Habituem-se disse ele. Depois de três anos de oposição mole à pior política de direita que o país conheceu foi preciso ter alguém a fazer-lhe frente dentro do partido para que António José Seguro se tivesse armado em forte, naquilo que nunca foi a não ser nos golpes partidários. O problema de Seguro é que os portugueses estão mesmo habituados à sua moleza, à ausência de ideias ou de projectos, à incapacidade de fazer oposição, à sua falta de competência.
Depois dos esquemas de inscrição de militantes que apenas aparecem para votar nas lideranças que lhes pagam as quotas, a equipa de Seguro foi mais longe na tentativa de se salvar. Controlam o partido mas sabem que os seus apoiantes internos estão à beira de uma crise de nervos, por isso vão mais longe, a equipa de Seguro já deve estar a inventar “simpatizantes” para votarem no líder contra a vontade do seu próprio partido. Se calhar até o amigo Passos Coelho lhe vai emprestar uns milhares de militantes do PSD para votarem na sua continuação à frente do PS:
Quem anda muito desparecido é Cavaco Silva, que numa semana levou duas tareias, primeiro foram os piores resultados eleitorias do seu partido, a seguir foi o chumbo do Tribunal Constitucional, que demonstra claramente que não cumpriu com as obrigações decorrentes do seu juramento de cumprir e fazer cumprir a Constituição. É óbvio que o silêncio de Cavaco visa apenas evitar dar a cara numa situação adversa, resta-nos esperar por mais um orçamento rectificativo cheio de medidas inconstitucionais para que os portugueses percebam que em Portugal não há Constituição e o presidente deve obediência ao primeiro-ministro.
“Ó Ilda, mete os putos na barraca que vai haver pedrada”, este devia ser o aviso a colocar à entrada do Largo do Rato que nestes dias é um local perigoso de frequentar. Aquilo a que os portugueses já estão assistindo é a um espectáculo pouco digno de um partido com a história do PS. Mas convencidos de que se iriam aproximar do pote, nem que fosse com um Seguro vice de Passos Coelho, os seus apoiantes mais próximos não vão aceitar facilmente que sejam afastados das mordomias do Estado. Por isso tudo vale para denegrir António Costa. Esperemos que os seus métodos não sejam os dos políticos fascistas, como parece que é o caso.