quarta-feira, junho 25, 2014

Dos fracos não reza a história

“um fraco rei faz fraca a forte gente” in Os Lusíadas, Luís de Camões

Se os reis podem ser fracos já não faz sentido falar em líderes fracos pois um fraco nunca é líder do que quer que seja, a não ser que a liderança resulte de uma escolha de Deus ou esteja protegida por alguma barreira invisível que impeça a sua substituição. Mas se os partidos até se podem dar ao luxo de ter líderes fracos ganhando eleições por mais um voto, o país já não sobrevive com líderes fracos, Portugal precisa de um líder forte, de preferência com uma sólida formação democrática e com capacidade de diálogo.
  
Um líder forte diz o que quer, assume com coragem as suas opiniões e opções e não hesita em estabelecer as suas diferenças. Não se afirma à custa de fantasmas, não responde com evasivas, não se socorre de truques, não precisa de debates televisivos para explicar as suas ideias. Um líder forte arrisca, assume o seu projecto, decide na hora, mobiliza, inspira confiança, dá esperança a cidadãos e investidores, inspira respeito nos mercados e no estrangeiros. 
  
Seguro é tudo menos seguro, é tudo menos forte, é tudo menos decidido, Seguro é um líder fraco que não diz e faz pensar que nem sabe o que quer, que não assume os confrontos de forma frontal, que parece viver num mundo de intriga palaciana. Durante três anos nada diz sobre as alternativas que propõe e chega Às europeias e já sabe o que quer para as legislativas. Nunca questionou enfrentou Sócrates nem questionou o memorando, mas agora que Sócrates já cá não está já o questiona e agora que a troika já se foi embora soube-se que era contra o memorando.
  
Mas ninguém sabe se foi contra as alterações sucessivas do memorando, absteve-se na aprovação de orçamentos com medidas constitucionais que deixou passar nada fazendo para o impedir. Mas festeja a declaração de inconstitucionalidade dos cortes de vencimentos que dias antes disse não ter a certeza de os eliminar. Não se sabe do que é que Seguro discorda no memorando, desconhece-se se aprovou ou não as suas alterações, da mesma forma que não se sabe porque concordou com a descida do IRC ou com o pacto de estabilidae. Seguro não diz, não sabe, não pensa, só diz o que julga trazer votos e acha que pode passar uma legislatura sem fazer oposição, sem correr risco, sem fazer propostas, esperando apenas que por ódio ao primeiro-ministro ou ao seu antecessor vejam nele a salvação do país.
  
Seguro nunca assume nada, não arrisca uma única proposta e anda há três anos a fazer oposição à sombra de José Sócrates convencido de que isso o transforma no líder que nunca foi. Agora que é confrontado pro António Costa acena com o fantasma de Sócrates, em vez de enfrentar António Costa prefere discutir e lutar com o seu antecessor, coisa que nunca fez de forma frontal quando Sócrates liderava o PS.
  
Seguro pode ganhar uns votitos aqui  outros ali, pode ter a sensação de que não perde votos escondendo o que pensa ou que não pensa, pode dizer que só promete o que cumpre para nada prometer ou propor. Mas começa a perceber-se que quando está em causa o seu lugar estala o verniz e Seguro sabe fazer oposição e se for confrontado até faz essa oposição fora dos bastidores. O problema é que mesmo quando quer passar a imagem de força fá-lo de forma desastrosa.
  
O líder forte não é aquele que o é só quando está em causa o seu próprio interesse. O líder corajoso não é aquele que só o é quando luta pela sua sobrevivência. O país não precisa de líderes que pensam no seu umbigo e para quem tudo é medido em função das suas pequenas ambições. O país precisa de líderes que pensem no país, que sonham e façam sonhar, que lutem e estimulem todos a lutar, que pensem no futuro e não se preocupem com os seus próprios fantasmas do passado.

Um verdadeiro líder atrai os melhores, os mais capazes os mais corajosos, os que se empenham em nome de um projecto, dos interesses do país e do progresso. Um líder fraco atrai os falhados, os descontentes com os que não lhe deram tachos, os vingativos, os ressabiados. Um país precisa de equipas de gente boa, inteligente e capaz, não precisa de falhados, rejeitados ou de gente em busca de vinganças com o passado.
  
Os portugueses precisam de quem os faça sonhar e não de quem os faça sentir derrotados, de quem lhes estimule o diálogo e não de quem lhe sugira a cedência, de quem lhes dê esperança e não de quem os desanime. De quem lhe estimule a competência e não de quem lhe sugira evasivas, de quem lhe diga para irem à luta e não de quem lhes proponha truques e manhas. De direita ou de esquerda Portugal precisa  de um líder frontal, corajoso, que sabe ao que vem, que assume as suas ideias e que dê a cara pelo seu país.