segunda-feira, março 23, 2015

Ou há moralidade ou comem todos!

Nos últimos dias, a propósito da suposta lista VIP, falou-se muito do princípio da igualdade, mas duvido que os deputados estagiários envolvidos nos debates estivessem preocupados com o da Constituição, até porque por ignorância nem referiram o artigo 35.º da Constituição que estaria em causa. Por aquilo que vimos na comissão parlamentar de orçamento e finanças o que preocupava os nossos ilustres deputados era o principio básico do nosso direito constitucional consuetudinário que estipula que ou há moralidade ou comem todos!
  
O que preocupava os deputados, principalmente os da oposição, não era a devassa criminosa da informação fiscal de gente que por ser burguesa ou por estar agora no poder tem um tratamento social de VIP. Era o que faltava que a partir de agora passasse a ser o trolha a ser vítima da publicação dos seus dados fiscais, enquanto estaríamos impedidos de saber pormenores da intimidade fiscal o José Castelo Branco, do ferro Rodrigues ou do Paulo Portas.
  
O país nunca viu os nossos políticos indignados com as desigualdades sociais, nunca um director-geral foi demitido porque o desemprego atinge mais os jovens ou a mulheres ou porque a austeridade tem mais consequências nos ricos do que nos pobres. Procure-se no Google por “António Costa desigualdades” e aparecem duas referências a declarações de ocasião de António Costa. Mas se procurarmos por “António Costa lista” o líder do PS aparece nas primeiras dez referências e só uma delas não se relaciona com a lista VIP, mas sim com a lista das últimas autárquicas.
  
Quando se fala de desigualdades sociais fazem-se discursos de ocasião, os únicos que falam ligeiramente mais alto são os da esquerda conservadora que puxam da cassete e repetem o que dizem nos últimos vinte anos. Mas com agora que estava em causa o velho princípio de que ou há moralidade ou comem todos foi o que se viu. O Expresso até já está a equacionar a hipótese de publicar um suplemento especialmente dedicado a assegurar que todos os portugueses são iguais perante a devassa da informação fiscal feita por gente que precisa de assunto para o café da manhã. Assim, vamos passar a ver no Expresso os dados ficais da Tia Matilde de Fornos de Cima, do Sôr Alfredo da mercearia, do Quim Berto que é condutor do camião do lixo da CML e de muitos outros cidadãos que têm tanto direito como o Cavaco ou o António Costa de aparecer nos jornais. É uma desigualdade abominável sabermos quanto pagava António Costa por um luxuoso duplex na Av. Da Liberdade e estarmos na total ignorância sobre o que se paga de renda por uma barraca na Pedreira dos Húngaros.
  
Aliás, em vez de andarem a criar listas de intocáveis tudo isto devia ser democratizado e a única forma de assegurar a igualdade de todos os cidadãos, acabando com quer com os privilégios dos poucos famosos que têm a sua informação publicada, ou dos poucos funcionários do fisco que se podem deleitar e chegar a orgasmos vendo a pornografia fiscal de cada um, é democratizando o acesso à informação, um direito inalienável de cada cidadão, somos todos iguais no direito de aceder a informação que é gerida com o dinheiro dos impostos de todos nós e todos temos o direito a um momento de fama na primeira página do Expresso ou nos comentários da Manuela Moura Guedes.
  
Por isso devemos exigir a publicação imediata de todos aqueles que tendo consultado livremente a informação fiscal dos mais famosos acabaram por denuncias a existência de uma desigualdade inaceitável, e propor a António Costa que quando Maria de Belém chegar a presidente da República lhe proponha que agracie o Ralha dos impostos com a Ordem da Liberdade, em sinal de reconhecimento pela coragem na defesa corajosa dos valores da liberdade e da igualdade e +ela ajuda prestada ao fornecer ao líder da oposição a lista dos perigosos agentes que conspiravam com o Núncio Fiscoólico contra o direita inalienável de cada cidadão ver o seu cu exposto em qualquer jornal.