domingo, fevereiro 22, 2009

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

"Guesthouse Beira-Mar", Alfama, Lisboa

IMAGEM DO DIA

[Jorge Silva-REUTERS]

«Venezuelan President Hugo Chavez holds up a folder with referendum results at an event with the National Assembly in Caracas. Chavez's referendum win puts him closer to his goal of ruling for another decade or more.» [The Washington Post]

JUMENTO DO DIA

Paulo Pisco

Paulo Pisco, do departamento de relações internacionais do PS, justificou o convite a Hugo Chávez para estar presente no congresso do PS, argumento as fortes relações entre Portugal e a Venezuela. Ficamos a saber que os convites do PS já não consideram as diferenças políticas, com tiques de partido de Estado o PS faz os convites em função da relações entre Estados.

AVES DE LISBOA

Guincho-comum [Larus ridibundus] no Terreiro do Paço

ENFIM, UM EMPRESÁRIO!

«Ocomunismo (também eufemisticamente conhecido por socialismo) está morto: paz à sua alma. E a sua morte, por implosão, foi de tal forma redentora que nem o nosso Partido Comunista ousa sugeri-lo como alternativa, quando o capitalismo, entregue a si próprio e cumprindo a profecia de Marx, tudo fez também para se autodestruir. A diferença é genética e substancial: o comunismo pressupõe, como inevitabilidade, a ditadura, a corrupção e a ineficácia; o capitalismo tanto pode significar liberdade individual, capacidade de risco, iniciativa e inovação, como pode degenerar na lei da selva, onde o único objectivo é o lucro e a única regra a ganância.

Esta crise serviu para nos mostrar que, acima de qualquer sistema político, existem os homens e os homens não são necessariamente ‘bons selvagens’, todos apostados no ‘ bem comum’ e num código de conduta ética de vida em sociedade por todos aceite e respeitado. Antes ainda de financeira ou económica, esta é uma crise universal de valores e princípios, num tempo em que o dinheiro e as aparências, o sucesso e falta de consciência de deveres e obrigações para com os outros se transformaram no bezerro de oiro. Por isso, acredito que só sairemos verdadeiramente da crise com sangue, suor e lágrimas. Quando os batoteiros forem afastados, os criminosos postos na prisão e o paradigma económico alterado de cima a baixo. Quando as offshores forem banidas, quando os riscos empresariais deixem de ser cobertos pelo Estado, quando as fortunas individuais correspondam a riqueza produzida a favor de todos, quando os rendimentos do trabalho deixem de pagar o dobro de impostos que pagam os da simples especulação financeira. Mas não estou optimista e menos ainda quando olho cá para dentro: nas medidas do Governo Sócrates para combater a crise há coisas certas, coisas que acho erradas e outras que só o tempo julgará. Mas o que não há, manifestamente, é a coragem de tirar as lições que se impõem: Sócrates parece pensar que o caminho é criar mais emprego público, engrossar o Estado e a despesa pública para o futuro, proporcionar mais negócios aos clientes de sempre e esperar que isto dê a volta e se retome o business as usual. Com mais ou menos quilómetros de auto-estradas, mais ou menos TGV, mais ou menos negócios privilegiados para a EDP e outros suspeitos do costume. É a velhíssima sabedoria do príncipe de Salinas.

Mas é justamente nos tempos de crise que se conhece a fibra de cada um. Há os que tiveram azar, que foram apanhados num turbilhão que não causaram e que não podiam antecipar, e há os que se limitaram a acumular lucros fáceis quando tudo era fácil, sem curar da retaguarda, e que, ao primeiro sinal de dificuldades, transferem as responsabilidades para cima do Governo, que tem de os apoiar, ou para cima dos trabalhadores, que têm de despedir. Temos, entre nós, os multimilionários, que cresceram pagando salários de miséria e agenciando contratos sumptuosos com o Estado ou no tráfico de influências com Angola, e que logo anunciam que, infelizmente, coitadinhos, vão ter de despedir porque não conhecem outra alternativa. E os grandes especuladores financeiros, que não criam um posto de trabalho, mecenas com Fundações que servem para fugir ao fisco e aos credores e cujas dívidas contraídas na banca pública e negociadas num ‘almoço de trabalho’ com os boys do PS ou do PSD, são agora incobráveis, até porque (oh, que surpresa!) não têm património pessoal que responda por elas e ninguém lhes exigiu garantias pessoais ou patrimoniais quando lhes emprestou dinheiro a perder de vista. Rezo para que não seja com estes ‘empresários de sucesso’, com estes ‘criadores de riqueza’, com estes comendadores de mérito, que José Sócrates conte para sair da crise e retomar o crescimento do país...

