quinta-feira, março 12, 2015

Manobra de diversão

Cavaco sabe muito bem que não lhe cabe definir critérios de admissão de candidaturas presidenciais que restringem os direitos constitucionais de milhões de cidadãos que nos termos da Constituição podem ser candidatos ao cargo. Se sabe e mesmo assim insiste nessa estratégia é porque o seu respeito pelos valores constitucionais é quase nulo, algo que não é novidade.

Mas, o mais ridículo desta manobra está no facto de um comentador tão experiente como o Marcelo rebelo de Sousa tenha caído no ridículo de se meter em bicos de pés anunciando que tinha acabado de passar na primeira prova de selecção do futuro presidente da República. Santana Lopes fez o mesmo e uma boa parte dos comentadores tugas nem questionou a legitimidade da última baboseira de Cavaco Silva, puseram-se a avaliar os potenciais candidatos para aferir se podiam 
  
Seria demasiada ingenuidade pensar que Cavaco se lembrou de lançar esta alarvidade apenas para pôr a ridículo o inteligente Marcelo Rebelo de Sousa e um aburguesado Pedro Santana Lopes. Se fosse essa a intenção tê-lo-ia feito em momento mais apropriado e como o seu livro dos roteiros (uma obra inútil que só vale pelas confusões provocadas pelos seus prefácios) nem tem data de lançamento poderia esperar mais algum tempo.
  
Mas pensar que Cavaco eu a conhecer o teor do seu prefácio nesta altura sem qualquer intenção é pensar que o ainda e infelizmente presidente dá ponto sem nó, ele ou os que com ele no Palácio de Belém se entretêm a lançar manobras como as falsas escutas a Belém. Estamos perante uma preocupação de Cavaco com o futuro do país ou tudo isto não passou de uma manobra de diversão.
  
A verdade é que quando Passos Coelho estava em sérias dificuldades com o seu currículo contributivo digno de um trafulha o país esqueceu o assunto e durante vários dias só discutiu um assunto que não tem o mais pequeno interesse, de um dia para o outro foi um país de idiotas que se pôs a discutir uma eleição presidencial que se vai realizar só para o ano, tendo como ponto de partida aquele que foi o prior presidente ou monarca da história de Portugal.
  
Cavaco está de parabéns e Passos Coelho deve-lhe mais uma, com esta manobra de diversão e com a preciosa entrevista de António Costa o facto de Portugal ter um primeiro-ministro sem autoridade moral e com um currículo contributivo que em qualquer país europeu conduziria à sua demissão deve ser ignorado. Cavaco disse que o caso era uma luta política e deixou um Costa indignado porque o líder do PS acha que nem chega a ser isso, é um mero caso a que ele nem presta atenção. Têm todos razão, vamos esquecer Passos, a situação desgraçada do país e as próximas eleições legislativas, o importante agora é ver quem pode ser presidente, se a Maria de Deus Belém ou o Marcelo Rebelo de Sousa.