINHAS DE INGLATERRA AO SOL

«Fazer-se de morto é uma especialidade nacional. Não admira que, numa sociedade com uma ditadura de quase 50 anos às costas, um património histórico acabe por se converter quase em património genético. Portugal é o sítio onde, quando a casa arde, o "não comento" se torna a deixa habitual no teatro político. O português comum, depois de subir uns degraus na escada do poder, acostuma-se a "gerir o silêncio" e a preocupar-se com a "fotografia": mais do que não ficar "mal", o que ele quer mesmo é ficar de fora da "fotografia". Desaparecer no meio de um terramoto social quando se ocupam altas funções de Estado é não só possível como - até aqui - estranhamente compensador. Apagar--se, sumir, suprimir-se de cena para não tomar posição é mais do que um desejo, um objectivo a perseguir a todo o custo.

À luz desta cultura ancestral, não é de estranhar a estratégia do Presidente da República de prosseguir a jornada algarvia sem um murmúrio de inquietação face à guerra civil instalada na justiça. Na contagem decrescente para o anúncio da recandidatura, Cavaco Silva tomou a clarividente opção de ficar estendido ao sol de Agosto, ignorando, majestático, os vários apelos, alguns com origem no seu próprio partido, sobre a urgência de uma intervenção do Presidente da República numa altura em que os desenvolvimentos de um processo letal - aquele que envolve o primeiro-ministro - ameaça não deixar pedra sobre pedra no Ministério Público.

É quase delirante conceber que um Presidente da República que dedica comunicações solenes a obscuras inconstitucionalidades de um Estatuto Político-Administrativo dos Açores, às famigeradas falsas escutas de Verão e à promulgação contrariada do casamento entre pessoas do mesmo sexo, não acorde para a tragédia de um pilar do Estado de direito.

Mas Cavaco Silva, acantonado no Algarve e feliz por tirar vantagem de ter os poderes de uma rainha de Inglaterra ao sol, não é o único actor político em ânsias de desaparecer dos terrores do Verão. Manuel Alegre prolonga o seu entorpecimento estival sem um ai de angústia: é demasiado o risco de dizer qualquer coisa, numa questão que mete Freeport, sendo o candidato presidencial apoiado pelo PS. Quanto ao resto, é olhar à volta: à excepção do PSD - Paula Teixeira da Cruz e Paulo Rangel - a oposição não sai de um torpor aflitivo. Sobre o caos no Ministério Público, também o PCP, o Bloco de Esquerda e o CDS aproveitam para se fazer de mortos.

Tony Judt, o génio que morreu na sexta-feira numa cama de Manhattan, escreveu na sua história monumental, "Pós-Guerra", que, dadas todas as circunstâncias, "o aparecimento de um Portugal democrático foi uma proeza considerável". Uma proeza que às vezes parece absolutamente extraordinária.» [i]

Parecer:

Por Ana Sá Lopes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

NASCEU UM ZEBURRO NA GEORGIA


«They may be an unlikely pair, but just five days ago a zebra and donkey in Georgia welcomed into the world one very unique-looking baby girl -- a zedonk! Officials at the Chestatee Wildlife Preserve, where the cute little crossbred was born, are as surprised as anyone by the very rare coupling. It turns out, the zebra/donkey romance has been many years in the making, but somehow the duo managed to keep it a secret. "The animals have been running (in the fields) together for more than 40 years, but this is the first time that this has happened here," says the preserve's founder. "We never suspected that they (had mated), so it was quite a surprise when the zedonk was born."» [Treehugger]

Parecer:

Um dia destes este blogue passa a Zemento.

PASSOS COELHO APOSTA NA FESTA DO PONTAL

«Tem mais de cinco mil metros quadrados o espaço do Calçadão (nascente) de Quarteira, na avenida junto à praia desta cidade do concelho de Loulé, que recebe pelo quinto ano consecutivo a denominada Festa do Pontal. O evento organizado pelo PSD/Algarve terá lugar no sábado às 20.00 e poderá juntar mais de três mil participantes, como esperam os sociais-democratas. A grande novidade este ano é a presença do líder do partido, Pedro Passos Coelho, depois de a então presidente, Manuela Ferreira Leite, ter primado pela ausência nas duas últimas edições do evento que marca a rentrée política dos "laranjas".

Os preparativos só começam a ganhar forma a partir de hoje, com a montagem prevista do palco. O PSD conta com cerca de meia centena de militantes voluntários para tarefas, entre as quais publicidade da festa, instalação de baias no recinto, colocação de mesas e cadeiras, ajuda à montagem do palco, equipamentos de som, luzes, venda de bilhetes para o jantar, acompanhamento das figuras públicas do partido e convidados até às mesas e apoio à comunicação social. "É um trabalho de carolice com mobilização dos militantes", explicou ao DN Mário Botelho, presidente do PSD de Quarteira, para quem a presença de muitas "figuras nacionais", de férias no Algarve, transmitirá "maior dinâmica à festa".» [DN]

Parecer:

Depois das barracadas que deu e da perda de credibilidade bem precisa de um empurrão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pela "festa".»

ANASTASII MIKHAYLOV

WWF