Não tendo ocorridos terramotos,
furacões ou tsunamis nos últimos dois anos os cientistas que estiveram na moda
foram os economista. De repente os economistas dispensaram qualquer forma de
democracia ou de decisão política para afirmar que quem deve fazer ou deixar de
se fazer sãos os técnicos das contas. Donos de ciência certa os economistas
estão para a economia como os médicos para a saúde, os políticos e qualquer
cidadão que se lembre de ter opinião não passam de charlatões, bruxos, santinhas
e endireitas.
Não admira que o Gaspar tenha
dito que não foi eleito para coisíssima nenhuma, ele estava na política não por
escolha dos portugueses mas sim garças à sua superioridade científica, a sua
escolha não era feita por votos mas sim por apreciação curricular. Aliás, esta
é uma ideia de muitos economistas que desprezam os políticos, para eles a
democracia leva à escolha de incompetentes, dos piores, o povo devia limitar-se
a escolher políticos para funções secundárias, os cargos mais importantes
deviam ser escolhidos após avaliação curricular.
O problema é que muitos dos
economistas que estão na moda não passariam se antes de serem autorizados a
falar em públicos tivessem que apresentar o currículo. Dois bons exemplos são o
ex-ministro Eduardo Catroga e o governador do Banco de Portugal.
Eduardo Catroga foi uma das
últimas escolhas de Cavaco Silva para ministro das Finanças tendo feito pouco
mais do que uma privatização pouco clara do antigo Banco Português do
Atlântico. Teve uma carreira estritamente empresarial e hoje ostenta o título
de professor catedrático a tempo parcial a 0%, sustentado por estudos acdémicos
que não vai além da licenciatura.
O senhor Costa, do Banco de
Portugal, é outra criatura que nunca passaria num exame curricular, os seus
altos estudos de política económica ficam-se pela licenciatura, a sua
experiência neste ramo da economia era nulo e num país a sério alguém envolvido
enquanto responsável pela área externa do BCP no tempo dos negócios em
off-shores nunca teria sido nomeado governador do Banco Central. Aliás, esta abordagem
terceiro mundista do papel do banco central é está sempre presente no seu
discurso, é um verdadeiro graxista do poder e mais parece um assessor do
ministério das Finanças do que o líder de uma instituição independente do
poder.
Ouvir muitos destes economistas a
falar é quase como ir a cursos da Mocidade Portuguesa, no seu discurso o povo é
idiota, o voto as eleições são um incómodo desnecessário, o sofrimento
resultante da austeridade brutal é algo que não deve ser considerado. O
discurso desta gente não passa de uma nova forma de neo-fascismo disfarçada de
ciência económica. O que toda esta gente faz é tentar instalar uma ditadura
fascista apoiada numa ideologia em que as verdades são as que decorrem dos
mercados. A ida aos mercados está a cima de tudo, a começar pelo bem estar e
pela vontade dos portugueses.