terça-feira, setembro 08, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Calçada no Cais do Sodré, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Passos Coelo, cata-vento político

A mera possibilidade de admitir o apoio a uma candidatura de Marcelo significa que Rui Rio não se candidatará às presidenciais e isso só pode significar uma coisa, que o ex-autarca só será candidato se tiver hipóteses de vencer  e isso é quase impossível se a direita perder as legislativas de forma a tornar impossível uma eleição de um presidente de direita. Admitir apoiar Marcelo é admitir que vai perder as eleições e o professor é a solução de recurso para um político que ainda não percebeu que num cenário de derrota eleitoral vale tanto como os papéis do BES mau.

«Pedro Passos Coelho não afasta liminarmente a hipótese de apoiar uma candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa. Depois de ter vetado, na moção de estratégia que levou ao Congresso do PSD, um candidato a Belém estilo “cata-vento mediático” (expressão que foi colada a Marcelo), Passos nunca se pronunciou sobre o assunto nem o fará até às legislativas. Mas o gelo entre ele e Marcelo começou a ser taticamente quebrado.

“O primeiro-ministro nunca mostrou ter sobre o assunto uma posição fechada ou alicerçada no preconceito”, afirma fonte próxima, alertando que nada o impede de apoiar o professor que as sondagens continuam a dizer ser o mais bem colocado. Na conversa que teve com Rio antes das férias, quando o ex-presidente da câmara do Porto (que sempre disse que não avançaria contra o interesse do partido) quis ouvi-lo sobre o assunto, Passos terá dito que se ele avançasse não colocaria obstáculos. Mas não se comprometeu a dar-lhe o apoio que, na hora da verdade, será decisivo para libertar todo o aparelho do PSD.» []

 De direita é quem ajuda a direita

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E algumas das melhores ajudas à direita vieram do BE, daí o empenho com que a comunicação social do governo tenta ressuscitar este cadáver.

 A imagem da resistência curda em Kobane

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Aylan Kurdi, a criança que apareceu afogada numa praia turca era um refugiado de Kobane, a cidade curda que cercada pelo EI e pela Turquia resistiu aos extremistas. Aylan queria ser futebolista como Cristiano Ronaldo, mas depois de resistir ao mais brutal cerco a uma cidade desde a batalha de Estalinegrado a criança curda acabou por morrer à beira da Europa.

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 Eu ainda sou do tempo em que Tsipras era um trunfo do BE

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Enfim, depois de ver a forma como o BE sacode Tsipras e com a destacadas líder do proletariado que atravessa uma gravidez de risco posando decascada para a revista da Cristina Ferreira eu até já concordo com a Maria quando em Maio dizia no jornal i que  “Isto já não vai lá com política, só com psiquiatria”.

 Dúvida

De certeza que o povo português gosta mais do esganiçado do Paulo Portas do que de José Sócrates, em vez de ser o Paulo Portas a dizer que tira o Sócrates da campanha não seria mais inteligente por parte da direita tirar o detestado Portas da liderança da coligação pafiosa?

 O tempo da justiça

Há quem use esta expressão para sugerir que não há qualquer relação entre a justiça e a política, mas as coincidências entre a actuação da nossa justiça e os processos eleitorais faz-me desconfiar que o presidente do conselho de jurisdição do PSD é Procurador-Geral da República por inerência de funções. A verdade é que os prazos judiciais são suficientemente amplos para permitirem que os processos sejam iniciados e conduzidos de forma a maximizar os seus efeitos eleitorais e uma justiça encarregada de zelar pela legalidade democrática pode facilmente ser transformada num batalão de um qualquer Pinochet anónimo.

 Cenário paras as eleições presidenciais

Agora que já se fala de um eventual apoio de Passos Coelho à candidatura presidencial do cata-vento Marcelo talvez faça sentido questionar se no dia seguinte às eleições algum candidato presidencial da direita quer o apoio de Passos Coelho ou de Paulo Portas.

Se a direita perder as eleições, como se espera e se deseja, alguém quer o apoio de uma coligação que vale pouco mais de 30% do eleitorado e cujos líderes são verdadeiros caça votos. Santana Lopes percebeu que nunca seria apoiado por Passos Coelho pelo que evitou o lamaçal em que se podem tornar as candidaturas presidenciais da direita, ao não se candidatar não precisa nem de apoiar, nem de ser apoiado por Passos Coelho e por Paulo Portas, personagens com quem ninguém vai querer tirar uma selfie se perderem as eleições legislativas.

Num cenário de derrota nas legislativas Rui Rio estará mais interessado n a liderança do PSD, Santana Lopes já não conta, Marcelo vai dizer que nunca foi candidato e o Durão Barroso vai fugir do PSD como o diabo foge da cruz. Por este andar o próximo candidato da direita às eleições presidenciais ainda vai ser o Zeca Mendonça, a única personalidade da direita capaz de dar um pontapé nos candidatos da esquerda.




