domingo, março 22, 2015

Semanada

À falta de uma lista de medidas, de propostas ou mesmo de qualidades que convençam os eleitores a inverterem a tendência nas sondagens António Costa aproveitou-se da já famosa lista VIP para transformar um casinho num caso na esperança de ganhar uns quantos votos. Mais do que saber se a tal lista existia empenhou-se em fazer passar a ideia de que existia mesmo e agora ficamos a aguardar que exija celeridade na justiça para averiguar os tais crimes de que fala, de forma a que tenhamos tempo de o elogiar ou de lhe pedir explicações. Até lá, esperemos que apareçam informações fiscais sobre o líder do PS ou sobre alguns amigos e camaradas, talvez ele promova os responsáveis pelo voyeurismo a heróis e os convide para integrarem a lista de deputados do PS. 
  
A existir Lista VIP colocam-se questões de legalidade e de violação das normas constitucionais, mas independentemente da sua existência é óbvio que o país viveu o se momento PREC com um sindicalista a apresentar listas de saneamento a um secretário de Estado que é um comissário político do partido do contribuinte no ministério onde uma senhora se entretém a dizer que é a versão loura do Tio Patinhas salazarista. Era suposto o país ter um Presidente da República  mas mais uma vez se percebeu que não tem.

Paulo Núncio destruiu a credibilidade e autoridade de uma administração fiscal que está agora exposta às listas de saneamento apresentadas por um qualquer sindicalista com ambições de ser deputado de uma futura maioria, onde possa transformar um modesto funcionário num poderoso homem do fisco. Geriu toda a crise em função da sua imagem e quando as consequências da sua estratégia se viravam contra si teve a indignidade de destruir funcionários competentes e responsáveis. Só por isso este senhor merecia mais do que se demitir, devia ser banido de quaisquer funções governamentais. Estava tão convencido de que seria um futuro sucessor de Paulo Portas que acabou por destruir a sua brilhante carreira, construída em cima dos sucessos do trabalho alheio, precisamente do trabalho dos que usou para se livrar da oposição.
  
E enquanto o líder da oposição andou a fazer surf nas listas e listinhas, coisa mais importante que os casos e os casinhos ou que os duplexes e as casinhas, o país nem reparou nos cofres cheiro do Salazar de saias, na manutenção da dívida soberana com o estatuto de lixo ou em outras coisas bem mais importantes do que o falso caso das listas e das listinhas.