A vida política portuguesa está a chegar a um nível tal que
é mais recomendável levar um filho a passear a uma ao bairro da lanterna
vermelha de Amesterdão do que permitir que assistam diariamente aos nossos
telejornais. Com a podridão moral a que se assiste diariamente um jovem que
seja influenciado por aquilo que vê na nossa vida política core um sério risco
de quando lhe perguntarem o que quer ser quando for grande responder que quer
ser bandido.
Veja-se o exemplo dessa personagem que se dá pelo nome de
Rui Machete, um dos príncipes do cavaquismo que agora desempenha as funções de
olheiro presidencial no governo de Portas que para inglês ver é liderado por
Passos Coelho. O homem ganhou um bom dinheiro com a SLN/BPN e quando
questionado sobre esta passagem que de tão vergonhosa até a eliminou currículo,
acusa todos os outros de podridão! O quê, podres são os honestos que ousam
questionar o comportamento de quem participa em negócios duvidosos e até foi
alvo de comentários pouco dignos da parte da embaixada dos EUA?
Outro bom exemplo é o da ministra das Finanças e não me
refiro à facilidade com que o maridinho encontrou um contrato com a EDP.
Perante as dificuldades sacudiu a culpa para o antecessor, apanhada a mentir
culpou o seu ministro deixando no ar que a informação não lhe chegou,
confrontada com a resposta do ministro desculpa-se com a directora-geral que a
ajudou e no passado foi sua chefe. É este o padrão de honestidade que nos dá o
governo?
Mas esta ligeireza moral vai mais longe, veja-se o que tem
feito Cavaco Silva. Paulo Portas tenta fugir do desastre para tentar salvar o
partido mas um Passos Coelho quase a afogar-se deu-lhe tudo, incluindo uma
praia na Messejana, para poder continuar agarrado ao poder. O que fez o nosso
ilustre presidente? Inventou uma manobra para ocultar as responsabilidades do
seu governo, usou o nome de Portugal e as dificuldades dos portugueses para
falar em salvação nacional, tudo para acabar dando posse a uma remodelação e
deixando no ar a culpa do PS por não lhe ter feito o frete. A manobra deu
resultado, mas de um presidente espera-se e exige-se que passe valores mais
nobres, começando pelo da honestidade individual!
A vida política e, em particular, algumas personagens do
governo e da Presidência da República estão dando ao país uma imagem de falta
de valores, de falta de princípios, de falta de nobreza. Pior ainda, passam a
ideia de que em sociedade, nas relações profissionais, nas relações familiares,
nas relações entre amigos a sacanice é a norma e o sacana bem sucedido deve ser
tratado como se fosse jet set.
Por este andar ainda vamos ver as pulseiras usadas em
prisões domiciliárias a serem produzidas pelas melhores marcas, talvez a
Montblanc descubra o mercado e um dia destes os amigos do BPN ou os acusados de
matarem velhinhas exibem o seu sucesso usando pulseiras das melhores marcas,
dignas de que roubou milhões ao país, de quem usou as fundações para negócios
pessoais ou de quem traiu os amigos. São estes os símbolos de sucesso neste
Portugal em colapso financeiro, moral e ético.
Por favor, nas placas a indicar que se entrou em Portugal ponham uma bolinha vermelha, este país deixou de ser próprio para quem tem menos de 18 anos.