FOTO JUMENTO
Constância
IMAGEM DO DIA
[Ramon Espinosa/Associated Press]
«Riot police detained a student who held a book that reads in French: “The Rights of Human Beings and Citizens” in Port-au-Prince, Haiti, Wednesday. People have been protesting for higher wages, curriculum modifications and other changes.» [The Wall Street Journal]
JUMENTO DO DIA
Judite Sousa
O papel de Judite Sousa no debate entre Paulo Portas e Manuela Ferreira Leite não foi o de entrevistadora, ao longo do debate comportou-se como uma assessora de imprensa da líder do PSD. Apercebendo-se do cansaço da líder do PSD Judite Sousa veio várias vezes em socorro de Manuela Ferreira Leite, interrompia-a com perguntas que serviam para a ajudar a organizar o discurso, sintetizava-lhe as conclusões quando lhe parecia que as ideias estavam baralhadas, completava-lhes as frase quando faltavam as palavras.
Chegou mesmo a dar a oportunidade a Manuela Ferreira Leite de corrigir a gafe das taxas do IRC cometida no debate com Jerónimo de Sousa.
Será pensar na Judite Sousa que Pacheco Pereira tanto critica o suposto controlo da RTP pelo Governo?
O DEBATE ENTRE PAULO PORTA E A TIA MANELA
Como coloco no título fiquei com a sensação de que em vez de um debate entre líderes partidários estava a assistir a um debate entre Portas e a Tia Manela, a ternura com que a líder do PSD tratava o líder do CDS e o ar de sobrinho maroto com que este estava.
Não resisto a um outro comentário sobre a forma como se apresentou Manuela Ferreira Leite que ao longo desta pré-campanha parece estar mais em busca do elixir da juventude do que de votos. Hoje até pintou os lábios de forma tão agressiva que parecia a Manuela Moura Guedes com menos vinte quilos.
Gostei de ver Judite de Sousa corrigir o erro que Manuela Ferreira Leite cometeu no debate com Jerónimo de Sousa ao confundir a taxa do IRC com a do IRS. Judite de Sousa até abanou a cabeça com ar de professora primária quando a líder do PSD procedeu à correcção com ar de quem não se tinha enganado. Aliás, Judite de Sousa comportou-se no debate como se fosse a secretária pessoal de Manuela Ferreira Leite, até chegou a sintetizar as intervenções e tirou conclusões, numa tentativa evidente de clarificar o discurso baralhado da líder do PSD, que se apresentou no debate com ar cansado.
Quanto ao balanço do debate parece-me ser evidente, Paulo Portas ganhou por grande margem.
VIGILÂNCIA
Depois de tanta polémica sobre as supostas vigilâncias ninguém estranhou que jornlistas da SIC e da TVI tenham gravado e divulgado sem autorização uma conversa privada sem qualquer interesse. Enfim, pelos critérios da nossa comunicação social só os jornalistas estão autorizados a vigiar cidadãos sem que sejam sujeitos a qualquer controlo.
JUIZ CALA GONÇALO AMARAL
Pessoal não gosto de Gonçalo Amaral, os ex-inspector da PJ que conduziu as investigações do caso Maddie, não gosto dele nem aprecio o seu comportamento, mas nunca me passaria defender que ficasse calado e impedido de comentar factos que conheceu, só porque esses comentários incomodam a tese dos pais da criança desaparecida. Dizem os pais da criança que Gonçalo Amaral não tem provas da sua morte, mas o facto é que a tese do rapto deixa muito a desejar.
Que o ex-inspector fosse condenado por ofensas morais aos pais de Maddie e, consequentemente, o livro fosse retirado das bancas até poderia concordar. Mas não posso aceitar o silenciamento do homem só porque um juiz assim o decidiu.
