quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Umas no cravo e outras tantas na ferradura

FOTO JUMENTO

Preparando o espectáculo na Rua Augusta, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Siphiwe Sibeko/Reuters]

«Mine workers worked underground Tuesday in Modderfontein, South Africa, near Johannesburg. Mining company Aflease Gold plans to produce 500,000 ounces of the precious metal per year in five years based on the company’s current assets. » [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

Enquanto Manuela Ferreira Leite faz de conta que o caso Freeport lhe é indiferente e se remete ao silêncio na esperança de capitalizar os ganhos, deixa a Pacheco Pereira o papel de lançar insinuações. Mas não basta isso à líder do PSD, é necessário lançar uma campanha pública e para isso não há como a JSD, no pressuposto de que à juventude tudo se perdoa. A JSD de Setúbal vai fazer o trabalho sujo lançando outdoors onde Sócrates é tratado por Pinócrates. É aquilo a que se chama uma campanha oportunista.

SONDAGEM MANHOSA

Quem pergunta se o primeiro-ministro esclareceu o caso está a fazer uma pergunta manhosa pois José Sócrates nada tem a esclarecer e muito menos na sequência de uma manobra que envolve fugas oportunistas ao segredo de justiça. São os fascistas da justiça e os jornalistas oportunistas que deverão provar que as suspeitas que lançaram fazem sentido e cabe ao Ministério Público investigar. Que democracia é esta onde muita gente passou a pensar que são os cidadãos que devem provar a sua inocência.

A CABALA EXPLICADA ÀS CRIANCINHAS

«Ah, como eu teria ficado mais feliz se José Sócrates, em vez de clamar contra os "poderes ocultos", tivesse dito que desocultava as suas contas bancárias. Era tão fácil. Estou a imaginá-lo a aproximar-se do microfone, na sua última conferência de imprensa, e em vez de falar em "insídias" e "ignomínias", dizer simplesmente: "Portugueses, nada tenho a esconder. Abdico voluntariamente do meu sigilo bancário. As minhas contas estão à disposição da Polícia Judiciária e do Ministério Público." Era tão fácil, não era?» [Diário de Notícias]

Parecer:

João Miguel Tavares deve querer que Sócrates vá a sua casa mostrar as contas bancárias ou então esqueceu-se que estão no Tribunal Constitucional.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se por ignorância.»

O CASO FREEPORT COMO "QUESTÃO DE ESTADO"

«Para não responder a perguntas dos jornalistas sobre o caso Freeport, o Presidente da República afirmou que aquela não era ocasião apropriada para se pronunciar sobre "assuntos de Estado". Sou dos que pensam que, com os contornos que ele assumiu, o caso se transformou numa efectiva questão de Estado, que por isso mesmo não se compadece com o silêncio presidencial.

A questão está na gigantesca instrumentalização de uma investigação penal inconclusa e reservada, planeadamente "filtrada" para o exterior, para efeitos de um verdadeiro julgamento político-mediático do primeiro-ministro, tendente a torná-lo suspeito (na melhor das hipóteses) ou sumariamente condenado (na pior) aos olhos da opinião pública, por alegada corrupção, apesar de o Ministério Público, que é a autoridade responsável pela investigação, ter vindo asseverar publicamente (embora somente ao fim de duas semanas de intensa campanha de suspeições e especulações) que Sócrates nem sequer está a ser investigado, por não haver no processo nenhum elemento que o justifique.

O que transforma este caso numa incontornável questão de Estado são as violações qualificadas dos mais elementares princípios do Estado de Direito e da lisura, transparência e responsabilidade do combate político.

Em primeiro lugar, é inaceitável que uma investigação destas, iniciada há cinco anos com uma denúncia anónima, tenha demorado este tempo todo sem adequado esclarecimento, tanto mais que já em 2005 tinha havido uma conspiração para tentar inculpar o então candidato a primeiro-ministro, envolvendo agentes ligados ao processo, militantes dos partidos de Direita e jornalistas (conspiração que entretanto foi devidamente exposta e judicialmente punida). O bom nome dos investigados, sobretudo quando políticos, não é compatível com tal demora.

Em segundo lugar, não é admissível que, subitamente, no início de um ano eleitoral, todos os elementos do processo, incluindo denúncias em bruto sem qualquer confirmação ou prova, que deveriam permanecer reservados, tenham começado a aparecer nos media, obviamente a partir de dentro do processo, numa óbvia manobra planeada para denegrir e comprometer pessoal e politicamente o primeiro-ministro. Desde o caso Casa Pia que se não assistia a uma tão maciça "fuga" de dados em segredo de justiça para efeitos de perseguição política.

Ora, no meio desta ostensiva campanha de "assassínio político" do primeiro-ministro, diariamente amarrado ao pelourinho, Cavaco Silva optou por não se pronunciar. Sendo evidente que o Presidente da República não pode nunca pronunciar-se sobre uma investigação penal nem tem de socorrer politicamente o primeiro-ministro, o silêncio não é porém uma opção quando estão em causa os princípios do Estado de Direito e a transparência e responsabilidade das instituições.

O Presidente da República perdeu uma excelente ocasião, no seu discurso na sessão inaugural do ano judicial, de denunciar e censurar em geral a inaceitável demora das investigações penais (em prejuízo do bom nome dos suspeitos inocentes), a recorrente e impune violação do segredo de justiça (que vincula toda a gente) e a frequente instrumentalização de informações ou pseudo-informações não confirmadas, para fins de ataque político qualificado. Justificava-se também o apelo para o rápido apuramento das responsabilidades (se as há), para impedir que o caso Freeport continue a envenenar a vida política e a manchar irremediavelmente a credibilidade do chefe do Governo.

