quinta-feira, março 20, 2014

Somos um país cheio de sorte

Portugal é um país com sorte e ter como presidente um Cavaco Silva é quase o equivalente a ganhar o euromilhões das nações. Tivemos o melhor primeiro-ministro que poderíamos ter tido quando recebemos os ecus das ajudas da CEE, tivemos o melhor presidente que poderíamos ter quando no primeiro mandato o país enfrentou a segunda maior crise financeira do mundo ocidental, continuámos a ter sorte quando no seu segundo mandato o país precisa de alguém consensual, não crispado, dialogante e culto.
  
Começámos por ser o melhor aluno da Europa, por fazer uma corrida para ultrapassarmos os gregos, até fomos um  oásis no meio de uma crise europeia e quis o destino que com Cavaco em presidente tenhamos voltado a enfrentar os gregos, agora já nem queremos ser melhor que eles, basta-nos ser diferentes. Com Cavaco o país é um modelo de virtudes e até a Nossa Senhora de Fátima torce por nós e é confidente da primeira dama, se calhar até foi a santinha a sugerir à família um investimento nas acções da SLN pois a rentabilidade obtida nem o Carlos Moedas conseguiria explicar, só pode ter sido milagre.
  
Temos um presidente defensor do povo e contra os partidos, um presidente para quem a nação está acima de tudo e os jogos partidários são uma aberração da democracia que deveria ser banida. Os partidos deviam ser amigos e eliminar as diferenças, os líderes partidários deviam ignorar as diferenças ideológicas, os seus projectos, a vontade dos seus eleitores e ceder, de preferência a esquerda ceder à direita, o parlamento até poderia ser transformado em salão de chá enquanto as suas escadarias ficariam reservadas para o fitness dos diversos grupos profissionais, que em vez de recorrer a manifestações para libertarem as suas toxinas passariam a fazer exercício físico. 
  
Temos um presidente que vê nas eleições um momento de debate ameno sobre o futuro do país, de debates construtivos. O país devia seguir o seu exemplo de primeiro-ministro, um político que nunca inaugurou nada ou nunca aumentou as pensões a pensar em votos, um primeiro-ministro que sempre ouviu os outros partidos, que sempre respeitou todas as instituições, que sempre teve discursos construtivos e relaxantes. O homem sempre foi um exemplo de diálogo, de debate saudável de ideias e projectos, de soluções consensuais. Era um político tão exemplar que esquecia as regiões que não votava nele não fosse ser acusado de eleitoralismo.
  
Temos um presidente que sempre foi contra um ambiente de crispação, que sempre demitiu os seus assessores que se comportam como agentes secretos de forças golpistas, que sempre apreciou a diversidade de opiniões, até entre os seus consultores e assessores, um homem de diálogo. Temos um presidente que é um exemplo de humildade no momento das vitórias, que faz discursos dignos do Santo Padre, que tem a estima de todos os partidos pois sempre foi o presidente de todos os portugueses.