AVES DE LISBOA
Toutinegra-de-barrete-preto [Sylvia atricapilla]
Local: Campo das Cebolas [10-02-2009]
FLORES DE LISBOA
No Jardim da Fundção Calouste Gulbenkian
FALTA UM JANTAR A LOUÇÃ
«Quando o MES acabou (por lá passaram Sampaio e Ferro Rodrigues, entre outros) deu um jantar para anunciar: acabámos. O jantar limpou a cabecinha dos militantes, ajudou-os a fazer o luto de uma luta política, revolucionária, passando para outra, democrática (burguesa, diriam antes). Fez-lhes bem o jogo limpo: ontem íamos por ali, agora, vamos por aqui. Muitos deles foram depois ministros e patrões (o que antes combatiam radicalmente). Os que continuaram agarrados às antigas ideias chamarem-lhes vira-casacas, mas não puderam acusá-los de mentir na sua evolução. Não se passou o mesmo com o Bloco de Esquerda. Essencialmente, este é formado pelos trotskistas do PSR e os maoístas da UDP, correntes revolucionárias. Ora nem o PSR nem a UDP fizeram a proclamação política do seu fim, só deixaram estiolar as siglas. Mas Francisco Louçã apresentou-se no debate com Sócrates assim: "Sou socialista, laico e republicano." Então, quando é que deixou cair o "revolucionário"? Não tenho dúvidas de que, no fundo, tenha deixado, e que talvez venha a ser ministro num governo a que chamaria burguês há poucos anos. Mas parece-me que lhe falta, a ele que dá tanta importância à ideologia, que o diga na teoria, antes de ser definitivamente comprovado, na prática, que mudou.» [Diário de Notícias]
Parecer:
Por Ferreira Fernandes.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
ESTOU GORDA
«Num recente reencontro entre dois grupos de ex-ginastas, um dos meus colegas do grupo masculino volta-se para uma das antigas ginastas da classe feminina e pergunta-lhe admirado: “- Ena pá! Estás grávida?” Responde-lhe ela: “- Não! Estou gorda…”
Este meu amigo fala verdade, ou melhor, gosta de a conhecer, e coloca questões de difícil resposta e politicamente incorrectas.
Se uma amiga nossa está gorda, devemos dizer-lho ou omitimos o facto por gentileza? Em que medida o nosso comentário é benéfico à pessoa?
Quando um doente enfrenta um médico que lhe comunica a possibilidade de um grave problema de saúde, há uma de duas reacções típicas por parte do doente: perguntar, querendo saber tudo, mesmo a notícia de uma doença incurável e com mau desfecho previsível; ou parar ali mesmo a conversa para não descortinar o futuro que o espera. Será lícito ao médico comunicar-lhe o que ele não quer saber, uma vez que vai deprimir-se e exasperar-se na perda da esperança?
Perante uma notícia económica grave, deve o governo comunicá-la aos cidadãos, podendo agravar o estado de pessimismo que inevitavelmente se repercutirá na redução do investimento e do bem-estar social a prazo, ou deve omitir essa informação, ou pelo menos mitigá-la na forma de a apresentar, de modo a desmobilizar o que de mal daí possa advir com a sua comunicação? "Já não estás tão magra..."
De acordo com os melhores princípios éticos a mentira e a omissão são censuráveis se levam terceiros a agir de modo diferente do que agiriam com o conhecimento da verdade.
Se uma empresa cotada mentir no apuramento dos resultados isso pode levar terceiros a oferecerem quantias diversas das que ofereceriam para compra ou venda das acções se estivessem de posse da verdade.
Quando o PIB cresce 0,3% do 1º trimestre para o 2º trimestre de 2009, deve ou não insistir-se na quebra acentuada do mesmo em 3,7% face ao trimestre homólogo de 2008, ou na queda do investimento de 19,4% também face ao trimestre homólogo do ano anterior? Sublinhar as fraquezas dos números é alimentar o pessimismo estéril?
Mas não saberão todos os empreendedores ler os dados disponíveis? Será que ao mostrar dúvida e insegurança sobre a recuperação da economia portuguesa, o ministro das Finanças ou o primeiro-ministro estarão a cavar a crise de expectativas negativas com impacto no investimento?
Penso que não. Ouvir a verdade económica pode custar, mas custarão mais os resultados desastrosos de sobre-optimismo que conduzem a bolhas especulativas não duradouras e sustentáveis, e que quando rebentam causam mais mal, do que o bem que proporcionaram na sua insuflação.
