terça-feira, fevereiro 24, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Barco na Carrapateira, Alcácer do Sal

IMAGEM DO DIA

[Johnny Horne-AP]

«The Lulin comet streaks across the early morning sky above Stedman, N.C.» [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

Depois de meses à frente do PSD sem conseguir convencer os eleitores, até fez alguns afugentar do PSD, resta a Manuela Ferreira Leite esperar por más notícias para explorar o eventual descontentamento. Mas a ânsia de conseguir votos leva a precipitações, como a que cometeu ap comentar o aumento do número dos inscritos nos centros de emprego.

Qualquer eleitor sabe que nenhuma medida consegue criar emprego em dois ou três meses a não ser que se destine a mascarar o desemprego, como, aliás, Manuela Ferreira Leite já acusou o governo.

AVES DE LISBOA

Papa-moscas-cinzento [Muscicapa striata]

VERDADE E CONFIANÇA

«Segundo uma sondagem recente, os portugueses são os europeus que menos confiam nos políticos. Dizer mal dos políticos é popular em Portugal. Mas em Felgueiras, Gondomar e Oeiras não escolheram os eleitores autarcas suspeitos de crimes? O mal não é apenas dos políticos.

Mas os nossos políticos põem-se a jeito. O Governo tardou a reconhecer o que entrava pelos olhos dentro. Em Outubro previa para 2009 um crescimento do PIB de 0,6 por cento. O PSD era apenas um pouco menos optimista - previa 0,3 por cento positivos. Quando o sistema financeiro se desmoronava e as bolsas caíam a pique, Sócrates orgulhava-se de que Portugal escaparia à recessão.

É verdade que a banca portuguesa quase não tem activos "tóxicos". Mas como não perceber, ou fingir não perceber, que uma brutal crise do crédito afectaria duramente um país ultraendividado? Em Portugal estão cheios de dívidas o Estado, as empresas, as famílias e os bancos, que precisam de ir ao estrangeiro buscar dinheiro caro e difícil para o emprestar aos portugueses. Tudo isso se traduz numa dívida externa cujo crescimento é explosivo (adjectivo do Presidente da República), representando uma pesadíssima hipoteca para as gerações futuras.

Quando se tornou impossível não reconhecer a gravidade da crise, a atitude do primeiro-ministro mudou. Insistindo em que a crise vinha de fora, não sendo da sua responsabilidade, apresentou-se como o único capaz de proteger os portugueses dos efeitos da recessão. A crise até dava jeito para justificar algumas medidas impopulares.

Acontece que a crise nascida nos Estados Unidos e logo tornada global veio, em Portugal, somar-se a uma mais antiga crise estrutural interna. O país tornou-se pouco competitivo. Daí o desequilíbrio das nossas contas externas (mais de 10% do PIB), significando que os portugueses, com os seus actuais níveis de produtividade e consumo, estão a viver um décimo acima do valor que produzem. Uma situação que não pode durar.

Mas o Governo não fala deste problema de fundo. Para não desanimar as pessoas? Desanimadas estão elas. O primeiro-ministro prefere a propaganda. Quase todos os dias aparece na televisão a anunciar uma iniciativa, uma medida, uma obra (às vezes em cerimónias mediáticas pagas pelas empresas construtoras). E não distingue coisas realmente úteis que o Governo tem feito de trivialidades populistas. É significativo que, no congresso da Associação Portuguesa de Empresas Familiares, um empresário da estatura e do perfil ético de Alexandre Soares dos Santos (Jerónimo Martins) tenha dito que a crise é agravada pela "demagogia intolerável do primeiro-ministro".

Se somarmos o cansaço da repetição dos argumentos ("nós actuamos, os investimentos públicos são a resposta à crise", etc.) à perda de credibilidade decorrente do anterior excesso de optimismo, é duvidoso que a campanha propagandística do Governo seja eficaz. Julgo, até, que ela começa a tornar-se contraproducente.

Pelo meio disto, invocam-se campanhas negras contra Sócrates. Não estou de acordo com muita coisa que a comunicação social tem feito para embaraçar o primeiro-ministro. Mas um estadista tem de saber reagir com serenidade a essas contrariedades. Recordem-se as campanhas de assassinato de carácter contra Sá Carneiro ou contra Bill Clinton (ainda antes do caso Mónica Lewinsky). Não me lembro de que esses políticos se tenham vitimizado e reagido como virgens ofendidas.