Mas, no meio de tanto pessimismo, aconteceu-me estar a ver um telejornal, na semana passada, e dar com o presidente do Grupo Jerónimo Martins a falar sobre a crise. Confesso que quase só sabia de Alexandre Soares dos Santos que tinha expandido em grande o seu grupo para a Polónia e que tinha o hábito saudável e tão pouco português de começar as reuniões de trabalho quinze minutos antes da hora marcada. E, de repente, vi-o, sem medo nem meias palavras, a fustigar a demagogia do combate aos pseudo-ricos anunciado pelo primeiro-ministro. Melhor ainda, ouvi-o dizer o que iria fazer perante a crise: primeiro, lançaria mão das reservas que teve o cuidado de fazer para enfrentar, se necessário, um ano inteiro de prejuízos; depois, deixaria de pagar dividendos; a seguir, diminuiria o salário dos administradores e quadros do grupo e, tudo não resultando, negociaria com os trabalhadores cortes de horário ou de salários; e só no fim avançaria para os despedimentos se os prejuízos se tornassem insustentáveis. Eis, pensei para comigo, alguém que não perde a calma perante as dificuldades, que não recorre ao expediente mais fácil para enfrentar os problemas e que, no meio do incêndio geral, não perdeu a noção de que uma empresa ou um grupo empresarial não é uma mera fábrica destinada a gerar lucros para os donos, mas também uma entidade que cumpre uma função perante a sociedade, a qual não desaparece nos tempos de crise.

Esta semana, a boa impressão que tinha retido transformou-se numa agradável surpresa, perante a notícia da criação da Fundação Francisco Manuel dos Santos — nome do fundador do grupo e avô do actual presidente. Eis uma Fundação que não serve para esconder lucros do Fisco ou comprar quintas e iates para os seus fundadores. Que, avisadamente, até está proibida estatutariamente de adquirir património, financiando-se com uma dotação anual que sai directamente do bolso de quem a criou. E que não serve para vender ‘arte’ ao Governo ou fazer caridade, mas para estudar, investigar, analisar estatisticamente o país que somos: um centro de estudos capaz de proporcionar aos decisores políticos a tomada de medidas que distinguem um estadista de um político. Contra a espuma da governação, a ilusão das sondagens e os ‘marqueteiros’ eleitorais. Uma Fundação que, como diz Alexandre Soares dos Santos, nasceu para “devolver à sociedade portuguesa uma parte do muito que ela nos deu”. Eis alguém que não reclama mais do Estado, que, pelo contrário, afirma que “a sociedade civil é fraca e muito dependente do Estado” e que sabe que, em época de crise profunda, o clima é propício à emergência dos populismos, que são, quase sempre, o chão onde germinam as ditaduras.

Por si só, esta já seria uma notícia boa, nesta maré de pessimismo em que vivemos mergulhados. Mas o nome de António Barreto para presidir à nova Fundação é ainda um sinal acrescentado de seriedade, competência e diferença. Enfim, uma boa acção. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Miguel Sousa Tavares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

A ELEIÇÃO DO SECRETÁRIO-GERAL

«O PS tem à volta de 73.000 militantes, de que à volta de 29.000 pagam as quotas (não se percebe o estatuto dos que não pagam) e podem, por consequência, votar. Desses 29.000, mais de 96 por cento votaram em Sócrates, como era fatal. Essa maioria soviética trabalha quase com certeza para o Estado e foi a seu tempo nomeada ou promovida pelo próprio PS. Por outras palavras, Sócrates representa a clientela do partido e é daí que lhe vem a legitimidade para se candidatar a primeiro-ministro. A clientela anda, de resto, satisfeita com o Governo pelo simples facto de ser Governo; e a que não anda, como contou Edmundo Pedro, não se mexe com medo de perder o emprego ou de prejudicar a carreira. Na vida interna do PS, a "liberdade" não passa de uma fantasia.

Embora à superfície diferente, a situação no PSD é muito parecida. Anos de vacas magras (com o pequeno intervalo Barroso) tornaram o PSD numa espécie de "federação de autarquias", em que o presidente "federal" está por natureza impedido de criar uma clientela sua e depende das grandes câmaras, com muito dinheiro e milhares de empregos. Deste acidente nasceram facções que se aliam ou guerreiam e fazem e desfazem "chefes", conforme ficam "dentro" ou ficam "fora" da direcção central. O eleitorado do partido é um conjunto de "sindicatos de voto" (às vezes fraudulentamente inchados) de gente que segue com fidelidade o seu "cacique". Não vale a pena dizer que não existe relação alguma (excepto negativa) entre essa tropa, dividida e cega, e a verdadeira "base" do PSD.