      
 No alto mar
   
«1. Fingir de morto. Tornou-se visível a estratégia de imagem de Passos Coelho: fingir de morto, depois, lá para o fim, ressuscitar, halo de santidade afixado, pai bondoso subitamente empenhado em causas sociais. Açula os cães à passagem da caravana, mas não quer que se pense que é ele.

Ora Passos não é um patriarca tolerante. Ao longo de quatro anos deu provas de fanatismo ideológico, contumácia na violação de promessas, frieza executiva e desprezo pelos Portugueses que chamou de piegas quando se queixavam, incitou a emigrar quando lhes cortou o emprego, reduziu direitos, baixou salários, vendeu ao desbarato as jóias da coroa. Se ao menos isso fosse o preço das reformas, ainda teria havido compensação, magra que fosse. No fim deste ciclo o País está mais pobre que nunca, descapitalizado, sem nervo, sem outro prestígio externo que o de submisso serviçal, obediente cumpridor de decisões que não discute. Dirão, mas estamos a crescer! Pudera, tanto batemos no fundo que começar a subir devagarinho parece grande feito, quando não passa de dinâmica de fluidos ou de retoma de tendência anterior. É com este palmarés que Passos pensa conquistar os Portugueses. Os endireitas que o guiam recomendaram-lhe que se escondesse.

2. O saco de boxe. Costa é hoje o alvo a abater. Uma “punching bag”. Pelo pecado de ser visível o seu valor, reconhecida a sua preparação, representar tudo o que há de mais oposto a Passos: frontalidade, tolerância, capacidade negocial, experiência construtiva, respeito pelas pessoas. Para Passos a frontalidade desaparece à passagem da fronteira, ou mesmo no País quando a vida aperta, a tolerância é sempre igual a zero, regateando o número de refugiados a acolhera capacidade negocial nunca foi posta à prova, a experiência passada anda à volta de expedientes como a formação de sinaleiros de pista em aeródromos do interior, quiçá a construção de fábricas de campânulas para motociclistas asmáticos, e quanto ao respeito pelas pessoas é melhor perguntar aos espoliados de pensões e sobretaxas e às vítimas presuntivas dos 600 milhões a cortar em horizonte próximo e envergonhado. Costa é o alvo de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins, de Marinho e outros, de todos os partidos parasitas do PS. Parasitas fazem parte da natureza, animais e plantas, dir-me-ão, mas mesmo belos, não deixam de ser parasitas, esquecendo que, se definha a vítima perdem eles o alimento. Da coligação o ataque é cerrado, em campo aberto, trincheiras, ou tocaia. Rapazes e raparigas do segundo partido da coligação têm que pagar o favor da elegibilidade garantida. Os que estão de saída querem assegurar prebendas continuadas. Chega-se ao ridículo de ministros de mísero registo darem pomposas conferências de mesquinha sabedoria. Já lá vai o tempo em que Costa a todos respondia. A maior parte das frechadas não merece resposta. Responder é dar importância ao adversário. Que falem sozinhos!

3. Sondagens. A direita esperava grande debacle dos socialistas. Afinal, a primeira sondagem após o Verão mostra apenas mudanças de décimas, mais 0,2% para a coligação e menos 0,3 % para o PS, continuando elevado o número de indecisos. A direita tende a omitir, no seu regozijo precoce, que os partidos da coligação em 2011 tiveram, juntos, 50,4% e que agora estarão a 35%. Que o PS teve então 28% e agora estaria a 36%, oito pontos mais. Os partidos à esquerda do PS tendem a esquecer que tiveram juntos 13% e hoje, mau grado os ataques grossos ao PS e finos à coligação apenas granjeiam mais um ponto no conjunto. Poeiras são perdidas para outros que desfalecem com erros próprios ou perdem gás com o voto útil. Ao contrário do que vaticinavam os áugures, a trinta dias do sufrágio tudo continua por decidir, nos 21% indecisos. E tudo pode acontecer: ou a abstenção, o que colocaria a realidade próxima deste cenário e o País no limbo, ou o deslizar de grande parte deles para um ou outro lado, chegando mesmo à maioria absoluta. Estamos ainda no alto mar. Tudo depende da percepção de seriedade e confiança que esses eleitores virem nos programas. De um lado, um programa com valores, compromissos e contas feitas. Do outro, a continuação da paralisia actual, vendendo ao desbarato o que ainda estiver de pé, empurrando para fora gente válida e jovem, paralisando o crescimento à custa da anemia, apertando aqui e ali o garrote que leva à tal asfixia democrática. Contas? Para quê? Bastam as de Bruxelas.» [Público]
   
Autor:

António Correia de Campos.
  

   
   
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