quinta-feira, setembro 10, 2009

As soluções da extrema-esquerda moderna

No debate com Manuela Ferreira Leite o líder trotskista do BE passou a imagem de que conhecia melhor o programa do PSD que a sua própria líder. No debate com José Sócrates optou por atirar cascas de banana e já evitou discutir o programa do PS, optou por se gabar que já tinham sido feitos 150 mil downloads, pelos vistos um deles terá sido obra de José Sócrates pois o líder do PS parecia conhecer melhor o programa do BE do que o próprio Francisco Louçã.

Perante tão grande procura pelo documento dos milagres não resisti à tentação de ser o 150.000º português a ter a pachorra para saber que mezinhas propõe a extrema-esquerda para o país. É um exercício que proponho a todos, leiam e discutam.

Seria interessante, por exemplo, que Louçã discutisse em público a solução que propõe para combater a toxicodependência, começa por se queixar de que:

“Não basta criar Centros de Atendimento a Toxicodependentes ou outras estruturas/programas pelo país fora para que, depois de ultrapassada a lista de espera, o consumidor não tenha alternativa na capacidade de tratamento em comunidades terapêuticas, a menos que esteja disposto a pagar milhares de contos pelo tratamento completo em instituições privadas.”

Depois, propõe a solução milagrosa:

«Por estas razões, a prescrição médica de substâncias hoje ilegalizadas, como o são a heroína ou a cocaína, permitem que o toxicodependente seja acompanhado por quem conhece o seu metabolismo, garante a qualidade da substância que lhe é administrada e elimina os riscos de contágio de hepatites ou HIV através dos materiais utilizados.»

Brilhante, a melhor forma de combater a toxicodependência é ministrar cocaína e heroína com prescrição médica. Resta saber se os hospitais vão comprar a cocaína aos amigos colombianos das FARC ea heróna aos talibãs, ou se serão as alfândegas e a PJ a tentarem fazer apreensões para abastecer as farmácias de cocaína e heroína gratuitas.

Os tramados serão os consumidores de drogas leves, esses poderiam comprá-la aos preços de mercado, mais baixos porque o seu comércio seria liberalizado. Bem, nas próximas eleições o Louçã vai propor a nacionalização da comercialização da maconha para assegurar preços mais baixos no consumo.

Sobre o Rendimento Social de Inserção Louçã faz uma proposta interessante, com o objectivo “imperioso repor a justiça social, reforçando e ampliando a aplicação do rendimento social de inserção, bem como repor os mecanismos de inserção dos cidadãos na vida activa” propõe algo de muito interessante:

“A criação de um quadro na segurança social que estimule a integração de trabalhadores de instituições privadas, de tal modo que haja uma tutela pública, alheia a distribuições de benesses, no acompanhamento das políticas sociais”.

Estando a falar de combate à pobreza que instituições privadas pretende Louçã estatizar, com o objectivo de acabar com a suposta “distribuição de benesses”?

Não estamos a falar de sistemas privados de segurança social, isso é tratado noutro capítulo, o BE refere-se às organizações que, à margem do Estado e vivendo à base do voluntariado, combatem a pobreza. Isto é, estão em causa as Misericórdias e as instituições de solidariedade social, desde o Banco Alimentar Contra a Fome a muitas outras organizações não governamentais. A extrema-esquerda sempre foi alérgica à solidariedade social, considera-se uma negação da luta de classes e tenta confundi-la com caridade.

É uma pena que Louçã desconheça ou prefira não discutir o seu programa.