A jurisdição constitucional do PR, como supervisor do sistema político, não consiste somente em impedir os eventuais abusos de poder do governo e da maioria parlamentar, mas também em defender as instituições contra o abuso de funções por parte de poderes não responsáveis democraticamente, ainda por cima ocultos. O silêncio de Belém é tanto mais controverso, quanto é certo que, se não for esclarecida a tempo, esta operação de "julgamento popular" do primeiro-ministro, por via mediática, pode vir a ter efeitos colaterais decisivos no actual ano eleitoral.

Sendo óbvio que o enlameamento de Sócrates e a difusão da suspeição política sobre ele poderá acarretar consideráveis perdas eleitorais ao PS - sendo esse obviamente o objectivo deliberado dos que desencadearam e alimentam esta operação, que repete de forma mais "profissional" o ensaio de 2005 -, é por demais evidente que o resultado da eleições pode vir a ser decisivamente influenciada por ela. A oposição pode vir a beneficiar ilegitimamente de uma oportunidade que nem o julgamento da acção do Governo nem a sua própria alternativa política manifestamente lhe poderiam proporcionar.

É evidente que numa democracia a sério nenhum primeiro-ministro poderá sobreviver a uma acusação fundada de corrupção. Mas também é inegável que dificilmente deixará de ser eleitoralmente penalizado em caso de simples suspeita de corrupção, mesmo que totalmente infundada, se não puder contrariá-la eficazmente a tempo de limitar os estragos. O que não se pode tolerar é que, por acção conjugada de uma deliberada instrumentalização de uma investigação penal (em que nem sequer está a ser investigado) com a prestimosa colaboração de uma opinião politicamente motivada, um primeiro-ministro seja eleitoralmente punido por outros motivos que não sejam os eventuais deméritos do seu governo e dele próprio. Isso daria à oposição uma imerecida vantagem eleitoral. Para dizer tudo, equivaleria a uma espécie de "fraude eleitoral perfeita".

Como se verificou com o infame assassínio político de Ferro Rodrigues, abjectamente dado como envolvido no caso Casa Pia, não se pode consentir novamente que forças não identificadas (provavelmente as mesmas) manipulem outra vez uma investigação penal no espaço público, para mais uma cruzada contra outro líder político (por acaso, também do PS).» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vital Moreira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ESTUDAR MEDICINA A CRÉDITO

«"Pedi empréstimo em Setembro por causa da crise e foi muito difícil de conseguir" Mariana, nome fictício, frequenta o último ano de Medicina em Badajoz, Espanha. Tal como ela, muitos dos 700 portugueses que, segundo o Ministério da Saúde, estão a estudar Medicina fora do País, tiveram de recorrer ao crédito bancário para acabar o curso - , especialmente no Reino Unido, República Checa e Espanha. » [Diário de Notícias]

Parecer:

É uma vergonha que num país onde faltam médicos os jovens tenham que recorrer ao crédito para estudar no estrangeiro e o mesmo Estado que os excluiu da universidade os convide a regressar a Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se medidas urgentes para alargar o número de vagas de medicina.»

PSD COLHE OS FRUTOS DA CAMPANHA NEGRA

«A JSD afixou esta terça-feira no Centro Sul, concelho de Almada, um outdoor em que apresenta "Pinócrates", uma imagem de José Sócrates com um nariz de pinóquio.Sob o lema "Ainda acredita ?", o cartaz recorda a promessa do primeiro-ministro de criar 150 mil novos empregos numa Legislatura.» [Correio da Manhã]

Parecer:

No mínimo, esta campanha revela desespero.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Manuela Ferreira Leite se agora faz como o Jerónimo de Sousa e deixa o trabalho sujo para os pirralhos.»

MEDIDA PEREGRINA

«O Governo quer os aposentados de novo nas escolas para auxiliarem nas tarefas não lectivas, como o apoio ao estudo, aos alunos imigrantes, ou nas visitas de estudo. Numa altura em que milhares de docentes se reformam, até com penalizações, e outros tantos estão desempregados, sindicatos dizem que proposta é ofensiva e imoral.» [Diário de Notícias]

Parecer:

O que terá passado pela cabeça da ministra da Educação para pensar que os professores que se reformaram depois de anos de um trabalho de desgaste teriam agora vontade de voltar a trabalhar à borla.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se à ministra que se inscreva como voluntária depois de deixar o cargo»

BANCOS MAUS

«Quase um ano e meio depois do início da crise e apesar de já muito milhões terem sido injectados no sector financeiro, os bancos continuam com problemas, limitando o crédito concedido às empresas e famílias. Perante este cenário, a solução que voltou a estar em cima da mesa é a da criação de bancos públicos que comprem os activos tóxicos que estão a afectar o balanço dos bancos privados. Seriam aquilo a que se chama "bancos maus" - "bad banks" -, entidades públicas que assumiriam os riscos que os privados não querem ter e tentariam, nos próximos anos, recuperar o dinheiro investido, vendendo os activos. Outra alternativa é a atribuição pelo Estado de seguros aos bancos que os compensem por perdas que registem ao venderem os activos de alto risco.» [Público assinantes]

Parecer:

Coitados dos banqueiros...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Crie-se um novo lema: "os contribuintes que paguem a crise."»

BORIS BUKHMAN

"DRIVE DRUNK"

DEIXA A MINHA PEQUENA EM PAZ [imagens]

OBAMANIA J[A CHEGOU AO PORNO

LOS PISINGOS