quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Amanhando as redes, Vila Real de Santo António

IMAGEM DO DIA

[Adnan Abidi/Reuters]

«A laborer worked Tuesday at the Thyagraj Sports Complex, one of the venues for the October 2010 Commonwealth Games, in New Delhi.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Mário Lino, ministro das Obras Públicas

O ministro Mário Lino não está incomodado com os gastos de quatro milhões de euros em cerimónias de inaugurações de estradas, um disparate num país com as dificuldades do nosso. É evidente que o ministro está a confundir as concessionárias das estradas com fundações de beneficência, ainda não percebeu que estas despesas são lançadas como custos e deduzidas dos lucros pelo que uma parte é paga pelo Estado que cobra menos impostos, o resto vai ser pago pelos automobilistas.

Enfim, a cabeça deste ministro parece um deserto e não me estou a referir à falta de cabelo.

AVES DE LISBOA

Pisco-de-peito-ruivo [Erithacus rubecula]

TÍTULO 09

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AUTO DO DESEMPREGADO

«E agora, que vou fazer? Ando vazio, a caminhar no interior de dias vazios. Há duas semanas. E ainda não reuni a força necessária para dizer à minha mulher que fui um dos 180 despedidos. Mas suspeito de que ela adivinha qualquer coisa. Não será, propriamente, a situação em si que lhe desperta a desconfiança; mas algo, um pressentimento obscuro, tenaz e desconfortável começa a invadi-la. Conheço-a muito bem. Passámos muitas coisas juntos. Era uma rapariga de grandes olhos luminosos num rosto alevantado que transpirava confiança e coragem. Quando estive gravemente doente manteve-se à minha beira, vigiando-me, tomando-me o pulso, observando a febre. "Nem te atrevas a deixar-me!", exclamou, certo fim de tarde, presumindo, pelo meu aspecto, que a doença se agravara. Fui agitado por estranho solavanco. Olhei-a e ela sorriu: "Eu sabia. Eu sabia que me não deixavas!" É um pouco grotesco, lembrar-me de estas coisas; mas são estas coisas humildes e modestas que formam a consistência das pessoas. Curioso!, há quanto tempo não lhe digo que a amo, há quanto tempo? Quantas vezes lho disse? Não dá muito jeito, reconheço; mas certamente lho disse, embora em português não soe bem; em inglês talvez sim. Talvez. Como fui parar a esta rua? Acontece-me agora isto. Ando por aí à toa, um impulso irresistível e secreto leva-me a caminhar pelas ruas da cidade onde outrora só raramente ia.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Por Baptista Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

SARDINHA DÁ CHOQUE

«Era fatídico: o cancro tinha de chegar à sardinha assada. No PÚBLICO de ontem transmitia-se a triste descoberta de um grupo de investigadoras portuguesas. Recomendam elas que as sardinhas sejam assadas num grelhador eléctrico ou afastadas das brasas. Que é para ficarem mesmo boas, como a gente gosta.

É que não é a primeira vez que estas investigadoras dão conselhos culinários. Noutro artigo sugeriam que a carne fosse marinada em vinho ou cerveja antes de ser grelhada, para evitar a formação dos tais compostos cancerígenos. Será a marinada uma compensação alegremente alcóolica para a perda do sabor puro dos grelhadinhos? E que tinto recomendarão para acompanhar?

O artigo dos bifes marinados já saiu no Journal of Agricultural and Food Chemistry, que também publicará as sardinhas eléctricas. Terá o seu estrondo cultural saírem de Portugal estudos sobre os malefícios das sardinhas assadas nas brasas. Mostra que não somos facciosos e que os santos populares também têm graça com os castiços cabos enfeitados a ligar os grelhadores eléctricos às tomadas. Resta uma abébia que nos é dada: se as sardinhas forem assadas perto das brasas durante apenas quatro minutos, não há azar. Nem sequer ficam muito mal assadas: ficam bem boas. Isto é, se quer seguir à letra as recomendações destas nossas investigadoras. Que se seguirá? O frango de churrasco? O bacalhau assado? Ou já estamos todos fartos de saber que as coisas excessivamente grelhadas tendem a ser cancerígenas? » [Público assinantes]

Parecer:

Por Miguel Esteves Cardoso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

AUTARCA DE OLIVEIRA DE FRADES BOICOTA FUNCIONÁRIO QUE É CANDIDATO DO PS

«Porfírio Carvalho apresentou publicamente a candidatura à câmara, da qual é funcionário há 14 anos, no inicio do mês. O candidato, que já foi chefe de divisão no anterior mandato autárquico - também ganho pelo PSD, é técnico superior na câmara e tem por missão a análise de candidaturas aos fundos comunitários, da legislação publicada e produz ainda estudos. Mas desde o anúncio da candidatura que passou a trabalhar sozinho "quanto antes tinha outro colega no gabinete". Porfírio Carvalho acrescenta que também deixou de dispor de "telefone, impressora, Internet e rede informática da autarquia" instrumentos que considera fundamentais para "exercer a minha profissão". » [Diário de Notícias]

Parecer:

Este é o PSD profundo ainda que muito parecido ao actual PSD da capital.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se pelas eleições autárquicas.»

BRIAN KLIMOWSKI

PATRONATO SANTO ANTÓNIO