terça-feira, junho 03, 2014

É impossível ajudar Seguro a sair com dignidade

Aquilo a que se assistiu da parte do PS na noite eleitoral foi um espectáculo de doidos, mal se aperceberam de que a sua grande vitoria se distanciava pouco mais de três pontos da estrondosa vitória da direita correram para as televisões antes de saírem os resultados definitivos, aproveitando-se da ilusão criada pelos intervalos das previsões. Era preciso criar a qualquer custo a imagem de uma grande vitória, abafando qualquer oposição interna, principalmente de António Costa que tinha pedido uma vitória com uma margem razoável.
  
Não admira que desde então não se calem dizendo que o PS foi o mais votado, mas não explicando porque motivo foi uma grande vitória quando a direita sofreu a sua maior derrota. O desespero é tão grande que Seguro fez precisamente aquilo que fazem todas as personalidades de direita quando estão em apuros, recorrem a uma entrevista de Judite de Sousa para recauchutarem a sua imagem. Depois de uma semana horribilis, durante a qual a borboleta se transformou numa vespa, a entrevista a Judite Sousa serviu para mostrar o novo Seguro.
  
Perante o desafio de António Costa Seguro tinha duas coisas a fazer ou respondia que não deixando António Costa tomar a iniciativa de convocar o congresso, ou admitir a derrota e dizer o óbvio, que não tem condições para continuar a liderar o PS. Em vez disso optou por recorrer a truques, começou por mandar lembrar os estatutos, para depois tirar as directas da manga. A mesma Maria e Belém que recordou a necessidade de cumprir os estatutos desempenha agora o papel de moça de recados e vai ver em que país pode copiar um modelo de directas que se ajeite a Seguro.
  
É óbvio que Seguro procura os votos dos simpatizantes é porque não confia nos votos dos militantes. E se com a compra de militantes algumas eleições partidárias são muito duvidosas, imagine-se o que será com o voto de “simpatizantes”. Com este aprofundamento da democracia os militantes do PS arriscam-se a ter um líder que não querem e um primeiro-ministro que foi eleito porque foi quem comprou mais falsos simpatizantes.
  
Para sobreviver no poder Seguro não hesita em recorrer a uma fórmula em que transforma o seu partido numa espécie de cotada na bolsa mas sem qualquer controlo por parte da CMVM, isto é, o PS passa a ser uma SARL em que ninguém sabe quem detém as suas acções, nem quem escolheu o seu líder. É a isto que Seguro chama democracia e que faz verter as lágrimas a um Beleza que se bate por esta solução há décadas, só tendo interrompido a sua luta quando esteve em causa a escolha de Seguro.
  
É óbvio que Seguro vai perder e a sua luta desesperada só serve à direita o que, aliás, não é nada de novo, mais não é do que o que tem sucedido com toda a liderança de Seguro. Neste ponto o ainda líder do PS já não pode recuar e por mais que os militantes do PS queiram já não é possível criar condições a Seguro para sair com dignidade. Seguro vai levar o seu espectáculo até ao fim, prestando o seu último serviço ao seu amigo Passos Coelho.