Pedro Passos Coelho
Durante dois anos Passos Coelho governou com base na sua ideologia e agora defende que se devem ignorar as diferenças ideológicas, durante dois anos desprezou o PS e agora fala de união. Passos Coelho sabe que o país vai direito à parede mas tenta salvar as eleições autárquicas com a preciosa ajuda de Cavaco Silva, seu antecessor na presidência do PSD.
Passos deixou de falar em consenso, descobriu que a "união" é ainda melhor do que o consenso, porque assim não tem de ceder em nada, a união que ele defende é uma espécie de União nacional incluindo o PS. Parece que Passos mudou o discurso com o apoio ideológico de Cavaco Silva. Entretanto tenta fazer passar a ideia que a crise começou com a recusa de Seguro de assinar por baixo a política de extrema-direita do trio formado por Cavaco, Passos e Portas, como se tudo não tivesse começado com a confusão dentro do governo.
«União nacional e responsabilidade de todos os partidos. Quando houver eleições, os portugueses decidirão quem eleger, mas, para já, é necessário pôr de lado divergências e dar sinais de confiança ao exterior. Foi esta a mensagem deixada nesta segunda-feira pelo primeiro-ministro numa sessão solene na autarquia de Vila de Rei.
No dia seguinte à intervenção de Cavaco Silva, em que o Presidente da República comunicou que irá manter o Governo em funções, Passos Coelho falou de "tempos de profundas dificuldades" e lamentou que ainda não tenha sido desta vez que os partidos tenham conseguido dar uma resposta positiva a um acordo alargado.
Passos reconheceu que a crise política das últimas semanas afectou a credibilidade que o país conquistou a pulso nos últimos dois anos. Portugal precisa de "espírito de união em que se põem de lado as divergências e se caminha da forma mais unida possível. Depois, nas eleições, os portugueses escolherão quem quiserem", disse.
"Independentemente das visões ideológicas de cada partido, temos de mostrar que o país conta mais", sublinhou.
O primeiro-ministro frisou várias vezes os tempos de dificuldade que o país vive e a necessidade de dar sinais de confiança ao exterior para poder continuar a ser financiado. "A confiança que conquistámos ao longo destes dois anos foi um pouco abalada" e agora é o momento de, "com humildade, reconstruí-la".
Numa intervenção breve em que repetiu várias vezes a palavra "união", Passos referiu que mesmo depois do final do programa de assistência económica e financeira, em Junho de 2014, "a vida não vai ser fácil" e Portugal vai precisar de continuar "honradamente" a cumprir o seu caminho. "Temos uma nova realidade em que temos de viver de acordo com o que temos e não com o que gostaríamos de ter", afirmou.» [Público]