sábado, fevereiro 14, 2009

Jogo de mentiras

O sistema partidário português está transformado num jogo de mentiras, mais do que as ideologias os militantes partidários agrupam-se como se fossem tribos, o objectivo é mais o exercício do poder do que o seu uso em função do país. O poder tanto pode ser os cargos no governo ou nas autarquias como lugares nos parlamentos, tanto pode ser ministro de um governo burguês como o acesso a estatuto de elite, o militante de base do PS admira tanto o secretário de Estado como o militante da célula do do PCP olha para o membro do comité central, ambos olham o seu “superior” com a mesma veneração com que o paroquiano beija o anel do bispo.

As diferenças ideológicas são meras ilusões, argumentos para justificar diferenças tribais, entre o militante do PSD e o do PS poucas diferenças existem, o PS governará mais à direita se isso lhe garantir votos, Manuela Ferreira Leite promete à esquerda se perder o espaço à direita. Sócrates ajuda o banqueiro num dia, é cavaquista no dia seguintes, se for preciso até tem o seu momento bloquista fazendo suas as propostas de Francisco Loução.

Paulo Portas diz que é de direita mas sonha com a possibilidade de voltar ao poder se Sócrates não alcançar a maioria absoluta, o CDS não passa de uma seita que deposita no seu líder a esperança de os levar ao poder. O PSD é um partido que consegue unir gente que vai da extrema-direita até Pacheco Pereira, que anda há mais de vinte anos a tentar convencer o país que é de esquerda, sem ideologia fizeram-se social-democratas, pediram uma ideologia emprestada para se apresentarem aos eleitores.

O PCP tem, um programa que só serve para animar as hostes no congresso ou para fonte de catequização nas páginas escondidas do Avante, em público é o maior defensor da democracia plupartidária, postura que tem melhor mercado do que afirmar que gostaria de ver Jerónimo de Sousa como presidente vitalício de um sistema político onde o único partido admitido seria o PCP. Para ir a eleições sem assumir o seu próprio programa político disfarça alguns dos seus militantes ou simpatizantes de verdes ou de independentes e forma uma falsa coligação que se esgota no dia das eleições e da qual resulta ainda a vantagem de contar com dois grupos parlamentares no parlamento.,

O Bloco de Esquerda é um dos melhores exemplos de como a apetência pelas cadeiras poder anula as maiores diferenças. Desavindos desde que Estaline mandou dar uma machada em Trotsky, estalinistas e trotsquistas uniram-se em Portugal. Aqueles que sempre fizeram questão de se afirmarem herdeiros do partido comunista esconderam envergonhadamente a estrela e o martelo e esconderam-se atrás de uma estrela disforme que até já deixou de ser exclusivamente vermelha. Dantes. Dantes odiavam o PCP por ter deixado de defender Estaline desde o congresso do PCUS em que Krutschev denunciou os crimes estalinistas, agora são arautos da esquerda moderna, dantes era adoradores de Enver Hodja, agora namoram Manuel Alegre na esperança de o poder exibir como prova da sua abertura.