A minha amiga gorda continua gorda, insensível às palavras do meu amigo.» [Diário Económico]
Parecer:
Por João Duque.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
ÓCULOS COR-DE-ROSA
«"Não é nada": estas são as três palavras que mais se ouvem nos oculistas de Portugal, quando nos ajeitam os óculos, tenham sido comprados lá ou noutra loja. Para mais, fazem sempre estas pequenas reparações (que usam aparelhos caros e requerem anos de aprendizagem) com um sorriso; sem publicidade gratuita e, quase sempre, dão-lhes uma boa limpeza também.
A semana passada, num oculista da Ericeira, em vez de agradecer e engolir em seco mais uma destas inexplicáveis generosidades, atrevi-me a perguntar se pertenciam a alguma Maçonaria que os obrigasse a ajudar os aflitos por uma questão de irmandade."Não", foi a resposta surpreendida do meu socorrista, "temos tabelas para certas reparações mais morosas - mas ficava-nos mal cobrar por estas coisas que não nos custam nada".
"Claro que custam: a experiência; os ordenados; a renda; a electricidade; os aparelhos", respondi eu.
"Mas não é por dar uma ajudinha que essas coisas custam mais", disse ele, chateado com a minha presunção, que porventura terá confundido com desconfiança.
Isto já acontece desde que eu comecei a usar óculos, em 1963. E em dezenas de oculistas, porque, apesar destes mimos, nunca fui fiel a nenhum. Diz muito acerca do tipo de pessoa que eu sou (um traidor e um oportunista) mas, se eu não fosse assim ruim, como é que eu descobriria que é uma bondade generalizada?
Parece o diabo a falar, zangado por não compreender porque é que há pessoas que não são más.» [Público]
Parecer:
Por Miguel Esteves Cardoso.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»
CALARAM GONÇALO AMARAL
«Depois de 175 mil cópias vendidas, de os direitos de A Verdade da Mentira já terem sido vendidos para Espanha, França, Itália, Alemanha, Dinamarca e Holanda, de o documentário baseado no livro e exibido pela TVI ter alcançado os 2,2 milhões de espectadores e de uma cópia digital da obra estar a circular livremente na Internet, um tribunal português proibiu a venda do livro de Gonçalo Amaral, ex--inspector da Polícia Judiciária que investigou o caso do desaparecimento de Madeleine McCann.» [Diário de Notícias]
Parecer:
E ninguém fala de asfixia judiciária?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se comentário ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça.»
LOUÇÃ TENTA REPARAR DANOS DO DEBATE COM SÓCRATES
«"Podia ter corrido melhor? Podia, claro." Dirigentes do Bloco de Esquerda admitiram ontem ao DN, genericamente nestes termos, que o frente-a-frente de Francisco Louçã com José Sócrates, anteontem, na RTP1, resultou pouco favorável ao líder bloquista, contra as suas próprias expectativas. Foi o programa mais visto na televisão e de todos os frente-a-frente já realizados o que realizou a segunda maior audiência.» [Diário de Notícias]
Parecer:
O título da notícia diz tudo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pelas eleições.»
BOICOTARAM AS ELEIÇÕES E JÁ TÊM BANDA LARGA
«"A rede banda larga foi instalada no edifício da junta na passada sexta-feira, mas o serviço já existe em alguns pontos da freguesia desde meados de Agosto", disse hoje à Lusa o presidente da Junta de Freguesia, Victor Silva (PSD), congratulando-se com este desfecho.» [Diário de Notícias]
Parecer:
Deve ter sido o único boicote eleitoral com o objectivo de ter acesso à banda larga, sinal de que o país mudou.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Felicite-se o presidente da junta.»
MAIS UM QUE QUER SER PORTUGUÊS PARA JOGAR NA SELECÇÃO
«O avançado brasileiro do FC Porto Hulk disse hoje, quinta-feira, continuar disposto a representar a selecção "canarinha", mas não rejeita a hipótese de jogar pela selecção nacional portuguesa.» [Jornal de Notícias]
Parecer:
Ainda agora chegou a Portugal e já se sente português...
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Fale-se ao presidente da federação e trate-se da papelada.»
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