Os taxistas decidiram entrar na campanha eleitoral e com tanta gente sem o mais pequeno sentido de estado, para não falar de coragem, foi o que se viu, o governo cedeu pela voz da senhora da Justiça e lá disse umas banalidades pela voz do inconfundível Pies de Lima. Ninguém teve a coragem de enfrentar os taxistas, de questionar os seus representantes sobe as cenas de violência, sobre a chantagem permanente que fazem sobre os políticos ou sobe o mau comportamento profissional de uma boa parte desses profissionais.
Mas a posição mais interessante em relação aos taxistas veio de Jerónimo de Sousa, o líder do PCP puxou pelos seus galões de líder do proletariado e face a uma UBER do imperialismo americano fez um discurso ideológico digno dos tempos mais revolucionários da Praça Vermelha, o homem até parecia estar a lanar o ataque do proletariado ao Palácio de Inverno.
Para o líder do partido a UBER é o imperialismo a querer desregulamentar o trabalho, o novo símbolo do liberalismo mais atroz, os taxistas são micro empresas de patrões exemplares e trabalhadores felizes, beneficiando de contratos de trabalho generosos e com patrões exemplares, verdadeiros modelos de virtudes.
O discurso ideológico de Jerónimo de Sousa tinha correspondência no discurso do patrão da ANTRAL, a violência dos taxistas devia ser condenada na pessoa dos responsáveis da UBER, os táxis são prestadores de serviço exemplares que cumprem todas as regras, os taxistas usam gravatas de seda, tomam banho todos os dias, são perfumados e tão educados que ate parecem padres a fazer trabalho comunitário nas horas livres entre as missas.
Em apoio dos táxis veio o IMTT que, como é sabido, é um organismo exemplar na defesa dos direitos dos cidadãos e não uma instituição papa taxas, taxinhas e multas que obriga o cidadão comum a suportar filas de espera com centenas de utentes e a esperar horas a fio para serem atendidos.
Enfim, depois dos agentes da PSP foi a vez dos táxis e até às eleições ainda há tempo para outros grupos corporativos forçarem este governo a dar o que tem e o que não tem na esperança de conquistar votos, enquanto Jerónimo de Sousa seja nos polícias ou nos taxistas, só vê proletariados em luta contra o maldito capital. Enfim, uma miséria política colectiva.