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Calçada no Cais do Sodré, Lisboa
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Passos Coelo, cata-vento político
A mera possibilidade de admitir o apoio a uma candidatura de Marcelo significa que Rui Rio não se candidatará às presidenciais e isso só pode significar uma coisa, que o ex-autarca só será candidato se tiver hipóteses de vencer e isso é quase impossível se a direita perder as legislativas de forma a tornar impossível uma eleição de um presidente de direita. Admitir apoiar Marcelo é admitir que vai perder as eleições e o professor é a solução de recurso para um político que ainda não percebeu que num cenário de derrota eleitoral vale tanto como os papéis do BES mau.
«Pedro Passos Coelho não afasta liminarmente a hipótese de apoiar uma candidatura presidencial de Marcelo Rebelo de Sousa. Depois de ter vetado, na moção de estratégia que levou ao Congresso do PSD, um candidato a Belém estilo “cata-vento mediático” (expressão que foi colada a Marcelo), Passos nunca se pronunciou sobre o assunto nem o fará até às legislativas. Mas o gelo entre ele e Marcelo começou a ser taticamente quebrado.
“O primeiro-ministro nunca mostrou ter sobre o assunto uma posição fechada ou alicerçada no preconceito”, afirma fonte próxima, alertando que nada o impede de apoiar o professor que as sondagens continuam a dizer ser o mais bem colocado. Na conversa que teve com Rio antes das férias, quando o ex-presidente da câmara do Porto (que sempre disse que não avançaria contra o interesse do partido) quis ouvi-lo sobre o assunto, Passos terá dito que se ele avançasse não colocaria obstáculos. Mas não se comprometeu a dar-lhe o apoio que, na hora da verdade, será decisivo para libertar todo o aparelho do PSD.» []
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E algumas das melhores ajudas à direita vieram do BE, daí o empenho com que a comunicação social do governo tenta ressuscitar este cadáver.
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Aylan Kurdi, a criança que apareceu afogada numa praia turca era um refugiado de Kobane, a cidade curda que cercada pelo EI e pela Turquia resistiu aos extremistas. Aylan queria ser futebolista como Cristiano Ronaldo, mas depois de resistir ao mais brutal cerco a uma cidade desde a batalha de Estalinegrado a criança curda acabou por morrer à beira da Europa.
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Enfim, depois de ver a forma como o BE sacode Tsipras e com a destacadas líder do proletariado que atravessa uma gravidez de risco posando decascada para a revista da Cristina Ferreira eu até já concordo com a Maria quando em Maio dizia no jornal i que “Isto já não vai lá com política, só com psiquiatria”.
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De certeza que o povo português gosta mais do esganiçado do Paulo Portas do que de José Sócrates, em vez de ser o Paulo Portas a dizer que tira o Sócrates da campanha não seria mais inteligente por parte da direita tirar o detestado Portas da liderança da coligação pafiosa?
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Há quem use esta expressão para sugerir que não há qualquer relação entre a justiça e a política, mas as coincidências entre a actuação da nossa justiça e os processos eleitorais faz-me desconfiar que o presidente do conselho de jurisdição do PSD é Procurador-Geral da República por inerência de funções. A verdade é que os prazos judiciais são suficientemente amplos para permitirem que os processos sejam iniciados e conduzidos de forma a maximizar os seus efeitos eleitorais e uma justiça encarregada de zelar pela legalidade democrática pode facilmente ser transformada num batalão de um qualquer Pinochet anónimo.
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Agora que já se fala de um eventual apoio de Passos Coelho à candidatura presidencial do cata-vento Marcelo talvez faça sentido questionar se no dia seguinte às eleições algum candidato presidencial da direita quer o apoio de Passos Coelho ou de Paulo Portas.
Se a direita perder as eleições, como se espera e se deseja, alguém quer o apoio de uma coligação que vale pouco mais de 30% do eleitorado e cujos líderes são verdadeiros caça votos. Santana Lopes percebeu que nunca seria apoiado por Passos Coelho pelo que evitou o lamaçal em que se podem tornar as candidaturas presidenciais da direita, ao não se candidatar não precisa nem de apoiar, nem de ser apoiado por Passos Coelho e por Paulo Portas, personagens com quem ninguém vai querer tirar uma selfie se perderem as eleições legislativas.
Num cenário de derrota nas legislativas Rui Rio estará mais interessado n a liderança do PSD, Santana Lopes já não conta, Marcelo vai dizer que nunca foi candidato e o Durão Barroso vai fugir do PSD como o diabo foge da cruz. Por este andar o próximo candidato da direita às eleições presidenciais ainda vai ser o Zeca Mendonça, a única personalidade da direita capaz de dar um pontapé nos candidatos da esquerda.
