O país está parado, os portugueses foram para as praias para
se descontraírem, os mercados suspenderam as operações, os barcos não partiram para
a pesca, os comboios estão parados, os aviões estão em terra, Paulo Portas já
faz xixi nas calças, o Álvaro não sabe se faz ou se não faz as malas, o Passos
Coelho prepara um discurso onde dirá que não sai nem a tiro, a dona Maria
prepara os carapaus alimados, o patriarca não sabe o dizer na homilia, o
Marques Mendes está sem saber o que dizer, o Catroga meteu uma rolha na boca
para não perturbar o momento com alarvidades, o país está suspenso, Cavaco vai
falar e explicar como vai superar a crise que ficará para a história como a
crise das cagarras.
Cavaco vai falar ao país para dizer o óbvio, que terá de
engolir Paulo Portas, o seu velho amigo dos tempo do Independente, como
vice-primeiro-ministro e terá de continuar a apoiar a alarvidades económicas do
seu amigo Passos Coelho. Cavaco Silva vai dizer ao país aquilo que toda a gente
sabe, que continua a ser um presidente de iniciativa governamental, desesperado
por encontrar a credibilidade que nunca teve.
Contente está Paulo Portas que se escondeu das câmaras e deu
o protagonismo ao Lambretas para que o CDS se possa apresentar como uma parte
da solução da crise cuja responsabilidade resulta da ambição e oportunismo
doentio do seu líder. Agora o CDS aparece como o parido mais disponível para
resolver a crise política apresentada como resultante da iniciativa de Cavaco e
cujo responsável é o PS por este partido não querer apoiar a política de
extrema-direita do governo.
Mas o destino tem destas coisas, depois de ter insinuado que havia quem se opusesse à salvação do país Cavaco vai falar minutos antes do comentário de José Sócrates, precisamente um dos alvos das suas insinuações. Cavaco vai acabar por dar cabo das unhas a assistir aos comentários daquele que para o homem de Boliqueime é uma alma penada que o persegue.