Estas distorções, que ultimamente se agravaram, vêm tanto no PS como no PSD do princípio pseudodemocrático da eleição directa do secretário-geral ou do presidente. Para começar, a eleição directa dispensa o militante anónimo, que é posto perante candidatos que não conhece e programas (ou moções) para que não contribuiu e que nunca conseguirá mudar. Eliminada a velha discussão na "base" e a escolha de um delegado familiar e próximo, a política acabou nas sedes de concelho e de distrito, que os profissionais dominam, e até no Congresso, que se tornou oco e dispensável. A enorme distância que sempre separou o cidadão do deputado e do governo, separa hoje o militante de quem manda de facto no partido. Entre o regime e o país a distância aumenta.» [Público assinantes]

Parecer:

Por Vasco Pulido Valente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CASO FREEPORT: AQUI HÁ GATO

«Durante a tarde de ontem, chegaram a circular informações de que os procuradores do caso Freeport estariam a realizar uma acareação entre os antigos sócios da Smith & Pedro. O DN sabe que tal não sucedeu. Quer Smith quer Manuel Pedro foram interrogados separadamente. Até à hora de fecho desta edição, apenas foi possível apurar que um dos pontos que terá motivado algumas contradições estará relacionado com o conhecimento que ambos teriam sobre uma série de e-mails enviados para Inglaterra, nos quais se fazem referências a pagamentos corruptos.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Começa a ser evidente a presença de pilha-galinhas no negócio, resta saber quem enganou quem, ou quem recebeu de quem.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelos resultados da investigação.»

AFINAL TAMBÉM HÁ BPN EM ALCOCHETE

«Foi na altura em que conseguiu a aprovação ambiental para o outlet Freeport que Manuel Pedro começou a trabalhar para a Sociedade Lusa de Negócios (SLN), holding que detém o BPN. Administradores da área imobiliária da SLN disseram ao Expresso que a empresa SAM, de Manuel Pedro, foi proposta em 2002 ao grupo pelo arquitecto Capinha Lopes (ver texto ao lado) para trabalhar como consultora ambiental no plano de pormenor da Barroca d’Alva, em Alcochete. Por arrasto, a SAM seria ainda contratada para o plano de pormenor da Quinta da Fonte Santa, um núcleo turístico projectado para A-da-Beja, junto ao nó da CREL com a radial da Pontinha, no concelho da Amadora. No entanto, nenhum dos planos de pormenor foi levado até ao fim e o Expresso confirmou junto das duas autarquias que também nunca deram entrada nas câmaras quaisquer estudos desenvolvidos pela SAM. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Isto começa a ficar bonito.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se por toda a verdade.»

HUGO CHAVEZ CONVIDADO PARA CONGRESSO DO PS

«O PS convidou o líder do Partido Socialista venezuelano, Hugo Chávez, para assistir ao Congresso do próximo fim-de-semana. A notícia é avançada pelo semanário Sol que sublinha que é a primeira vez que é feito esse convite. Os socialistas justificam o convite com o «relacionamento muito forte» que existe com a Venezuela.

«Dado que temos um relacionamento muito forte com a Venezuela, interessa-nos manter estas pontes», explicou ao SOL Paulo Pisco, do departamento de relações internacionais do PS, chamando a atenção para a comunidade portuguesa naquele país. Tudo indica que o PS venezuelano deverá enviar um representante de Chávez. » [Portugal Diário]

Parecer:

O quês? Nem o PCP foi tão longe no seu congresso.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se se também vão convidar o Mugabe.»

VAMOS TER MAIS UM SANTO

«O Papa Bento XVI anunciou este sábado a canonização este ano de dez beatos, entre os quais o carmelita português Nuno de Santa Maria Álvares Pereira, segundo um comunicado do Vaticano. Nuno Álvares Pereira integra, ao lado de quatro italianos, o primeiro grupo, que será canonizado no próximo dia 26 de Abril.

sEgundo noticia a Lusa, o Presidente da República já se congratulou com a canonização de Nuno Álvares Pereira, frisando que esta figura «maior» da nossa história «deve inspirar os Portugueses na busca de um futuro melhor». » [Portugal Diário]

Parecer:

É para juntar aos muitos "santinhos" que por aí andam.

AT WORK [Boston.com]

«A person works with a gunpowder mixture inside a firecracker factory on the outskirts of the northeastern Indian city of Siliguri October 21, 2008. » [REUTERS/Rupak De Chowdhuri ]

GARY KAPLUGGIN

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GEORGIA INNOCENCE PROJECT