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«1. Fingir de morto. Tornou-se visível a estratégia de imagem de Passos Coelho: fingir de morto, depois, lá para o fim, ressuscitar, halo de santidade afixado, pai bondoso subitamente empenhado em causas sociais. Açula os cães à passagem da caravana, mas não quer que se pense que é ele.
Ora Passos não é um patriarca tolerante. Ao longo de quatro anos deu provas de fanatismo ideológico, contumácia na violação de promessas, frieza executiva e desprezo pelos Portugueses que chamou de piegas quando se queixavam, incitou a emigrar quando lhes cortou o emprego, reduziu direitos, baixou salários, vendeu ao desbarato as jóias da coroa. Se ao menos isso fosse o preço das reformas, ainda teria havido compensação, magra que fosse. No fim deste ciclo o País está mais pobre que nunca, descapitalizado, sem nervo, sem outro prestígio externo que o de submisso serviçal, obediente cumpridor de decisões que não discute. Dirão, mas estamos a crescer! Pudera, tanto batemos no fundo que começar a subir devagarinho parece grande feito, quando não passa de dinâmica de fluidos ou de retoma de tendência anterior. É com este palmarés que Passos pensa conquistar os Portugueses. Os endireitas que o guiam recomendaram-lhe que se escondesse.
2. O saco de boxe. Costa é hoje o alvo a abater. Uma “punching bag”. Pelo pecado de ser visível o seu valor, reconhecida a sua preparação, representar tudo o que há de mais oposto a Passos: frontalidade, tolerância, capacidade negocial, experiência construtiva, respeito pelas pessoas. Para Passos a frontalidade desaparece à passagem da fronteira, ou mesmo no País quando a vida aperta, a tolerância é sempre igual a zero, regateando o número de refugiados a acolhera capacidade negocial nunca foi posta à prova, a experiência passada anda à volta de expedientes como a formação de sinaleiros de pista em aeródromos do interior, quiçá a construção de fábricas de campânulas para motociclistas asmáticos, e quanto ao respeito pelas pessoas é melhor perguntar aos espoliados de pensões e sobretaxas e às vítimas presuntivas dos 600 milhões a cortar em horizonte próximo e envergonhado. Costa é o alvo de Jerónimo de Sousa e de Catarina Martins, de Marinho e outros, de todos os partidos parasitas do PS. Parasitas fazem parte da natureza, animais e plantas, dir-me-ão, mas mesmo belos, não deixam de ser parasitas, esquecendo que, se definha a vítima perdem eles o alimento. Da coligação o ataque é cerrado, em campo aberto, trincheiras, ou tocaia. Rapazes e raparigas do segundo partido da coligação têm que pagar o favor da elegibilidade garantida. Os que estão de saída querem assegurar prebendas continuadas. Chega-se ao ridículo de ministros de mísero registo darem pomposas conferências de mesquinha sabedoria. Já lá vai o tempo em que Costa a todos respondia. A maior parte das frechadas não merece resposta. Responder é dar importância ao adversário. Que falem sozinhos!
3. Sondagens. A direita esperava grande debacle dos socialistas. Afinal, a primeira sondagem após o Verão mostra apenas mudanças de décimas, mais 0,2% para a coligação e menos 0,3 % para o PS, continuando elevado o número de indecisos. A direita tende a omitir, no seu regozijo precoce, que os partidos da coligação em 2011 tiveram, juntos, 50,4% e que agora estarão a 35%. Que o PS teve então 28% e agora estaria a 36%, oito pontos mais. Os partidos à esquerda do PS tendem a esquecer que tiveram juntos 13% e hoje, mau grado os ataques grossos ao PS e finos à coligação apenas granjeiam mais um ponto no conjunto. Poeiras são perdidas para outros que desfalecem com erros próprios ou perdem gás com o voto útil. Ao contrário do que vaticinavam os áugures, a trinta dias do sufrágio tudo continua por decidir, nos 21% indecisos. E tudo pode acontecer: ou a abstenção, o que colocaria a realidade próxima deste cenário e o País no limbo, ou o deslizar de grande parte deles para um ou outro lado, chegando mesmo à maioria absoluta. Estamos ainda no alto mar. Tudo depende da percepção de seriedade e confiança que esses eleitores virem nos programas. De um lado, um programa com valores, compromissos e contas feitas. Do outro, a continuação da paralisia actual, vendendo ao desbarato o que ainda estiver de pé, empurrando para fora gente válida e jovem, paralisando o crescimento à custa da anemia, apertando aqui e ali o garrote que leva à tal asfixia democrática. Contas? Para quê? Bastam as de Bruxelas.» [Público]
Autor:
António Correia de Campos.
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