Pelo contrário, o actual nervosismo do PS e os seus destemperados ataques à oposição só acentuam as suspeitas. Como não é positivo que o Governo rejeite liminarmente todas as propostas da oposição para combater a crise, sem prejuízo de, depois, aproveitar algumas dessas ideias que considerara péssimas.

A confiança ganha-se falando verdade. Ora, como Mário Soares lembrou, o Governo não tem explicado bem algumas medidas anticrise, em particular na banca, o que permite à demagogia da extrema-esquerda afirmar que o Estado "ajuda os banqueiros".

Infelizmente, em matéria de verdade o primeiro-ministro não tem dado bons exemplos (lembre-se o relatório sobre educação atribuído à OCDE, por exemplo). E as tentativas, legislativas e não só, para condicionar a comunicação social não contribuem para um clima de confiança no poder político. Se existe, a tal "central de propaganda" do Governo parece-me pouco competente.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Fransisco Sarsfield Cabral.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

138 INQUÉRITOS POR VIOLÊNCIA NA ESCOLA

«A maioria dos processos foram abertos depois de o procurador-geral da República (PGR) ter apelado, em Abril de 2008, aos conselhos directivos das escolas e aos professores para que denunciassem os casos de agressões - actos que configuram um crime público. Isto, depois de o País ter ficado em choque com um vídeo gravado numa sala de aula que mostrava uma aluna da Escola Carolina Michaëlis, do Porto, a agredir a professora que lhe tinha tirado o telemóvel.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Isto quer dizer que no passado os casos eram abafados.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se que os processos levem a alguma coisa.»

OBRIGAÇÃO DE LER DISCURSOS DE SÓCRATES VAI PARA TRIBUNAL

«A Procuradoria-Geral da República enviou o caso dos discursos do primeiro-ministro nos concursos do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) para o Tribunal Central Administrativo Sul, soube o DN. Por determinação do próprio Fernando Pinto Monteiro, o processo número 10/2009 - L115 vai analisar o facto de o organismo público, na tutela directa do Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, ter aberto concursos de promoção para o preenchimento de dezenas de vagas de técnicos superiores em que os candidatos deviam estudar um texto de José Sócrates sobre a iniciativa governamental "Novas Oportunidades".» [Diário de Notícias]

Parecer:

Parece que o senhor do IEFP é um adorador de Sócrates.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Sócrates como se sente com tanta bajulação.»

MARCELO MANHOSO

«Marcelo Rebelo de Sousa admite que o caso Freeport pode acabar por beneficiar José Sócrates. No programa semanal da «RTP», o comentador admitiu a possibilidade de os crimes de corrupção e tráfico de influências relacionados com o licenciamento já poderem ter prescrito. » [Portugal Diário]

Parecer:

Ao dizer que o caso Freeport pode favorecer Sócrates porque o crime de corrupção prescreveu e não vão haver conclusões Marcelo está a tentar manter a suspeição para a eternidade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o baixo nível do professor de direito.»

PINTO MONTEIRO NÃO COMENTA NOVAS FUGAS DE INFORMAÇÃO

«O procurador-geral da República, Pinto Monteiro, recusou ontem comentar as novas de fugas de informação relativas ao processo Freeport, lembrando que o assunto está em investigação no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. Na sua edição de sábado, o jornal Expresso publicava a lista de 15 perguntas feitas a Júlio Monteiro, tio de Sócrates, durante o interrogatório conduzido pelos magistrados e polícias que investigam o caso. E, na sexta-feira, a TVI noticiava a existência de um fax enviado a José Sócrates por Manuel Pedro, um dos sócios da consultora Smith&Pedro, que o primeiro-ministro sempre negou conhecer. Esta notícia foi, entretanto, desmentida por Sócrates, que reafirmou ao PÚBLICO não saber quem é Manuel Pedro e não ter recebido qualquer fax.» [Público assinantes]

Parecer:

Pudera!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Pinto Monteiro como se sentiu ao ler o Expresso.»

TRANSPORTANDO O VAIVÉM

MIKESI

COPENHAGEN GAY & LESBIAN FILM FESTIVAL